Um mês de regressos surpreendentes e de estreias muito interessantes.
Outubro é pautado pelo desapontamento com Coldplay, que trocaram a alma (de vez) por um sucesso comercial bacoco. E também pela mágoa com Duran Duran, que ficaram aquém do esperado numa tentativa de ajustar o seu som aos tempos atuais (recentemente até comprei o disco de essenciais da banda, tal era a minha excitação com este novo projeto).
Metendo as tristezas de parte, há bandas e artistas que conseguiram realmente maximizar o tempo passado em casa por influência da pandemia. Refiro-me ao caso de Biffy Clyro, Lana Del Rey e My Morning Jacket, que não tiverem sequer 15 meses de intervalo entre dois últimos álbuns lançados.
BadBadNotGood, Brandi Carlile, Helado Negro, Illuminatti Hotties, James Blake e Porches tiveram todos ótimos regressos. Contudo, nada bate os regressos de Self Esteem e The War On Drugs. Já em estreias contámos com Buffalo Nichols, Joy Crookes, Remi Wolf e a excitante Ray BLK.
Quase me esquecia… Estou a brincar, foi de propósito. Só para anunciar que os Limp Bizkit estão de volta!
Ei-los!
[Artigo de essenciais de setembro]
BADBADNOTGOOD – Talk Memory
Género: Jazz Fussion/Post-Bop
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A irreverência continua a ser a palavra que melhor define os BadBadNotGood. No entanto, Talk Memory traz-nos uma versão da banda mais ligada ao Jazz.
A composição instrumental deste álbum é absolutamente fantástica de tão refinada que é. Regra geral, poucas vezes encontro o que procuro em álbuns sem vocais porque exigem a passagem de emoção unicamente através de instrumentos e, embora seja bem difícil conseguir esse feito, este disco fá-lo na perfeição. Mesmo com as colaborações feitas com artistas distintos, nenhuma delas dá uma sensação heterogénea neste álbum com oito músicas.
Não sei se considero este o melhor álbum da banda. Estou um bocado dividido entre este e IV (2016), mas não tenho dúvidas que, em Talk Memory, encontramos uma sonoridade muito mais introspetiva.
Classificação do álbum: ★★★★
Músicas a ouvir:
> Signal From The Noise
> Beside April (ft. Karriem Riggins & Arthur Verocai)
> Love Proceeding (ft. Arthur Verocai)
Biffy Clyro – The Myth of the Happily Ever After
Género: Alt-Rock/Progressive Rock
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Em agosto de 2020, a banda escocesa surpreendeu com o seu melhor trabalho até à data (A Celebraton of Endings), após alguns anos de carreira a lutar para encontrar o som que os viria a definir… Tudo isto para, um ano depois, voltarem a elevar o seu nível com esta nova produção.
The Myth of the Happily Ever After, para além de ser poderoso na progressividade sonora de cada música e em como estas vão ganhando dimensão ao longo da sua duração, é também poderoso na atenção com o detalhe e na emoção transportada de uma ponta à outra do álbum.
Uma coisa é certa, os Biffy Clyro chegaram finalmente ao nível em que qualquer banda de rock sonha chegar desde o primeiro dia de ensaios. Se, no ano passado, já tinha ficado encantado com o rock praticado por eles, este ano fiquei rendido e posso adiantar que, a partir de agora, facilmente os incluo numa seleção muito restrita de bandas célebres de rock moderno em atividade.
Este é, de longe, o trabalho mais ambicioso da banda e excede todas as expectativas. É, sem dúvida, material digno de estar entre os melhores álbuns do ano.
Classificação do álbum: ★★★★½
Músicas a ouvir:
> A Hunger In Your Hunt
> Witch’s Cup
> Errors In The History Of God
> Haru Urara
> Unknown Male 01
Brandi Carlile – In These Silent Days
Género: Alternative Country/Folk Rock
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Para muitos portugueses, Brandi Carlile é conhecida como a artista da célebre música “The Story”, categorizada como One Hit Wonder. Porém, a realidade é bem diferente da perceção geral, visto que a cantora norte-americana nunca produziu um álbum abaixo de “bom” (em sete) e somente quase 10 anos após o lançamento de The Story é que começou a ter o seu trabalho na rota de grandes prémios, tais como os Grammy (já conta com cinco).
In These Silent Days é mais uma glória para uma artista que já pouco tem a provar no panorama Country/Americana, tocando em todas as vertentes de relevância para qualquer songwriter que se preze. Na sonoridade não há grande coisa a apontar, pois não pode ficar muito melhor que isto. A única dúvida que sobra, com Kacey Musgraves fora de competição, é: Quantos Grammy?
Classificação do álbum: ★★★★
Músicas a ouvir:
> Right On Time
> Broken Horses
> Letter To The Past
> Sinners, Saints and Fools
Buffalo Nichols – Buffalo Nichols
Género: Country/Blues
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O objetivo de Nichols sempre foi claro: trazer mais histórias relacionadas com a sua etnia (afro-americana) ao género, com o propósito de aproximar os seu conterrâneos de um género que também lhes pertence. Bom, é caso para dizer que consegue fazê-lo com sucesso no seu álbum de estreia.
Ainda que haja um ótimo trabalho de guitarra na maioria das músicas (instrumento que foi a salvação durante a sua vida, segundo o artista), os arranjos musicais são mais sóbrios e simples do que o esperado. Fica a sensação que, devido ao foco residir no passar da mensagem durante o contar das histórias, a composição instrumental está um pouco em 2º plano. Resumindo, este álbum gira em torno de novas histórias contadas sob a alçada do som antigo.
Não obstante, é preciso ter em conta que este é o álbum de estreia de Buffalo Nichols, mas o artista “mexe-se” como se já andasse nisto há uns valentes anos. A verdade é que, durante os seus tempos de universidade, e após uma longa viagem pela Europa, a chama pela música intensificou-se, bem como o seu conhecimento musical, logo já partiu com um avanço para este álbum em seu nome. O foco está ligado, agora é ver o que faz daqui para a frente.
Classificação do álbum: ★★★½
Músicas a ouvir:
> Lost & Lonesome
> These Things
> Back On Top
Helado Negro – Far In
Género: Lo-Fi/Latin Electronic
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É fascinante perceber até onde a curiosidade pode elevar a carreira de alguém. Aos 40 anos, Roberto Carlos lança o segundo álbum num espaço de três anos que rema na direção certa para afirmar a carreira do cantor de raizes equatorianas, pecando apenas por ser tardio.
Há beleza em todos os géneros musicais, mas a beleza sonora da simplicidade baseada nos Aesthetics é desafiante de igualar e replicar, pelo que fico perplexo ao observar a naturalidade com que Helado Negro o faz em Far In. Parece que, apesar de não haver qualquer esforço por parte do artista, tudo resulta e encaixa como num jogo de tetris perfeito.
De salientar duas músicas em concreto que nem são das mais ouvidas do álbum, mas que merecem destaque: “Agosto”, em colaboração com Buscabulla, o duo Porto-Riquenho que já teve um álbum nos meus essenciais (em 2020), cantada puramente em castelhano e cuja simbiose dos artistas envolvidos é deliciosa; e “Hometown Dream”, escrita após uma mudança geográfica e contempla a mesma, sendo que ao início pareceu algo forçada, mas após alguma reflexão tornou-se bem vinda, devido ao facto de haver beleza em todos os lugares, atirando a ideia de “casa” para um sonho. É assim renegada a ideia de ser-se nativo ou pertencer a um só sítio, coisa que não passa de uma fantasia, visto que somos todos do mundo.
Se não conheciam Helado Negro e querem começar por algum lado, vieram ao sítio certo, porque o flow sedutor deste álbum é hipnotizante. Todo este álbum é um estado de espírito e rodam-no três vezes sem dar pelo tempo passar.
Classificação do álbum: ★★★★½
Músicas a ouvir:
> Gemini & Leo
> There Must Be a Song Like You
> Hometown Dream
> Agosto (ft. Buscabulla)
> Outside The Outside
> La Naranja
Illuminati Hotties – Let Me Do One More
Género: Punk Rock/Indie Rock
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Já conheço as Illuminati Hotties desde as origens da banda e é com prazer que vejo o talento da multi-facetada Sarah Tudzin a ser reconhecido. Para além do seu trabalho com a banda fundada por ela por necessidades criativas, já colaborou enquanto engenheira na produção de álbuns dos Porches (que curiosamente entram neste artigo, mais para a frente), Logic, Slowdive, Pom Pom Squad e no célebre Titanic Rising, dos Weyes Blood, que foi um dos melhores álbuns em 2019.
Após uma longa e enfadonha disputa com a label anterior, que se encontrava em implosão (Tiny Engines), a banda lançou o último álbum previsto no contrato (Free I.H.) e abandonou. Este ano, Sarah Tudzin, em parceria com a Hopeless Records, criou a sua própria editora, Shack Shack Tracks. Poucos meses depois surgiu Let Me Do One More (coisa que agora não precisa de pedir a ninguém, pun intended), o melhor álbum da banda até à data.
Este álbum, apesar de começar a um ritmo alucinante e ter mais momentos desses pelo meio, é vulnerável no seu todo, emoções que Tudzin tem experiência em carregar e transparecer para todo o mundo, enquanto está em total controlo da sonoridade que acompanha todas essas emoções.
Classificação do álbum: ★★★★★
Músicas a ouvir:
> Pool Hoping
> MMMOOOAAAAAYAYA
> Threatening Each Other re: Capitalism
> u v v p (ft. Buck Meek)
> The Sway
James Blake – Friends That Break Your Heart
Género: Electronic/R&B
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O que James Blake ofereceu ao mundo da música com Assume Form mantém-se em Friends That Break Your Heart, mais concretamente no que toca a ritmos e melodias. Desta forma, Blake continua mais perto do R&B do que do Soul, que tão bem o definiu nos primórdios da sua carreira. Apesar de ser uma abordagem diferente, já há familiaridade.
Este novo álbum é uma pintura fiel a James Blake – uma vez mais com letras muito pessoais que cortam como facas, mesmo quando a voz do artista transparece um conforto melancólico. O mais impressionante é a capacidade lírica a tocar em pensamentos elaborados e algo trágicos de Blake, que não pára de nos oferecer mais e mais. A forma como o artista lidou com a pandemia só o ajudou a exteriorizar a sua experiência através deste álbum, ainda que essa não tenha sido a sua intenção original.
A produção conta com alguns artistas convidados que ajudam a dar outro toque ao álbum e os arranjos nem sempre são tão cativantes como em Assume Form, mas são tanto ou mais expansivos do que trabalhos anteriores do artista. E se a sonoridade não for suficiente, a força e impacto das letras, que surgem como um asteróide ao íntimo de cada um, compensa.
Classificação do álbum: ★★★★½
Músicas a ouvir:
> Life Is Not The Same
> Coming Back (ft. SZA)
> Say What You Will
> Friends That Break Your Heart
> If I’m Insecure
Joy Crookes – Skin
Género: Neo Soul/Alternative R&B
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Uma estreia bastante completa da artista londrina de 23 anos, que do dia para a noite se torna uma referência no panorama Soul, estando presente nos 100 álbuns mais ouvidos de seis países. Numa abordagem moderna, pensada e organizada, Crookes consegue desfazer-se de clichês e regras mais clássicas do género, catapultando-a para o futuro através de Skin.
Crookes apoia-se em alguns temas relacionados com o seu passado mais pessoal, mas também tem em conta temas atuais com a confusão que vai no governo britânico e o lado negro do Brexit, fazendo deste álbum um produto com que os seus compatriotas mais progressivos se identifiquem.
Skin está de facto ótimo e abre portas a um futuro brilhante para Joy Crookes.
Classificação do álbum: ★★★★
Músicas a ouvir:
> When You Were Mine
> Feet Don’t Fail Me Now
> Wild Jasmine
> Skin
Lana del Rey – Blue Bannisters
Género: Dream Pop/Baroque Pop
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Quando Lana Del Rey iniciou a sua carreira, aproximadamente há uma década, foi sucesso instantâneo e muitos céticos colocaram em causa até quando é que o misto de baroque e dream pop com melodia melancólica e sedutora poderia prevalecer como algo apreciado. Até hoje ainda não obtiveram resposta às suas dúvidas redutoras.
Blue Cannisters assinala um feito impressionante na carreira da cantora, que é o facto de ser o seu segundo álbum em 2021 (sucede Chemtrail Over the Country Club) e tem um papel fundamental no que toca a enaltecer a sua abordagem musical e, por sua vez, a cimentar a sua carreira como um dos astros Pop do século XXI.
Este álbum é uma demonstração precisa de que, passe o tempo que passar, e independentemente do tempo disponível para produzir música, a capacidade de Lana em criar material lindíssimo é elevada e o impacto desse mesmo material é intemporal. A cantora está em total controlo do seu talento e processo criativo.
Classificação do álbum: ★★★★
Músicas a ouvir:
> Blue Bannisters
> Arcadia
> If You Lie Down With Me
> Dealer
> Windflower Wildfire
Limp Bizkit – Still Sucks
Género: Nu Metal
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Curto e grosso: Limp Bizkit Still Sucks.
Uma banda que viveu um início de carreira entre o amor incondicional dos fãs e o ódio incessante da crítica e, ainda assim, o amor prevaleceu até a banda entrar em espiral descendente com a perda de foco. O que tem mais piada? Muitos dos meios que deitaram os Limp Bizkit abaixo durante a primeira década do milénio hoje em dia já nem existem ou são menos relevantes que a banda em si.
Dez anos depois do lançamento do álbum anterior, a banda já não quer saber e, na verdade, nem compreende muito bem o que se está a passar nos Estados Unidos com a música, com as sucessivas estratégias corporativas em impingir determinados músicas/artistas/álbuns ao publico mainstream ao invés de deixar ser o público a escolher a música que quer ouvir.
Numa fase da carreira, os Limp Bizkit tiveram dezenas de milhões de fãs por todo o mundo porque estes identificavam-se com a sua música pesada e poderosa e é isso que eles sabem fazer: produzir música pesada e poderosa. Este ano, num álbum que não é o seu melhor, nem o segundo ou terceiro melhor, é o mais bem recebido pela crítica até à data. Curioso, não?
Still Sucks serve de retrato a uma auto-avaliação da banda que é feita como sátira a todos os que sempre os meteram abaixo, por gozo de o fazer.
Classificação do álbum: ★★★½
Músicas a ouvir:
> Out Of Style
> Dirty Rotten Bizkit
> Dad Vibes
> Goodbye
My Morning Jacket – My Morning Jacket
Género: Psychedelic Rock/Roots Rock
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Para muitos críticos, os My Morning Jacket continuam longe do que prometeram em início de carreira. E este não é o álbum que os volta a colocar no caminho certo em busca pela aceitação global. Embora este “self-titled album” não seja o produto que vai desencantar novos fãs como um todo, dado que a banda não tem o share de mercado para isso, optei por dar uma oportunidade-lhe (visto que já em 2020 constaram num dos meus artigos de essenciais, com Waterfall II) e não me arrependi. As boas notícias é que a música “Love Love Love” está presente no tracklist de FIFA 22, por isso esta falta de exposição pode mudar em breve.
Não tem o mesmo nível de inventividade do seu predecessor, é certo, mas é um álbum mais cativante pela familiaridade com as sonoridades psychedelic apresentadas, trazida pelo misto com Roots Rock, num exercício de “eu já ouvi isto antes”. No meio disto tudo, continua a faltar foco e ousadia. Porque se há algo que torna este álbum agradável é a falta de risco, evidenciada por “jogar pelo seguro”, até nas músicas mais longas de improviso.
Classificação do álbum: ★★★½
Músicas a ouvir:
> Love Love Love
> In Color
> Never In The Real World
Porches – All Day Gentle Hold!
Género: Synth Pop/Indie Rock
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Este álbum transpõe com detalhe a sensação relativa à duração que tem: de que sabe a pouco. O que acaba por ser bom e mau. Bom porque é sinal que é um álbum cativante e reconfortante, mau porque apesar de ser composto por 11 faixas. Não tem sequer 30 minutos de duração, o que, por sua vez, transparece a falta de engenho para explorar melhor cada música produzida.
Em todo o caso, o balanço é positivo, porque nos dois álbuns após Pools (álbum de estreia em 2016), que os trouxe reconhecimento imediato, andaram algo perdidos e as dúvidas face à real qualidade da banda surgiram, como seria de esperar. Dúvidas essas que se dissipam com All Day Gente Hold! e a carreira dos Porches ainda está só agora a começar…
Classificação do álbum: ★★★★
Músicas a ouvir:
> Lately
> I Miss That
> Swimming Big
> Back3School
Ray BLK – Access Denied
Género: R&B/Neo Soul
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O talento da Nigéria não pára de surpreender. Burna Boy é a estrela mais brilhante, mas seguem-lhe os exemplos e Ray BLK é o mais recente a despontar. Pelo menos no que toca a lançar um álbum de estúdio, porque a música já faz parte da vida de Rita Ekwere desde 2007.
Aos 27 e já com um grau universitário em Literatura Inglesa no currículo, rebenta tudo com Access Denied, álbum que surgiu sob os seus termos e total poder criativo. Propositadamente ou não, este álbum de estreia é coeso, sem momentos baixos ou passagens inconsistentes, trazendo uma visão completamente diferente de Ray BLK, alguém que sabe o seu valor com exatidão e mostra-se pronta para brilhar nos maiores palcos. Não vão encontrar muitas estreias mais excitantes que esta em 2021.
Classificação do álbum: ★★★★★
Músicas a ouvir:
> Lovesick
> Smoke (ft. Kojey Radical)
> 25
> Games (ft. Giggs)
> If I Die
> Go-go Girl (ft. Suburban Plaza)
Remi Wolf – Juno
Género: Bedroom Pop/Funk
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Mais uma produção de Bedroom Pop, um género em crescimento espontâneo. Não só em quantidade, mas também em qualidade. O que começa como uma produção caseira, quase amadora, está a fazer desbotar novas artistas com potencial imensurável.
Este ano já perdi a conta à quantidade de álbuns deste género que já ouvi, mas de todos, este é talvez o mais único devido à sua sonoridade animada e funky que contraria a norma. O groove de Juno é o seu ponto mais forte, potenciado pelo carisma e confiança de Remi Wolf, numa produção difícil de ouvir sem ter vontade de bater pé. Outra boa estreia em outubro!
Classificação do álbum: ★★★★½
Músicas a ouvir:
> Liquor Store
> Anthony Kiedis
> Quiet On Set
> Sexy Villain
> Street You Live In
Self Esteem – Prioritise Pleasure
Género: Experimental Pop/Indie Pop
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Self Esteem ou Rebecca Taylor (como lhe preferirem chamar) tem tudo para ser a próxima estrela do Pop e tem o melhor álbum Pop do ano, mas simplesmente não quer saber. Conseguir expor emoções, pensamentos e ideias é algo fácil, mas fazê-lo de forma tão gráfica apenas usando palavras é algo de outro nível.
Sem querer saber, pegou no seu diário e transcreveu-o na perfeição para um álbum. Após lê-lo, aprendemos mais sobre o processo de Taylor na reivindicação pela sua independência, sexualidade e o seu direito para viver a sua vida como bem entender, após uma relação dolorosa em toda a sua extensão por influência de terceiros.
Prioritize Pleasure é sobre dar primazia ao nosso “eu” acima de tudo o resto e investir num processo continuo de auto-desenvolvimento que melhore a nossa presença (saber estar no momento e agarrá-lo), no mundo e na vida de quem nos rodeia e merece consideração.
A força de vontade de Taylor está bem patente e a mesma reconhece-a como algo que está, de facto, a melhorar a sua vida, mas esta também deixa claro as dificuldades anexadas. A artista britânica está ciente do quão difícil é ser-se humano e, em contra-partida, da montanha rua que é o balanço fácil entre extremos positivos e negativos.
A vida é um processo e Taylor decidiu finalmente abraçar esse processo. O resultado está à vista: um álbum extremamente sincero e intimista com sonoridades experimentais que revolucionam por completo a noção que temos da música Pop.
Reforço: melhor álbum Pop do ano.
Classificação do álbum: ★★★★★
Músicas a ouvir:
> I’m Fine
> Fucking Wizardry
> Prioritize Pleasure
> I Do This All Time
> Moody
> Still Reigning
> You Forever
The War On Drugs – I Don’t Live Here Anymore
Género: Neo-Psychedelia/Americana
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A cada álbum que passa, melhores ficam os The War On Drugs. Após uma década de sucessos sucessivos, encontram-se em ascensão constante, com foco no que se querem tornar: uma banda de referência no panorama rock.
I Don’t Live Here Anymore reluz até nas passagens mais sombrias com guitarradas vibrantes típicas de psychedelia que absorvem quem se entregar a elas de corpo e alma. Apesar do ponto forte a nível instrumental continuar bem patente, o marco histórico deste álbum é a centralização da voz de Adam Granduciel, que confere uma profundidade sem precedentes à música da banda de Filadélfia.
Na verdade, esta exploração vocal que conquista mais tempo antena em cada faixa deste álbum (quando comparado com trabalhos anteriores) foi extremamente bem desenvolvida, criando uma dimensão Pop dentro do Rock que a banda está habituada a produzir. O resultado final é um pequeno e estranho “mundo” onde a banda se sente confortável para ser o que deseja: uma só.
Os The War On Drugs, com I Don’t Live Here Anymore, conseguem manter o som hipnótico de sempre, mas aprendem a guiar-nos através dele. É certamente um grande progresso e o produto final é um dos seus melhores álbuns até à data. Absolutamente fantástico!
Classificação do álbum: ★★★★★
Músicas a ouvir:
> Living Proof
> Change
> I Don’t Wanna Wait
> Victim
> I Don’t Live Here Anymore (ft. Lucius)
Quanto mais escrevo destes artigos, mais gozo me dá escrevê-los. Isto porque me obrigam a procurar, dar uma oportunidade e apreciar nova música. E a nova música que tem saído em 2021 é só brutal. Tanto que este ano devo comprar meia dúzia de CDs para a minha estimada coleção.
Contagem decrescente para o fim de 2021 e não podia estar mais entusiasmado com o que ainda me falta ouvir. Falamos daqui a umas semanas, sobre novembro.