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2021 foi severamente afetado pela pandemia global, mas vários filmes deixaram de ser adiados, o que contribuiu para um ano melhor, no geral.

Tal como em todos os outros anos, bons filmes encontram-se em todo o lado, desde que os espetadores saibam onde procurar, assim como não hesitar em dar uma oportunidade a uma premissa menos convincente que possa surpreender. Desta vez, blockbusters e/ou filmes de sagas voltaram em grande quantidade, mas os chamados filmes indie continuaram a entregar histórias instigantes e impactantes, chegando a cada vez mais pessoas.

Quando se trata de criar uma lista com os meus filmes favoritos de um determinado ano, raramente olho para as classificações como ajuda. Em vez disso, baseio-me noutros critérios: valor de repetição, entretenimento geral, o quão memorável é… A resposta para “o quanto desejo assistir a este filme novamente?” é, na maioria das vezes, o fator decisivo quando não consigo encontrar nenhum outro aspeto para me ajudar a tomar uma decisão final. Logo, não se surpreendam se observarem um filme com maior classificação debaixo de outro com menor.

Afinal de contas, é a MINHA lista. As MINHAS preferências pessoais em relação ao género, entretenimento e qualidade. O meu #1 não necessita obrigatoriamente de ser o melhor filme do ano. Pode ser simplesmente especial para mim e só esta razão é suficiente para garantir um lugar mais alto na minha lista do que outros filmes admitidamente “melhores”.

Primeiro, partilharei algumas menções honrosas (filmes que quase conseguiram entrar) e, depois, o meu Top 10. Todos os filmes contêm um link para a crítica respetiva.

Aproveitem e lembrem-se: adoro todos os filmes que abordo aqui. Um filme ficar um lugar acima de outro não significa que seja melhor.

Menções honrosas

E agora… vamos então ao Top 10!

10. Judas and the Black Messiah

Judas and the Black Messiah merece todo o hype que recebeu e muito mais. Shaka King e Will Berson entregam um filme inspirado em eventos reais com todas as qualidades que este tipo de peça necessita: esclarecedor, inspirador, estimulante e tremendamente impactante.

Possuindo uma prestação que terminará, com certeza, como uma das melhores do ano (Daniel Kaluuya), a história de Fred Hampton e William O’Neal é contada através de uma narrativa incrivelmente cativante, preenchida até ao limite com discursos e diálogos absolutamente épicos, fascinantes e arrepiantes que não deixarão nenhum espetador indiferente. Ambas as personagens trazem temas atuais e oportunos de volta aos holofotes, que geram uma conversa essencial sobre liberdade, direitos humanos e igualdade.

Para além de Kaluuya, Lakeith Stanfield merece igualmente imensos elogios e não me posso esquecer da cinematografia persistente (Sean Bobbitt) e focada nas personagens, elevando todas as cenas. Apreciação final para a banda sonora de Mark Isham e Craig Harris, que é inesquecível e viciante, desempenhando um papel significativo na narrativa.

9. The Last Duel

The Last Duel tornou-se num dos meus filmes favoritos de Ridley Scott, ostentando uma Jodie Comer que entrega uma das prestações mais emocionalmente poderosas do ano. Adam Driver, Matt Damon e Ben Affleck oferecem interpretações notáveis, mas a atriz incorpora na totalidade a coragem de Marguerite de Carrouges no meio de tanta dor e sofrimento de uma história verdadeira e brutalmente chocante.

A estrutura narrativa baseada em perspetivas únicas é interessante e eficiente o suficiente para superar os seus inevitáveis problemas de repetibilidade. Possuindo atributos técnicos que certamente receberão o reconhecimento devido na temporada de prémios – em especial a banda sonora de Harry Gregson-Williams – o duelo em si é uma das sequências de luta mais tensas dos últimos anos, compensando a paciência do público com um clímax satisfatório.

Assistam no grande ecrã, se possível.

8. Mass

Mass é, sem dúvida, uma das visualizações mais emocionalmente desafiadoras que alguma vez enfrentei. A estreia de Fran Kranz como argumentista-realizador conta uma história incrivelmente pesada através de quatro atores que exploram profundamente as suas personagens, entregando todos as melhores prestações das respetivas carreiras. Todos são um destaque inacreditável: Jason Isaacs, Ann Dowd, Martha Plimpton e Reed Birney merecem uma campanha titânica para receber todos os prémios que se possam atribuir aos mesmos.

O elenco drena todas as gramas de emoção dentro dos espetadores, transformando uma pequena sala com um mise-en-scène impactante que conta a sua própria narrativa num ambiente extremamente tenso, avassalador, praticamente irrespirável. Dezenas de temas importantes e sentimentos complicados são abordados em pouco menos de duas horas, criando um filme verdadeiramente devastador que me deixou a chorar baba e ranho.

É totalmente impossível alguém não ficar afetado com este filme, nem que seja de uma forma negativa. É uma daquelas obras que recomendarei a todos, mas não posso negar que esta pode muito bem ter sido a minha única visualização de uma história tão brutalmente exigente e autêntica.

7. Dune

Dune define o novo padrão para o cinema épico com visuais arrebatadores, produção e banda sonora poderosas e uma história convincente envolvida numa escala absolutamente massiva.

Denis Villeneuve adiciona mais uma obra-prima audiovisual à sua filmografia, apesar de alguns percalços narrativos e rítmicos devido à exposição pesada e às sequências de sonhos repetitivas mas cruciais. Timothée Chalamet e Rebecca Ferguson destacam-se no meio de um elenco galáctico, onde todos entregam prestações nada menos do que impressionantes. Desde o notável desenvolvimento de personagens às interações constantemente cativantes, sem esquecer o espetáculo das cenas de ação/guerra fascinantes, o argumento extremamente estratificado é lindamente traduzido para o grande ecrã, local onde todos os espetadores devem definitivamente ir assistir a este filme.

Finalmente, não se esqueçam que filmes épicos de ficção científica/fantasia são bastante raros, logo aproveitem ao máximo quando estes aparecem ao invés de se preocuparem com as comparações feitas com outras sagas. Há espaço suficiente para as adorar a todas.

6. The Mitchells vs. The Machines

The Mitchells vs. The Machines pode não ter o título mais catchy de sempre, mas é definitivamente um dos melhores filmes de animação dos últimos anos. Com uma mistura deslumbrante de dois estilos de animação – que podem impactar o futuro deste tipo de filme – Mike Rianda e Jeff Rowe entregam uma história emocionalmente ressoante sobre família, amor e, mais explicitamente, colocarmo-nos no lugar de outras pessoas.

Com personagens incrivelmente relacionáveis, o argumento notavelmente bem escrito atinge um equilíbrio perfeito em todos os tópicos que aborda, apresentando argumentos para ambos os lados sem nunca definir algo como certo ou errado. Os arcos de personagem podem seguir linhas narrativas bem conhecidas, mas a escrita excecional eleva todas as jornadas pessoais, especialmente as de Katie e Rick, filha e pai.

Possuindo um trabalho de voz excelente de todos os envolvidos, a narrativa de ritmo rápido também contém sequências de ação impressionantes e tão coloridas que saltam do ecrã, cheias de energia, emoção e escolhas fantásticas de músicas. É um daqueles filmes incomuns onde não consigo encontrar uma única falha.

Uma obra imperdível e hilariante tanto para crianças como para adultos.

5. The Father

The Father é uma representação devastadora da doença dolorosamente progressiva que é a demência. O storytelling extremamente cativante de Florian Zeller coloca os espetadores dentro da mente do protagonista, dando a oportunidade ao público de testemunhar e sentir tudo através da sua perspetiva incerta. Zeller e Christopher Hampton entregam um argumento brilhantemente único, repleto com socos emocionais que não deixarão ninguém indiferente.

Desde a edição perfeita (Yorgos Lamprinos) ao trabalho de câmara persistente (Ben Smithard), acaba por ser a banda sonora bonita e impactante de Ludovico Einaudi que eleva os grandes momentos. O uso de takes longos por parte de Zeller é tanto necessário como importante para prender a atenção dos espetadores a Anthony Hopkins, que entrega uma prestação poderosamente convincente, inquestionavelmente digna de muitos prémios. Uma das minhas performances favoritas de toda a sua carreira. Espero que este filme seja o mais perto que alguma vez me encontrarei de vivenciar esta condição mental.

A minha conexão pessoal com esta história justifica a minha primeira nota máxima desde novembro de 2019 (Ford v Ferrari). Um dos melhores filmes que vi no último par de anos. Não percam!

4. tick, tick…BOOM!

tick, tick…BOOM! possui música memorável, viciante e de “primeira classe” interpretada por atores talentosos. Lin-Manuel Miranda apresenta uma das melhores obras musicais do século. Desde o destaque absoluto, “30/90”, ao final altamente satisfatório, “Louder than Words”, a vasta maioria das canções serve um propósito necessário, avançando o enredo com imenso entretenimento enquanto também desenvolve as personagens merecedoras de investimento emocional.

Andrew Garfield oferece uma das melhores prestações da sua carreira, demonstrando o seu alcance emocional inacreditável e habilidades artísticas fenomenais, como ator e performer.

3. Spider-Man: No Way Home

Spider-Man: No Way Home é uma das obras mais negras, tristes e emocionalmente desgastantes da MCU, superando todas as minhas expetativas. Apesar de uma primeira metade algo atabalhoada com alguns problemas de ritmo e humor ocasionalmente frustrante e mal colocado, Jon Watts, Chris McKenna e Erik Sommers mais do que compensam estes problemas menores com as melhores (e brutalmente violentas) sequências de ação algumas vez testemunhadas num filme do Spider-Man.

Para além disso, a narrativa surpreendentemente coerente contém desenvolvimentos chocantes e realmente oferece tempo de ecrã suficiente para os vilões impactarem de forma significativa o arco de Peter Parker. Prestações impressionantes por parte de todos os envolvidos, especialmente Tom Holland, Zendaya e Willem Dafoe.

Uma homenagem emotiva e nostálgica ao legado do Spider-Man que fãs irão assistir inúmeras vezes, nunca deixando de rir e chorar.

Uma experiência cinemática única, memorável e realizada com imensa paixão.

2. King Richard

King Richard não é apenas um dos meus filmes favoritos do ano, mas também uma das melhores biopics que já testemunhei. O assunto em questão pode significar mais para mim do que para o espetador comum devido à minha conexão emocional com o desporto, mas é a história cativante sobre um pai dedicado e amado que, no final das contas, agarra a audiência. Will Smith entrega uma das melhores prestações da sua carreira, assim como Saniyya Sidney e Demi Singleton.

O desporto é excecionalmente explorado, levando o público pelo imenso sacrifício que um jogador precisa de fazer para se tornar num dos melhores. Tecnicamente, todos os elementos do cinema funcionam juntos na perfeição para demonstrar o esforço físico e mental que o ténis exige, dedicando uma quantidade surpreendente de tempo de ecrã aos treinos e jogos.

No entanto, o argumento tematicamente rico em torno da família, autoconfiança e paternidade controla os holofotes. Não possuo um único comentário negativo sobre esta obra de Reinaldo Marcus Green.

Merece todos os prémios que inevitavelmente receberá. Não se atrevam a perder!

1. CODA

CODA foi uma das minhas primeiras visualizações do ano e o meu filme favorito da edição de 2021 do Festival Sundance. Na altura, escrevi que se tornaria num filme imperdível quando ficasse disponível. Doze meses depois e senta-se no trono da minha lista!

Siân Heder oferece a sua realização impecável e argumento lindamente escrito, repleto com momentos emocionalmente poderosos que me deixaram de lágrimas nos olhos durante os últimos quarenta e cinco minutos. Possuindo uma mensagem educativa e importante sobre a comunidade surda e o que a sociedade interpreta como uma deficiência/limitação tremenda, a narrativa visual caraterística e as interações cativantes dentro da família surda provam ser incrivelmente merecedoras do investimento dos espetadores, elevando profundamente o filme em geral.

Com a ajuda de prestações sinceras e genuínas do elenco secundário (principalmente de Troy Kotsur e Eugenio Derbez), Emilia Jones descola e entrega uma das minhas performances femininas favoritas dos últimos tempos.

Um filme lacrimoso e pensativo que espero que conquiste audiências por todo o mundo.

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