Música – Álbuns essenciais (setembro 2021)

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Bem-vindos ao melhor mês de 2021 no que toca à qualidade dos álbuns lançados.

Ao longo deste artigo vão poder constatar que grande parte dos álbuns estão extremamente bem avaliados, e não, não é coincidência. Eu próprio fiquei incrédulo e deliciado ao mesmo tempo com o que ouvi este mês.

Fazendo um apanhado rápido: Alessia Cara tem qualquer coisa, aos Amyl and The Sniffers não falta estofo para discutir o trono do Punk, Iron Maiden quase nas bodas de ouro com vitalidade de despedida de solteiro, Kacey Musgraves delicia o nosso coração mesmo que o dela esteja partido, Lil Nas X tornou-se num dos artistas mais excitantes da atualidade, Lindsey Buckingham mostra a sua influência no sucesso dos Fleetwood Mac, Little Simz domina o mundo do rap feminino sem margem para dúvida, Nao conseguiu encontrar o seu som e é único, Poppy afinal tem talento e é entusiasmante o que consegue fazer com ele, Sleigh Bells copiam o memo de MJ em 1995: “I’m back”, Sufjan Stevens juntou-se a Angelo De Augustine e tornou o cinema mais belo e contemplativo e, por fim, os The Vaccines voltaram às origens e lançam o seu melhor álbum.

[Artigo de álbuns essenciais de agosto]

Alessia Cara – In The Meantime

Alessia Cara In The Meantime

Género: Pop/R&B

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Aos 25 anos, Alessia Cara encontrou-se musicalmente e mostrou o seu som à voz maravilhosa que tem e o resultado está à vista. Proveniente do Canadá, onde a acarinhada superestrela é Jessie Reyez, Cara prova que está um ou dois níveis acima da sua compatriota, com In The Meantime.

A nível lírico não há muito a apontar, sendo que continua no caminho certo. Em relação ao teor do álbum em si, acho fascinante por seguir o oposto do que retrata, a nível sonoro. Enquanto a cantora retrata um processo de recuperação emocional, apesar do álbum ter as suas baladas, opta por melodias de ritmo ativo e maioritariamente alegres.

Peca apenas por estender o álbum demais (18 faixas) quando podia muito bem ter terminado na faixa 13 e poucos davam por ela.

Classificação do álbum: ★★★½

Músicas a ouvir:

> Box In The Ocean
> Bluebird
> I Miss You, Don’t Call Me
> Best Days
> Sweet Dream

Amyl and The Sniffers – Comfort To Me

Amyl and The Sniffers Comfort To Me

Género: Punk Rock/Garage Rock

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Com a evolução sonora em Comfort To Me, os Amyl and The Sniffers estão oficialmente prontos para electrizar arenas esgotadas. Evolução essa bastante notória que deixa poucas dúvidas sobre o patamar ao qual a banda acabou de subir: ao de Idles, Fontaines D.C., Touché Amoré, entre outros.

Em 2021, juntam-se a Turnstile, que foram destaque do mês de agosto, na linha da frente dos melhores álbuns de Punk do ano.

Comfort To Me, enquanto mantém o núcleo musical da banda, consegue ser mais empolgante que o seu álbum de estreia, graças a uma atitude de quem encontrou o seu propósito, dentro do género. Coisas brilhantes esperam-se dos Amyl and The Sniffers, e a escola do Punk Rock continua de excelente saúde para anos vindouros.

Classificação do álbum: ★★★★½

Músicas a ouvir:

> Guided By Angels
> Securty
> Hertz
> No More Tears
> Don’t Fence Me In
> Knifey

Iron Maiden – Senjutsu

Iron Maiden Senjutsu

Género: Heavy Metal

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Ainda se produz heavy metal de qualidade. Reitero: os Iron Maiden, após quase 50 anos de carreira, ainda são os principais responsáveis por produzir heavy metal de qualidade.
Senjutsu é o melhor álbum da banda em algum tempo, mas a questão que se coloca é: Terá potencial para integrar a ilustre seleção de álbuns célebres da banda? A resposta é um redondo sim, com certezas absolutas.

A dimensão tónica é pesada e sombria, talvez a mais sombria até à data. Contudo, a produção, cheia de riffs brutais, é extremamente dinâmica, positiva e aprazível, quer dentro do leque de álbuns da banda, quer dentro do género.

Colocar Senjutsu num pedestal, no final de 2021, não é errado, visto que é um dos melhores álbuns do ano, até à data.

Classificação do álbum: ★★★★★

Músicas a ouvir:

Da melodia envolvente de “The Writing On The Wall” às passagens alucinantes de “The Time Machine”, há muito caminho a trilhar onde a cada passo há uma surpresa. Este álbum é composto por 10 músicas que se estendem ao longo de mais de uma hora e merece ser ouvido como um todo. Posto isto, não vou sugerir músicas a ouvir.

Kacey Musgraves – Star-Crossed

Kacey Musgraves Star Crossed

Género: Country Pop

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Kacey Musgraves foi a maior surpresa que tive em 2018 com o álbum Golden Hour, tendo contado com Space Cowboy (96º), Slow Burn (46º) e High Horse (6º) no meu top 100 de melhores músicas desse ano.

Este álbum tende menos para o country, distanciando-se do som western, e apoia-se mais sobre o Pop. Isto fez com que a Recording Academy a riscasse da categoria de country e considerá-la para a categoria pop para os Grammy 2022. Não tenho dúvidas que tenha havido pressão de inúmeros lobbies envolvida nesta decisão mesquinha… Quem não conhece o poder do género country nos Estados Unidos e conflito em torno da sua identidade, que veja o último episódio da série Explained, da Netflix.

Ainda assim, o espírito sulista do country continua bem presente e duvido que isso alguma vez mude. Podes tirar uma pessoa do country, mas não podes tirar o country de uma pessoa.

Sobre o álbum, pode-se dizer que é um trabalho melancólico e reluzente ao mesmo tempo recheado de storytelling (mais uma característica do country, irónico). Isto assenta no facto de praticamente todo o álbum se apoiar nos sentimentos que advieram do processo de divórcio que Kacey Musgraves atravessou no final do ano passado. Quer gostemos ou não da temática, há que respeitar o processo de “luto” de Kacey e que nos leva numa viagem extremamente agradável ao seu íntimo e nos envolve no seu eu mais pessoal e vulnerável. Um álbum deslumbrante que deve pouco a Golden Hour.

Classificação do álbum: ★★★★½

Músicas a ouvir:

> Good Wife
> Cherry Blossom
> Simple Times
> Justified
> Breadwinner

Lil Nas X – Montero

Lil Nas X Montero

Género: Hip-Hop/Pop Rap

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Se já em 2019 achava Lil Nas X brilhante pelo reboliço que causou no panorama country, este ano com o lançamento de Montero e tudo o que o envolveu no que toca a marketing e promoção, diria que estamos perante o novo nome forte do Hip-Hop.

É válido dizer que parte da sua popularidade se deve ao quão polémico o rapper norte-americano é. Porém, não podemos, de todo, tentar usar isso para ofuscar o seu talento e criatividade musical.

Montero é o seu álbum de estreia e, por consequente, a sua primeira obra prima. Um álbum gravado a nú e com uma abordagem vulnerável, honest e crua, livre de filtros que o façam parecer o que não é. Lil Nas X é genuíno e não tem medo de mostrar o seu verdadeiro eu, e o melhor é que aparenta divertir-se enquanto produz/apresenta música.

Uma estrela em crescimento vertiginoso, inevitável para uma indústria musical que já o tentou cancelar mais do que uma vez.

Classificação do álbum: ★★★★★

Músicas a ouvir:

> MONTERO (Call Me By Your Name)
> INDUSTRY BABY (ft. Jack Harlow)
> THATS WHAT I WANT
> SCOOP (ft. Doja Cat)
> ONE OF ME (ft. Elton John)
> SUN GOES DOWN
> AM I DREAMING (ft. Miley Cyrus)

Lindsey Buckingham – Lindsey Buckingham

Lindsey Buckingham Lindsey Buckingham

Género: Rock/New Wave

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Lindsey Buckingham, que foi a cara dos Fleetwood Mac durante os anos de ouro da banda, juntamente com Stevie Nicks, desvinculou-se em 2018 do projeto após uma muito aguardada reunião. Apesar da saída inesperada, Lindsey Buckingham, agora com 72, decidiu relançar a sua carreira a solo e tenho a dizer que foi uma decisão que lhe trouxe frutos rapidamente.

O seu novo álbum, apesar de ser um pouco bipolar no que toca a orientação musical, tem uma boa quantidade de músicas cliché que não saem muito das bandas sonoras dos filmes de romance de domingo à tarde (como “Blind Love” ou “Time”). Em contraste, apresenta um punhado de músicas extremamente inventivas que fazem o álbum valer a pena. “Swan Song” é um desses temas, simplesmente brilhante! Se há artistas do tempo de Woodstock com esta criatividade, qual é a desculpa para inúmeras novas bandas que caem no aborrecimento rotineiro ao fim de dois álbuns com tanta tecnologia e história ao seu dispor?

Se para uma coisa este álbum serve, é para provar a influência que Lindsey teve no sucesso dos Fleetwood Mac.

Classificação do álbum: ★★★★

Músicas a ouvir:

> I Don’t Mind
> On The Wrong Side
> Swan Song
> Power Down

Little Simz – Sometimes I Might Be Introvert

Little Simz Sometimes I Might Be Introvert

Género: Rap

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Em 2019, Little Simz foi a protagonista de um dos melhores álbuns do ano, com Grey Area. Dois anos depois, Sometimes I Might Be Introvert, dotado de cabeça, tronco e membros, vem confirmar que todos os elogios à capacidade de Little Simz enquanto artista se justificam, graças a mais uma produção espetacular. E mais uma vez, outro álbum candidato a álbum do ano!

Este novo álbum é um trabalho fruto de muitas horas de estúdio num corte e cose digno dos maiores alfaiates musicais. O produto final tem uma hora de duração, mas deixa “sede” para mais duas ou três, visto que a qualidade se mantém bem lá em cima ao longo de todo ele. Para além de ser um trabalho ousado e extremamente bem orquestrado, dá bom uso aos interludes que o compõem, com um tom teatral que une as músicas como se de cola se tratassem.

Pode parecer precipitado o que vou dizer a seguir, mas tenho poucas dúvidas que, no panorama atual, haja outra rapper ao nível de Little Simz.

Classificação do álbum: ★★★★★

Músicas a ouvir:

> Introvert
> Woman (ft. Cleo Sol)
> I Love You, I Hate You
> Little Q, Pt. 2
> Rolling Stone
> Point and Kill (ft. Obongjayar)
> How Did You Get Here

Low – Hey What

Low Hey What

Género: Slowcore/Indie Rock

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Slowcore não é para todos, mas após quase 30 anos desde o início da banda, os Low continuam de boa saúde dentro do género e mais inventivos que nunca. Esta capacidade de surpreender ao fim de tantos anos de carreira e tanta música produzida (13 álbuns) é algo completamente estonteante.

A instrumentalização com nuances eletrónicas é o que capta a atenção em primeiro lugar, mas rapidamente percebem que é o contraste empregue pelos vocais harmonioso de Alan Sparhawk e Mimi Parker que definem o quão especial é o produto final.

Sem muito mais a dizer, Hey What é um álbum de calibre de melhores do ano.

Classificação do álbum: ★★★★★

Músicas a ouvir:
> White Horses
> Disappearing
> Days Like These
> More

Nao – And Then Life Was Beautiful

Nao And Then Life Was Beautiful

Género: Avant-R&B/Avant-Soul

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Um vida dedicada à música e uma carreira a solo que só peca por ter começado tão tarde, mas a cada álbum que a cantora britânica lança, mais admirado me sinto.

Se estiverem à procura de alguma coisa, mas não sabem bem o quê, And Then Life Was Beautiful pode ser a resposta para os vossos problemas existenciais.

Nao apoia-se fortemente em nuances mais avant-garde do R&B e Soul, dando origem a um produto final fantástico.

A escrita não tem inconsistências e até surpreende pela positiva. A nível instrumental estou completamente rendido, acho que este álbum é o trabalho que vai definir o rumo da carreira de Nao e dar-lhe o reconhecimento e destaque que tanto merece.

Posso parecer presunçoso, mas duvido que alguma vez tenham ouvido algo deste género. Nao tem uma capacidade fantástica em torcer os géneros que a definem enquanto artista e dar-lhe o seu toque pessoal, tornando-nos algo único e inconfundível.

Classificação do álbum: ★★★★½

Músicas a ouvir:

> And Then Life Was Beautiful
> Antidote (ft. Adekunle Gold)
> Burn Out
> Good Luck (ft. Lucky Daye)
> Woman (ft. Lianne La Havas)

Poppy – Flux

Poppy

Género: Dream Pop/Punk Rock

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Poppy nunca conseguiu cativar ou prender o meu interesse, nem com o cover da música “All the things she said” (das t.A.T.u.), que bateu um bocado ao lado.

Flux, de certa forma, surge com a promessa de contrariar a tendência e provar que Poppy tem alguma coisa especial, ainda que nem a própria pareça saber o quê. Isto porque este álbum não explora apenas uma vertente musical (pelo contrário), ficando a sensação que a artista aparenta andar a explorar terreno e a tentar perceber o que pode fazer com a música. As boas notícias é que neste álbum consegue tirar alguns coelhos da cartola de forma inesperada, principalmente na faixa “Bloom”, que passa despercebida e está qualquer coisa de fantástica.

Finalmente Poppy acertou. Fica o desejo que esta nova tendência se mantenha, porque há talento e muita capacidade criativa!

Classificação do álbum: ★★★★

Músicas a ouvir:

> Flux
> So Mean
> Her
> Bloom

Sleigh Bells – Texis

Sleigh Bells

Género: Noise Pop

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Sou um gajo simples. Leio “Sleigh Bells”, aumento o volume ao máximo e carrego no play.
Já lá vão mais de 10 anos desde que esbarrei contra este dynamic duo fantástico e, desde então, nunca encontrei nada que se assemelhasse ao que é produzido por eles.

Ainda que Treats seja o melhor álbum dos Sleigh Bells até à data (e dificilmente alguma vez deixará de ser, pelo impacto que teve na indústria musical), coisa com a qual já fiz pazes, Texis consegue superar Reign of Terror e volta a meter a banda nos trilhos de sucesso. Fico também entusiasmado porque, tanto tempo depois, a banda voltar a recuperar a vitalidade com que se lançou, e Alexis Krauss e Derek Miller surgem rejuvenescidos para mais um trabalho eletrizante, amplo e bastante divertido.

É tão bom ter os “velhos” (e geniais) Sleigh Bells de volta.

Classificação do álbum: ★★★★½

Músicas a ouvir:

> SWEET75
> Locust Laced
> Knowing
> Rosary
> True Seekers

Sufjan Stevens – A Beginner’s Mind

Sufjan Stevens A Beginners Mind

Género: Baroque Pop/Indie Folk

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Em primeiro lugar, quero salientar a incrível simbiose vocal entre Sufjan Stevens e De Angustine, que me apanhou de surpresa e deixou-me admiradíssimo pela beleza que pode surgir da conjugação de duas vozes que nunca trabalharam juntas antes. Não ouvia nada assim desde os primeiros trabalhos de Angus and Julia Stone, pelo que estou naturalmente rendido.

Carrie & Lowell (o S. Sebastião do artista) foi um álbum intemporal e dificilmente Sufjan Stevens o vai conseguir igualar, mas A Beginner’s Mind, pela sua sinceridade, engenho e esplendor de beleza natural, já conquistou um lugar especial no meu coração.

Este novo álbum, extremamente teatral, consegue ainda ser uma delicia para os fãs ávidos de cinema, pois cada faixa tem um filme como foco, de Mad Max a Hellraiser III, passando por Return to Oz, The Silence of the Lambs e muitos mais. Se quiserem um desafio, sem fazerem batota, tentem adivinhar que filme corresponde a cada música, das 14 incluídas.

Classificação do álbum: ★★★★½

Músicas a ouvir:

> Reach Out
> Back To Oz
> Olympus
> It’s Your Own Body and Mind
> Cimmerian Shade

The Vaccines – Back In The Love City

The Vaccines Back In The Love City

Género: Indie Rock/Alt-Rock

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Saudades da velha guarda do Indie Rock de intervenção, onde se alinhavam nomes como Franz Ferdinand, Kaiser Chiefs, Kasabian, The Wombats ou The Hives? Este álbum tem algo para vocês, aliás, 80% dele é para vocês. Evitem, no entanto, a faixa “Headphones Baby”, que destoa inexplicavelmente do resto do álbum, numa tentativa de Indie Pop comercial (à La Imagine Dragons) falhada. “El Paso” traz o ritmo de locomotiva e recria uma viagem na mesma na perfeição, ritmicamente falando, mas também fica um bocado ao lado do alinhamento sonoro. “Jump Off The Top” também pode ser evitada.

Tirando as três músicas que referi acima (ainda que a “El Paso” seja boa), este é um ótimo álbum de rock e o melhor da banda, que regressa às origens.

Classificação do álbum: ★★★★

Músicas a ouvir:

> Back In Love City
> Wanderlust
> Paranormal Romance
> XCT

Só tenho uma conclusão possível: QUE MÊS!

Álbuns essenciais de outubro

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