Pupperazzi – Uma boa ideia presa num jogo sem imaginação

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Apesar do seu conceito, Pupperazzi não vai muito longe e traz uma aventura demasiado rígida e focada em objetivos repetitivos.

Parece que a indústria dos videojogos declarou finalmente o seu amor pela fotografia. Tem de ser amor, não há outra explicação. Não só os modos de fotografia começaram a ser uma presença forte na maioria dos grandes lançamentos, como há uma nova e inesperada curiosidade pelo mundo do “click clack” nos videojogos. Não preciso de voltar muito atrás no tempo para encontrar TOEM, Alba: A Wildlife Adventure e Beasts of Maravilla Island como alguns exemplos que analisámos no Echo Boomer, e agora chegou a vez de Pupperazzi, um título muito curto onde só temos um objetivo: tirar fotografias a cães adoráveis.

Desenvolvido pela Sundae Month, Pupperazzi é um jogo de fotografia dividido por cinco zonas, onde temos de navegar cenários limitados em busca dos modelos perfeitos. Neste caso, Pupperazzi apresenta um leque de cães de várias raças, tais como alguns acessórios decorativos para estas vedetas de quatro patas. Ao longo de duas horas, dependendo da vossa mestria com o jogo, terão à disposição várias missões que se resumem exclusivamente a tirar fotografias, seja a encontrar um modelo escondido ou a criar a situação perfeita para a fotografia perfeita. Este é o ciclo de Pupperazzi, onde a exploração dá lugar a pequenos puzzles lógicos para completarmos as dezenas de tarefas disponíveis.

O ritmo da campanha é acelerado e o seu tom leve faz com que Pupperazzi termine num ápice. A curta duração não é, no entanto, um problema, pois acaba por suavizar os problemas mais graves do jogo. Pupperazzi não é muito interessante ou memorável e é um projeto que vive quase exclusivamente da sua premissa. Apesar de oferecer vários acessórios de fotografia, que influenciam significativamente a qualidade da câmara, os objetivos são muito repetitivos e fáceis de completar, não existindo propriamente uma aposta no desafio ou na qualidade do enquadramento. Basta apontar, colocar a lente e a película certas e disparar. Não há qualquer profundidade na captura. Ao contrário de TOEM, que sofria do mesmo problema, Pupperazzi não compensa esta falha com puzzles interessantes e que requerem alguma imaginação e inteligência por parte do jogador, criando assim um loop rápido e temporariamente viciante, mas sem um pingo de longevidade.

Os gráficos vivem das suas cores fortes e dos modelos adoráveis dos melhores amigos do Homem, mas pouco mais se destaca. Existe alguma variedade no design das áreas e os cenários são, apesar do caos de itens e modelos, fáceis de ler e compreender à medida que exploramos, resumindo-se a um punhado de zonas muito distintas. Custa-me ser tão negativo com um jogo independente, mas Pupperazzi não nos dá motivos para regressarmos e continuarmos a jogar. O conceito esgota-se rapidamente e nem sentimos o seu propósito para além de um amor por canídeos. Se calhar podemos argumentar que Pupperazzi não ambicionou ser mais do que isso, uma pequena distração e um jogo muito casual e passageiro, mas depois de conquistar quase todos os seus Achievements, não consigo justificar continuarem depois do final da campanha.

Existe um fascínio pelo mundo da fotografia, mas há também uma falta de compreensão sobre o que o torna tão inspirador e desafiante. Não há uma aproximação à fotografia, nem mesmo de forma casual, pois perdemo-nos em objetivos cansativos e muito repetitivos que sugam a criatividade e a imaginação das mecânicas e dos jogadores. Pupperazzi é um jogo adorável e não existem dúvidas que a Sundae Month tentou o seu melhor, mas falta-lhe alma e propósito. É um título muito despido de conteúdo e personalidade, e arrisco-me a dizer que poderíamos substituir a fotografia por outra arte que o jogo não mudaria muito a nível concetual. E esta é a maior crítica que lhe faço: Pupperazzi podia ser qualquer outro jogo porque a sua estrutura não é pensada para o modelo que quer seguir.

No entanto, Pupperazzi está atualmente disponível no Xbox Game Pass (PC e consolas), por isso, o que podem perder?

Cópia para análise (versão Xbox Series X) cedida pela popagenda.

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