Crítica – Godzilla x Kong: The New Empire

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Na verdadeira definição de sequela, Godzilla x Kong: The New Empire é uma versão mais completa do filme anterior, com mais monstros, mais ação e, claro, mais entretenimento.

Tenho uma certa paixão por Godzilla (2014) de Gareth Edwards, mantendo-se o meu filme favorito da saga MonsterVerse. Kong: Skull Island tem conseguido melhorar a opinião geral com o passar dos anos, ao contrário de Godzilla: King of the Monsters, que permanece uma grande desilusão. Em 2021, Adam Wingard conseguiu encontrar em Godzilla vs. Kong o balanço perfeito entre batalhas titânicas, enredos humanos e a quantidade certa de diversão abertamente absurda. Sendo assim, os níveis de entusiasmo encontravam-se altos para Godzilla x Kong: The New Empire.

Adversários no passado, Godzilla e Kong veem-se obrigados a unir forças para combater um inimigo comum misterioso que surge dos confins da Hollow Earth. As personagens humanas focam-se na exploração das origens desconhecidas sobre os Titans, para além da ajuda pequena, mas preciosa, nas lutas que se avizinham. Com a entre-ajuda no argumento com Terry Rossio (Pirates of the Caribbean), Simon Barrett (Blair Witch) e Jeremy Slater (The Umbrella Academy), assim como um elenco repleto de talento como Rebecca Hall (Resurrection), Brian Tyree Henry (Causeway) e Dan Stevens (Legion), The New Empire tinha tudo para entregar duas horas de puro entretenimento. E assim foi.

The New Empire agarra no que funcionou no filme anterior e amplifica todos os aspetos que perfazem uma obra. Não vale a pena desviar o foco daquilo que são as expetativas principais de qualquer espetador que entre no cinema para desfrutar de mais um filme do MonsterVerse. As batalhas entre os Titans são mais, maiores e, honestamente, tecnicamente mais impressionantes que as anteriores. Hoje em dia, já não é tão comum alguém sentir-se verdadeiramente arrebatado por efeitos visuais avassaladores – os dois Dune são a exceção mais recente -, mas ainda é frequente a inconsistência ao longo de uma obra.

Seja devido ao tempo limitado que os artistas de efeitos especiais têm para completar as suas tarefas, à sobrecarga de trabalho e/ou aos salários injustamente baixos, não é surpreendente observar, no mesmo filme, uma cena visualmente soberba e, minutos depois, exatamente o oposto. Assim, necessito louvar a consistência dos efeitos visuais de The New Empire que, em nenhum momento, perdem qualidade. As inúmeras localizações escolhidas são bem conhecidas e servem para orquestrar as sequências de ação, que são mais um elemento técnico que contribui para a imersão geral nestes combates carregados de adrenalina. Há ainda uma produção sonora poderosa a acompanhar e, claro, Titans de todos os tamanhos e feitios para nos entreter.

A criatividade sem limites nesta área passa para o enredo, para o bem e para o mal. The New Empire é ainda mais absurdo que as obras anteriores, chegando a um ponto onde a complexidade narrativa se torna uma piada em si, de tão incrivelmente ridícula que é. Wingard e os seus argumentistas fazem um malabarismo insano para explicar o inexplicável e alguns diálogos de exposição são hilariantemente exagerados, como se alguém na audiência se importasse minimamente como é que certos aspetos fictícios deste(s) mundo(s) funcionam. Desde profecias a civilizações antigas, não restam dúvidas sobre a absurdez do enredo, o que certamente dividirá os espetadores em dois lados previsivelmente opostos.

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Godzilla x Kong: The New Empire

Para aqueles que não apreciaram a simplicidade e diversão tonta de Godzilla vs. Kong, não será The New Empire que vos conquistará, bem pelo contrário. Já quem deseja apenas e só este tipo de entretenimento barato, preparem-se para receber tudo aquilo que pediram e mais um bocado. Dito isto, existe, de facto, um tema central de parentalidade. Seja através da solidão de Kong na Hollow Earth e a sua procura por família, ou através da relação mãe-filha previamente estabelecida entre Dr. Ilene Andrews (Hall) e Jia (Kaylee Hottle), Wingard molha as pontas dos pés neste tópico sempre interessante, mas evidentemente, nunca vira os holofotes principais para um potencial estudo de personagem ou arco temático.

O elenco não tem muito por onde brilhar dramaticamente, mas Stevens é o destaque cómico. Ao interpretar Trapper, um “veterinário” aventureiro que tresanda a coolness, o ator aproveita todos os segundos de tempo de ecrã para conquistar os espetadores com o seu charme natural e timing cómico excecional. A sua química perfeita com Henry é ainda mais engraçada, arrancando umas quantas gargalhadas da audiência. Obviamente, Hall é claramente a atriz com mais “peso nos ombros” – ou até Hottle, sinceramente -, mas os atores secundários são uma lufada de ar fresco ocasional que sabe bem.

De resto, a banda sonora de Junkie XL e Antonio Di Iorio contém a potência sonora requerida para este tipo de embates gigantes, apesar de alguns needle drops demasiado esquisitos. Uma vez aceita-se, mas várias vezes e começa a ficar irritante. O antagonista titânico principal não possui tanta presença ameaçadora como outros monstros que vimos no passado, mas serve bem o seu propósito, também devido a um maior esforço narrativo de acrescentar algum valor sentimental à batalha final. No fim das contas, recebi precisamente aquilo que antecipava por parte de uma obra que não se leva a sério nem tenta ser mais daquilo que realmente é.

VEREDITO

Na verdadeira definição de sequela, Godzilla x Kong: The New Empire é uma versão mais completa do filme anterior. Com mais Hollow Earth, mais Titans, mais lutas gloriosamente gigantes e carregadas de efeitos visuais fantásticos… e muito mais insana também. Através de uma narrativa abertamente absurda, Adam Wingard aproveita o charme e química do seu elenco para guiar o foco principal do filme sobre os grandes protagonistas, Godzilla e Kong, que entregam duas horas de entretenimento puro e duro. Não converterá os mais céticos, mas solidificará a paixão desprovida de qualquer vergonha dos fãs de MonsterVerse.

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