Opiniões concisas sobre os filmes que assisti durante o terceiro dia do festival Sundance 2021, incluindo links para as respetivas críticas.
Tal como fiz após o primeiro e segundo dia, está na altura de fazer um breve resumo do que consegui ver neste terceiro dia do conhecido festival de cinema. Em baixo, poderão ler um breve resumo dos cinco filmes que fizeram parte das nossas escolhas: Prime Time, Mass, Marvelous and the Black Hole, Together Together e Land.
Prime Time
Prime Time possui uma premissa intrigante e um primeiro ato extremamente envolvente, mas perde essa energia inicial com o passar do tempo, terminando com um ato final previsivelmente apropriado e underwhelming. Apesar das boas prestações por parte do elenco, o argumento de Jakub Piątek e Łukasz Czapski coloca as três personagens no centro da história, mas falta um desenvolvimento individual mais convincente e aprofundado, tornando desafiador para os espectadores estabelecer qualquer tipo de conexão com o(s) protagonista(s).
A mensagem é mais do que clara e, até, bastante satisfatória, especialmente considerando que constrói indiretamente o momento final. No entanto, o caminho que os espectadores precisam de percorrer para chegar ao fim pode não conter tanto entretenimento nem ser tão emocionante como se esperava. (link para a crítica)
Mass
Mass é, sem dúvida, uma das visualizações mais emocionalmente desafiadoras que alguma vez enfrentei. A estreia de Fran Kranz como argumentista-realizador conta uma história incrivelmente pesada através de quatro atores que exploram profundamente as suas personagens, entregando todos as melhores prestações das respetivas carreiras. Todos são um destaque inacreditável: Jason Isaacs, Ann Dowd, Martha Plimpton e Reed Birney merecem uma campanha titânica para receber todos os prémios que se possam atribuir aos mesmos.
O elenco drena todas as gramas de emoção dentro dos espetadores, transformando uma pequena sala com um mise-en-scène impactante que conta a sua própria narrativa num ambiente extremamente tenso, avassalador, praticamente irrespirável. Dezenas de temas importantes e sentimentos complicados são abordados em pouco menos de duas horas, criando um filme verdadeiramente devastador que me deixou a chorar baba e ranho.
É totalmente impossível alguém não ficar afetado com este filme, nem que seja de uma forma negativa. É uma daquelas obras que recomendarei e apoiarei sem parar durante o seu eventual lançamento, mas não posso negar que esta pode muito bem ter sido a minha única visualização de uma história tão brutalmente exigente e autêntica. (link para a crítica)
Marvelous and the Black Hole
Marvelous and the Black Hole é uma tremenda surpresa, sendo um dos meus filmes favoritos do Festival Sundance até ao momento. A estreia de Kate Tsang é um sucesso fantástico que, definitivamente, a coloca como uma cineasta a quem se deve dar muita atenção nos anos seguintes.
Com um argumento notavelmente subtil e detalhado, Miya Cech e Rhea Perlman espalham a sua química brilhante pelo ecrã, entregando duas das prestações mais divertidas que vi nos últimos dias. Uma história bonita que começa com o impacto da perda de uma mãe e termina com um espetáculo mágico, emocionalmente poderoso e inspirador, que vou recordar durante algum tempo. A jovem protagonista é tão relacionável que não consegui impedir um par de lágrimas no final. (link para a crítica)
Together Together
Together Together possui um argumento tão bem humorado e inteligente que a sua aura alegre e divertida passa para o seu próprio título, que carrega mais significado do que aparenta. Ed Helms e Patti Harrison ostentam uma química sincera, entregando duas interpretações charmosas de personagens que são emocionalmente fáceis de se investir.
No entanto, Nicole Beckwith merece todos os elogios pela sua visão adorável sobre um tema tão formulaico enquanto educa os espetadores sobre o tópico “barriga de aluguer” ao mesmo tempo. Desde os diálogos genuínos e realistas ao humor surpreendentemente eficiente (não esperava rir-me tanto), não podia estar mais feliz. Sei que o final é propositadamente abrupto, mas não creio que funcione totalmente para mim. (link para a crítica)
Land
Land é uma estreia fantástica de Robin Wright enquanto realizadora, que também entrega uma das minhas prestações favoritas da sua carreira. Um filme incrivelmente inspirador que conta com os seus visuais inesquecíveis e uma banda sonora extremamente envolvente para me presentear com um dos meus filmes favoritos do Festival Sundance.
Sem sombra de dúvida, é um dos filmes mais deslumbrantes que vi nos últimos anos. Todas as cenas contêm uma paisagem de fundo espantosa que me levou às belas montanhas cheias de neve de uma maneira surpreendentemente emocional. Agradeço a Bobby Bukowski pela cinematografia de fazer cair o queixo, mas é a música de Ben Sollee e Time For Three que elevam a peça no seu geral de tal maneira que, sem a sua banda sonora, a narrativa sofreria tremendamente.
Demián Bichir também merece os mesmos elogios que Wright no que toca às suas prestações. O argumento de Jesse Chatham e Erin Dignam não é inovador, mas Land quebra a minha tendência pessoal de sentir que este tipo de filme não tem grande valor de repetição. A verdade é que desejo rever o mesmo o mais cedo possível e recomendo a todos que, eventualmente, também o façam. (link para a crítica)