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Chegou a altura do ano para refletir sobre tudo o que vi e escolher os meus favoritos. Perdi vários filmes nos cinemas, mas os que poderão ter impacto na lista estão no meu radar e hei-de ver os mesmos mais tarde ou mais cedo. Não vou escrever um artigo sobre os piores filmes do ano porque, em primeiro lugar, evitei um monte de potenciais candidatos e, em segundo lugar, não gosto de criticar (no sentido negativo da palavra) o trabalho das pessoas. Porque os filmes são precisamente isso: o produto final de meses ou mesmo anos de preparação e trabalho duro por parte de centenas ou milhares de pessoas. Não apenas os atores ou o realizador.

Quando se trata de organizar uma lista com os meus filmes favoritos de um ano específico, raramente olho para as classificações em busca de ajuda. Em vez disso, uso o valor de repetição para resolver alguns dilemas que acabo sempre por encontrar. A resposta para “o quanto quero ver este filme novamente?” é, na maioria das vezes, o fator decisivo quando não consigo encontrar mais nada para me ajudar a tomar uma decisão final. Logo, não se surpreendam se observarem, em mais do que uma ocasião, um filme ao qual tenha dado uma classificação maior um ou vários lugares abaixo de outro com menor nota.

Afinal de contas, é o MEU top. São as minhas preferências pessoais em relação a géneros, entretenimento e qualidade geral. O meu filme nº1 não precisa obrigatoriamente de ser o “melhor filme” do ano. Pode simplesmente ser especial para mim e esta razão, por si só, já é suficiente para garantir um lugar mais alto na minha lista do que outros filmes admitidamente “melhores”.

Então, vai funcionar assim: Começo esta lista com o meu Top 10 e, no final, partilharei algumas menções honrosas (filmes que quase entraram no top).

Todos os filmes com crítica disponível terão um link para o respetivo texto. Aproveitem e lembrem-se: adoro todos os filmes que abordo aqui. Um encontrar-se num lugar superior a outro não significa que seja melhor!

10. Once Upon a Time in Hollywood

Quentin Tarantino subverteu as expetativas e alguns espetadores ficaram dececionados. Eu não. Leonardo DiCaprio oferece uma prestação digna de Óscar (outra vez), tal como Brad Pitt que interpreta um papel secundário perfeito. É uma carta de amor à década de 60, repleta de referências inteligentes e algumas das melhores sequências de diálogo que observei nos últimos anos.

9. Us

Jordan Peele é, provavelmente, o único realizador a precisar de somente um filme (Get Out) para conseguir a atenção e confiança do público (TODO o público) para a sua segunda obra. Não considero Us superior ao seu antecessor, mas foi crescendo dentro de mim ao longo do ano. Os seus temas subjacentes, a sua narrativa cheia de suspense e o brilhante papel duplo de Lupita Nyong’o (por favor, ofereçam-lhe o Óscar) são algumas das razões pelas quais continuo a voltar ao filme. É horror no seu melhor.

8. Marriage Story

O filme de Noah Baumbach foi o mais complicado da lista, em relação a encontrar o seu lugar (obrigatório) no meu Top 10. Por um lado, é uma das representações mais realistas de um pedaço de vida que já testemunhei. Por outro lado, é tão deprimente, triste e frustrante que não me imagino a vê-lo novamente. No entanto, é uma das melhores histórias de 2019 e apresenta as duas melhores performances do ano por parte de Scarlett Johansson e Adam Driver.

7. The Lion King

Deixem-me adivinhar: odeiam. Acham que arruinou a vossa infância, os animais não mostram emoção e a Disney é o único estúdio no mundo a importar-se com dinheiro… Sei que esta é, de longe, a escolha que fará com que todos questionem a minha credibilidade enquanto crítico, mas o filme original é tão especial para mim que não consegui evitar, mas adoro este remake. Chorei como se voltasse a ser uma criança e tal só pode ser alcançado com momentos genuinamente emocionantes.

É visualmente impressionante e, apesar de preferir que os remakes tentem algo de novo a nível de história, adorei a experiência de poder reviver a jornada de Simba por outras lentes.

6. Ford v Ferrari

Esta é, na minha opinião, a maior surpresa de 2019. Esperava grandes performances de Christian Bale e Matt Damon, mas não antecipei o quão incrivelmente emocional é este filme de James Mangold. Deparei-me surpreendido com as personagens convincentes, a história cativante e, claro, as corridas de fazer roer as unhas. É o melhor filme de desporto que alguma vez vi, bem como um dos melhores filmes “baseados em histórias verídicas” da última década.

5. The Lighthouse

Filmado num preto-e-branco deslumbrante e com um aspect ratio claustrofóbico, Robert Eggers entrega uma história sobre solidão e isolamento que segue o caminho mais estranho e louco. Adoro a sua ambiguidade, mesmo que a maior parte da história seja bastante acessível.

Repleto de suspense e tensão, principalmente devido à excelente cinematografia e à brilhante decisão de usar o preto-e-branco para definir o ambiente escuro e frio. Robert Pattinson oferece o melhor desempenho da sua carreira, mas Willem Dafoe rouba os holofotes com uma exibição impressionantemente maluca digna de Óscar que, injusta e infelizmente, será ignorada.

Chega a ser de chorar a rir, mas também é poderosamente dramático. Não tenho uma única queixa e adoro-o mais quanto mais penso nele.

4. Parasite

Parasite (Parasitas) surpreendeu-me genuinamente. Com tantas pessoas a elevá-lo a um nível ridiculamente alto, as minhas expetativas eram bastante moderadas. No entanto, adoro tanto ou mais como todos os outros. Merece todos os prémios que recebeu, especialmente os relativos ao argumento.

É uma das melhores histórias originais dos últimos anos e está escrita de forma brilhante, com história visual em vez da exposição em excesso. Uma mensagem emocionalmente ressoante está presente durante todo o tempo de execução e os vários tons são equilibrados na perfeição.

Tecnicamente fantástico: cinematografia, banda sonora, edição… tudo é absolutamente perfeito. Nada é colocado sem propósito. Nem uma única linha de diálogo é desperdiçada. Bong Joon Ho é um cineasta fenomenal, que se preocupa com a arte e tudo o que vem com ela. Colocou verdadeiramente o seu coração e alma neste projeto e seria uma pena se alguém não assistir a este filme magnífico só porque é em língua estrangeira. Por favor, não cometam tal erro…

3. 1917

Sam Mendes, Roger Deakins e Lee Smith. Realizador, diretor de fotografia, editor. Três papéis-chave na criação de um dos melhores filmes de sempre sobre a WWI. Editado de forma a parecer um take contínuo, 1917 é uma conquista técnica impressionante, elevada pela cinematografia de fazer cair o queixo por parte de Deakins, pela banda sonora emocionalmente poderosa de Thomas Newman, pela realização impecável de Mendes e pela edição perfeita de Smith.

George MacKay e Dean-Charles Chapman entregam prestações (físicas) fantásticas, mas é o filmmaking surpreendente que rouba os holofotes. Produção artística, guarda-roupa, som, o que quiserem. Tudo é absolutamente perfeito. Merece ser visto no maior ecrã possível, já que esta é uma experiência incrivelmente imersiva que não terão em casa. Espero que o adorem tanto como eu.

2. Joker

Não coloco Joker dentro do género convencional de filmes de super-heróis (esta é uma consideração importante para o meu nº1). Mudem o nome do filme e as suas personagens que, mesmo assim, este terá um impacto semelhante.

No entanto, pertence ao género global e seria louco se não o considerasse como um dos melhores filmes de super-heróis de sempre. É, provavelmente, a melhor história de origem de uma personagem de banda-desenhada na história do cinema.

Com a melhor prestação da sua carreira, Joaquin Phoenix consegue aquilo que todos foram afirmando ser impossível de acontecer: oferecer uma interpretação do The Clown Prince of Crime ao nível de Heath Ledger. Não é a história de como Arthur Fleck se tornou no Joker. É uma história sobre como alguém, qualquer pessoa, se pode transformar em alguém como o Joker.

1. Avengers: Endgame

“Fanboy da Marvel”, “Não és crítico de cinema nenhum!”, “Como és capaz de colocar Endgame acima de Joker?” Relaxem. Antes demais, deixem-me repetir mais uma vez: um filme estar acima de outro não significa que é “melhor” e géneros diferentes são (quase sempre) incomparáveis. Lembram-se de referir que não considero Joker como um filme convencional de super-heróis? Bem, isso é exatamente o que diferencia estes dois. Adoro ambos da mesma maneira.

No entanto, façam uma retroespetiva do ano que tivemos: Rise of Skywalker, Glass, Game of Thrones… Todos estes (e muitos mais) foram conclusões altamente antecipadas a sagas ou séries com anos de build-up e um peso emocional esmagador. Nenhum conseguiu entregar um “adeus” digno a personagens adoradas e idolatradas pelos seus fãs. Avengers: Endgame conseguiu.

Foi o final épico, climático, arrepiante e emocionalmente pesado com que sonhei e isto é mais do que suficiente para merecer o meu primeiro lugar.

Menções Honrosas

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