Crítica – Kong: Skull Island

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Kong: Skull Island não chega perto do nível do filme que iniciou o MonsterVerse, mas também se encontra longe de ser uma desilusão titânica.

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Sinopse: “Cientistas, soldados e aventureiros unem-se para explorar uma ilha mítica e inexplorada no Oceano Pacífico. Isolados de tudo o que sabem, aventuram-se no reino do poderoso Kong, desencadeando a batalha final entre o homem e a natureza. À medida que a sua missão de descoberta se torna uma de sobrevivência, têm que lutar para escapar de um mundo primitivo onde a humanidade não pertence.”

Depois de uma agradável revisita a Godzilla (2014), chega a hora de Kong: Skull Island, a segunda parcela do universo cinematográfico partilhado entre a Warner Bros. e Legendary. Assisti a este filme na data de lançamento original e nunca mais o voltei a ver. Não porque detestei nem nada desse nível, mas nunca senti um forte desejo de reassistir. Lembro-me de me sentir indiferente à saída do cinema, visto que não me tinha surpreendido em nenhum aspeto. Se há algo que ninguém pode reclamar sobre MonsterVerse são os visuais de fazer cair o queixo, que evoluiriam para além das expetativas mais grandiosas com o passar dos anos, mas mesmo estes não me deixaram incrivelmente impressionado neste filme. No entanto, uma pequena parte de mim tinha alguma esperança para esta nova visualização…

Os argumentos dos primeiros dois filmes são bastante semelhantes em relação à sua estrutura narrativa. Naturalmente, a maior parte do tempo de execução é gasto com personagens humanas que, neste caso, caminham por uma terra desconhecida supostamente para realizar estudos geológicos. Desta vez, mais monstros são exibidos no ecrã para além de Kong e o seu adversário principal, levando a mais sequências de ação, a maioria em plena luz do dia, o que é um grande ponto positivo. Basicamente, qualquer espectador é capaz de acompanhar todas as lutas, mesmo as que acontecem à noite, visto que são lindamente filmadas por Larry Fong (DP), que usa fogo como um dispositivo de iluminação para produzir algumas imagens dignas de serem o papel de parede de telemóveis e computadores. Kong é visualmente incrível e as batalhas entre os monstros são, sem dúvida, fascinantes.

Os visuais dos monstros mantêm-se consistentes durante a maior parte da duração do filme, exceto quando humanos se envolvem. Apesar de uma cena fantástica entre Kong e a personagem de Samuel L. Jackson, algumas das sequências de humanos vs. monstros são demasiado estranhas. Várias apresentam um green screen muito percetível, misturando humanos e monstros nas proximidades, o que não funcionou como provavelmente planeado. Ainda assim, os espectadores que reclamaram da falta de Godzilla no seu próprio filme ficarão mais satisfeitos não só com o aumento das sequências de ação, mas também com os avistamentos do monstro principal. Kong é uma presença visível e poderosa durante todo o filme e Jordan Vogt-Roberts usa-o nos momentos em que o filme mais precisa do macaco gigante.

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No entanto, as personagens são tão ocas, clichês, insignificantes e subdesenvolvidas que o tempo gasto com as mesmas é muito mais pesado do que no filme anterior, algo que é, de longe, o maior problema com este filme. É verdade que Godzilla não entrega um equilíbrio perfeito entre humanos e monstros, mas pelo menos, o primeiro grupo realmente parecem pessoas reais. Desde motivações claras a personalidades bem definidas, os protagonistas são bastante convincentes e cativantes, fazendo com que o terceiro ato atinja níveis de excitação e impacto geral mais elevados. O curto período de monstros a combater entre si é tão eficiente e tão satisfatório que o público saiu do cinema a pedir mais, mas este sentimento só surgiu devido ao tempo despendido às personagens humanas que ofereceram um maior peso ao último ato.

O filme de Vogt-Roberts apresenta um elenco extraordinário, sem dúvida, mas apenas a personagem de John C. Reilly recebe um arco decente. Portanto, apesar de se passar mais tempo com humanos e ver menos monstros em Godzilla, Kong: Skull Island dá a sensação de ser mais lento e preguiçoso (tantos despejos de exposição desnecessários), transformando a maior quantidade de ação em algo menos impactante. Adicionalmente, algumas personagens empáticas encontram o seu fim de uma maneira extremamente desapontante e vergonhosamente ilógica, o que me deixa sempre algo irritado. Gostaria que os argumentistas tivessem aprofundado mais a história de Kong através de outros métodos que não a exposição genérica, mas mantêm sempre a narrativa overarching do universo cinematográfico sobre o “equilíbrio da natureza”.

Tecnicamente, já aplaudi os visuais acima, mas repito: Kong é realmente uma beleza autêntica de monstro. Qualquer plano largo do mesmo quando está de pé é espetacular, mas existe um com o pôr-do-sol ao fundo que transforma o ecrã numa pintura belíssima. A banda sonora de Henry Jackman é, definitivamente, entusiasmante, possuindo um tema memorável de Kong. Tom Hiddleston (Thor, Avengers: Infinity War) e Brie Larson (Captain Marvel, Avengers: Endgame) formam uma boa dupla, mas John C. Reilly (The Lobster, Tale of Tales) rouba os holofotes. A edição (Richard Pearson) podia encontrar-se muito melhor, mas, no geral, é um blockbuster bem produzido, como esperado.

Kong: Skull Island não chega perto do nível do filme que iniciou MonsterVerse, mas também se encontra longe de ser uma desilusão titânica. O segundo filme da carreira de Jordan Vogt-Roberts segue uma estrutura narrativa semelhante a Godzilla, mas com mais sequências de ação (visíveis e à luz do dia), mais monstros e um Kong visualmente deslumbrante. No entanto, a maioria do tempo de execução continua a pertencer aos humanos que, infelizmente, não estão nem perto de serem tão interessantes como no filme anterior.

Tirando a personagem de John C. Reilly, as restantes são extraordinariamente vazias de personalidade, irritantemente clichês e significativamente subdesenvolvidas, tornando o tempo gasto com as mesmas bastante pesado. A dependência excessiva de cenas de exposição preguiçosas também arrasta o filme, afetando negativamente a satisfação das batalhas entre monstros.

Algumas decisões narrativas em relação a certas personagens são, no mínimo, questionáveis, mas no geral, acredito que oferece aquilo que a maioria dos espetadores procura. Muitos elogios à bela cinematografia de Larry Fong e à banda sonora viciante de Henry Jackman.

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