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2022 foi um dos melhores anos de memória recente. Um ano absolutamente repleto de grandes surpresas, assim como regressos incrivelmente impactantes de puro entretenimento blockbuster. Desde histórias completamente originais e criativas à continuação bem-sucedida de filmes do passado, este é sem dúvida o melhor ano da nova década – ao ponto de me obrigar a aumentar as 10 vagas habituais para 15.

As desilusões estão sempre ao virar da esquina, mas não podia estar mais satisfeito em escrever que não houve assim tantas nos últimos 12 meses – na verdade, desfrutei da maioria das minhas deceções pessoais. Este também foi o ano em que a revista Sight & Sound partilhou a sua lista de Melhores Filmes de Todos os Tempos – lançada uma vez por década – que nos recordou a todos a razão pela qual Top10s e afins são tão subjetivos. Cada espetador tem as suas próprias preferências de género e a experiência de cinema tem ganho cada vez mais importância neste tipo de artigo comparativo…

Pessoalmente, as notas são o detalhe menos relevante ao fazer a minha lista. Em vez disso, baseio-me noutros critérios quando o meu coração não permite decidir: valor de repetição, entretenimento geral, o quão memorável é… A resposta para “o quanto desejo assistir a este filme novamente?” é, na maioria das vezes, o fator decisivo quando não consigo encontrar nenhum outro aspeto para me ajudar a tomar uma decisão final. Logo, não se surpreendam se observarem um filme com maior classificação debaixo de outro com menor.

Afinal de contas, é a MINHA lista. As MINHAS preferências pessoais em relação ao género, entretenimento e qualidade. O meu #1 não necessita obrigatoriamente de ser o melhor filme do ano. Pode ser simplesmente especial para mim e só esta razão é suficiente para garantir um lugar mais alto na minha lista do que outros filmes admitidamente “melhores”.

Primeiro, partilharei algumas menções honrosas (filmes que quase conseguiram entrar) e, depois, o meu Top 15. Aproveitem e lembrem-se: adoro todos os filmes que abordo aqui. Um filme ficar um lugar acima de outro não significa que seja melhor.

Também vale recordar que apesar de assistir a centenas de filmes por ano, é quase impossível ver literalmente tudo, o que significa que posso ter perdido algumas preciosidades ou até mesmo filmes muito aguardados que ainda não foram lançados onde vivo (The Fabelmans e Babylon, por exemplo).

Menções Honrosas:

15. Violent Night

Violent Night é uma das maiores surpresas do ano, tornando-se instantaneamente num clássico natalício contemporâneo! David Harbour incorpora habilmente uma versão chocantemente brutal e gory do Pai Natal que, de alguma forma, ainda transmite mensagens adoráveis. As sequências de luta apresentam stunts práticas verdadeiramente violentas, aproveitando a classificação etária R para fornecer quantidades imensuráveis ​​de sangue. O uso criativo de canções de Natal deixará o público a chorar de tanto rir.

Uma homenagem brilhante aos clássicos sazonais do género que merece ser vista numa sala de cinema a abarrotar!

14. Guillermo del Toro’s Pinocchio

Pinocchio reconta a famosa história da marioneta de madeira através de animação stop-motion visualmente maravilhosa e com várias mudanças narrativas corajosas que fazem do remake mais humano, emocional e tematicamente profundo que tantas outras adaptações. Diálogos inesquecíveis sobre perda, amor e sermos a melhor versão de nós próprios marcam uma aventura de auto-descoberta que merece ser vista em família. O elenco de voz não podia ser melhor enquanto que a (nova) música consegue ser simultaneamente divertida e liricamente rica. Guillermo del Toro simplesmente não consegue falhar.

13. After Yang

After Yang pode ter alguns problemas de ritmo, mas a narrativa hipnotizantemente pensativa de Kogonada e a banda sonora inesquecível e indutora de lágrimas de ASKA transformam esta obra numa experiência cinemática contemplativa e inspiradora. Um estudo profundo e sincero do que significa ser uma família, ser amado e o quão importante é nos lembrarmos das nossas origens. Um olhar fascinante para o núcleo da humanidade através do coração de um robô (literalmente).

Prestações excecionais, mas Colin Farrell destaca-se com uma interpretação subtil, mas potente. Ocasionalmente, After Yang perde-se no meio dos seus planos amplos e estáticos admitidamente deslumbrantes. Memorável, independentemente de tudo.

12. The Woman King

The Woman King partilha uma história imensamente cativante e culturalmente significativa sobre as Agojie, uma unidade de guerreiras que lutam para proteger o seu reino. Viola Davis brilha, mas Thuso Mbedu entrega uma das melhores prestações de estreia em longas-metragens que alguma vez testemunhei. As mensagens de anti-escravidão, anti-racismo e igualdade de direitos humanos são bem transmitidas, mas as dinâmicas autênticas e emocionalmente poderosas entre personagens destacam-se devido a um elenco carregado de química. Sequências de ação contêm elevados níveis de brutalidade, acompanhadas por excelente coreografia e arrepiante banda sonora.

Um dos melhores filmes do ano… ignorando a atrocidade da língua Portuguesa falada no filme.

11. Bros

Bros é uma genuína, autêntica e insanamente hilariante lufada de ar fresco. Uma comédia satírica inteligente que arranca gargalhadas consecutivas bem audíveis durante todo o tempo de execução, sem nunca provocar a perda do sorriso de orelha a orelha. Billy Eichner e Luke Macfarlane possuem mais química do que centenas de protagonistas noutras tantas rom-coms. Não foge às fórmulas e clichés conhecidos do género, mas contém um romance convincente e uma história verdadeiramente interessante, homenageando a comunidade LGBTQ+ pelo caminho. Vale muito a pena!

10. Cha Cha Real Smooth

Cha Cha Real Smooth é uma obra carregada de autenticidade, com prestações soberbas e uma história emocionalmente impactante. Cooper Raiff constrói protagonistas extremamente relacionáveis que necessitam um do outro para aprender a ultrapassar as fases de vida complicadas e incertas que vivem. Raiff e Dakota Johnson possuem uma química extraordinária, entregando-se humildemente às suas personagens cheias de falhas humanas.

É um tipo de filme cuja apreciação depende imenso das experiências de vida de cada espetador devido ao ambiente genuinamente real que rodeia a narrativa inteira. Pessoalmente, a abordagem sincera à vida pós-graduação e o tratamento brilhante da filha autista chegaram-me ao coração.

Apesar de não surpreender e ser até demasiado doce e ingénuo em vários momentos mais sérios, não podia recomendar mais um filme que merecia ser visto no grande ecrã.

9. Scream

Scream é uma “requel” brilhante com comentários meta inteligentemente fascinantes sobre o género de horror, fandoms tóxicos, redes sociais e muito mais. Possuindo um argumento incansavelmente divertido, repleto com diálogos excecionalmente cativantes e relevantes e alguns dos assassinatos mais sangrentos e violentos da famosa saga, os realizadores e argumentistas prestam uma bela homenagem ao influente criador Wes Craven.

Todo o elenco – tanto os novatos como os ícones – oferecem prestações notáveis, retratando personagens que abordam, sem medos, tópicos direcionados a cinéfilos, algo que alguns espetadores ocasionais poderão não entender totalmente, mas nunca sem deixarem de receber entretenimento puro no grande ecrã.

Como um filme de horror e mistério, consegue manter o público nos seus assentos, que se irá rir e assustar durante todo o tempo de execução. Não poderia recomendar mais.

8. Prey

Prey cumpre com as expetativas elevadas, sendo o primeiro filme da saga Predator a conseguir chegar perto ou até a ultrapassar o original. Dan Trachtenberg consegue revitalizar a franchise ao focar-se numa protagonista convincente e na essência motivacional da criatura principal, para além de criar um dos filmes mais deslumbrantes de 2022.

Tanto a cinematografia como a banda sonora aproveitam as filmagens em localizações reais para criar uma atmosfera praticamente épica, seja através de planos largos de deixar qualquer espetador boquiaberto ou de sequências de ação violentas, macabras e excecionalmente coreografadas em conjunto com takes longos. Amber Midthunder entrega uma das melhores prestações da sua carreira.

Para fãs da saga, de horror e/ou de ação, é difícil encontrar melhor este ano.

7. Marcel the Shell with Shoes On

Marcel the Shell with Shoes On transportou-me de volta para os tempos preciosos que partilhei com o meu já falecido avô. Uma história extraordinariamente criativa e comovente, rodeada por um humor incrivelmente genuíno e repleta com mensagens importantes e memoráveis sobre família, amizade, vida e amor. Temas complexos analisados através do olho fascinantemente simplista de uma pequena concha.

Duração eficientemente curta para levar os espetadores por uma experiência contemplativa mas também bastante espirituosa. Um dos melhores filmes do ano!

6. Women Talking

Women Talking conta com uma banda sonora belíssima por parte de Hildur Guðnadóttir e possui prestações verdadeiramente hipnotizantes – Claire Foy sendo um destaque claro – com monólogos emocionalmente poderosos capazes de quebrar o espetador menos sensível. O argumento excecionalmente redigido e coreografado de Sarah Polley enriquece tremendamente o debate principal guiado pelas personagens completamente desenvolvidas, onde trauma, religião, aceitação, perdão, vingança e poder são alguns dos temas mais marcantes. O detalhe e complexidade pertencentes a cada personagem demonstram uma dedicação e cuidado notáveis.

Merecedor de vários (e inevitáveis) prémios.

5. Resurrection

Resurrection é um thriller psicológico excecionalmente tenso e aterrorizadoramente realista, profundamente elevado por uma masterclass de Rebecca Hall. A atriz torna-se uma grande candidata a prémios mesmo além do festival, oferecendo uma prestação inesquecível, hipnotizante e assombrosa de uma mãe traumatizada.

Desde um monólogo incrivelmente cativante e ininterrupto de 10 minutos a interações extremamente nervosas com um Tim Roth notavelmente assustador, Andrew Semans obriga Hall a enfrentar pontos de enredo chocantes e perturbadores, assim como um desenvolvimento de personagem emocionalmente devastador. A cinematografia persistente e a produção sonora poderosamente eficaz aumentam exponencialmente os níveis de suspense e intensidade.

Um final divisivo e de múltiplas interpretações pode gerar algum debate entre espetadores e uma ligeira perda de momentum durante o segundo ato pode reduzir o impacto do clímax, mas estes são problemas menores no que acabará como um dos melhores filmes do ano.

4. All Quiet on the Western Front

All Quiet on the Western Front é, de longe, uma das melhores obras de 2022! Um épico anti-guerra emocionalmente poderoso que retrata a Primeira Guerra Mundial de maneira cruel, impiedosa, perturbadora e verdadeiramente traumática, através dos olhos gradualmente mais sensíveis de um soldado alemão. Duas horas e meia tensas, brutais e extremamente cativantes, em muito devido a uma das cinematografias mais impressionantes e chocantes dos últimos anos – Roger Deakins ficaria orgulhoso do trabalho magnífico de James Friend que merecia um grande ecrã. Banda sonora igualmente impactante. Prestações hipnotizantes.

Costumo evitar reações exageradas, mas após observar inúmeras listas de filmes do género, é difícil encontrar muitos que sejam superiores a esta adaptação brilhante de Edward Berger. Um dos melhores filmes de guerra do SÉCULO!

3. Top Gun: Maverick

Top Gun: Maverick é o regresso dos blockbusters puros e nostálgicos, tornando-se um dos favoritos pessoais deste ano. As melhores sequências de ação aéreas de sempre impressionam as mais altas expetativas, não só pelas stunts reais absolutamente insanas, mas em muito devido ao contributo de todos os elementos de filmmaking.

O argumento surpreendemente emocional leva Tom Cruise a entregar uma das melhores interpretações da sua carreira. A montagem perfeita é essencial para criar o tal realismo, assim como elevar os níveis de tensão para um dos melhores últimos atos do género respetivo.

E, finalmente, a banda sonora memorável carregada com músicas épicas que fazem da experiência de cinema a única em que deve ser vista esta obra magnífica, em tudo superior ao original.

2. The Batman

The Batman merece todo o hype gerado e mais algum. Matt Reeves entrega um thriller noir distintamente mais sombrio, intenso e assustadoramente realista que adaptações passadas, com um Bruce Wayne / Batman agressivamente vingativo e um Riddler indutor de medo e ansiedade constante.

A cinematografia de Greig Fraser – entradas/saídas de cena arrepiantes de Batman e imagens deslumbrantes de Gotham – e a banda sonora de Michael Giacchino – verdadeiramente viciante, eleva todo o filme – transformam esta obra na melhor versão cinemática do homem-morcego de sempre relativamente à componente audiovisual. Mesmo com o foco narrativo no processo de detetive, as sequências de ação são incrivelmente entusiasmantes e belissimamente filmadas.

Todo o elenco é extraordinário, especialmente Paul Dano e Robert Pattinson, sendo que o último quebra todas as opiniões datadas sobre o mesmo. Tirando um pequeno período no fim do segundo ato, as três horas não se sentem, de todo.

É um dos melhores filmes do ano e um concorrente justo no debate de melhores filmes de banda desenhada de sempre. 

1. Everything Everywhere All at Once

Everything Everywhere All at Once coloca, finalmente, os Daniels (Daniel Kwan e Daniel Scheinert) no radar mainstream. Com um orçamento tão baixo, é quase humilhante que tantos blockbusters caríssimos de Hollywood não consigam atingir os níveis de tanta originalidade, imaginação, entusiasmo e emoção. Um filme tão inerentemente complexo, com tantas ideias em camadas que nunca deveriam ter funcionado tão bem quanto funcionam.

Michelle Yeoh comanda as tropas num filme que também homenageia a carreira icónica da atriz que, aos 59 anos, acompanha a fantástica equipa de stunts em lutas verdadeiramente malucas. A relação mãe-filha, como núcleo emocional da história, é o elemento de ligação entre tudo, guardando inúmeras cenas memoráveis com alguma da melhor escrita de todo o ano.

Poderia ter tido um clímax ainda mais poderoso, mas não deixa de provocar lágrimas e um genuíno sentimento de preocupação pelas personagens. Tecnicamente, todos os elementos são tão criativamente únicos que justificam o clickbait “nunca viram nada assim”.

Nunca deixou o primeiro lugar. Que obra!

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