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Outubro foi agradável pelas cores, pelo aconchego e calor, mas foram estes álbuns que tornaram a chegada do outono mais bonita.

Outubro trouxe muitos álbuns agradáveis e, apesar de ser um mês que termina ciclos, houve muitos artistas que viram o seu ciclo a recomeçar e outros a brilhar, como se a estação do ano em que estão fosse a primavera.

[Álbuns essenciais de setembro]

Alvvays – Blue Rev

Alvvays Blue Rev

Género: Shoegaze/Indie Rock

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Os canadianos Alvvays sempre foram aquela banda que traziam a sua quota parte de promessa, mas nunca aqueciam nem arrefeciam. Após dois álbuns medianos e uma paragem de cinco anos cheia de eventos que foi atrasando a banda (roubo de demos, cheias, COVID e substituição do baterista e baixista), finalmente regressaram e acertaram em tudo. Pode-se dizer que não foi apenas uma melhoria considerável, mas sim uma reinvenção a fundo.

Blue Rev é um álbum de 14 faixas que nunca parece durar tempo demais, recheado de personalidade e que se distancia do Indie Rock puro que caraterizava a banda, mas que nunca a levou muito longe. Daqui surge uma aproximação a uma sonoridade mais dreamy de Shoegaze, que dá uso e abusa da voz de Molly Rankin, mais do que adequada ao género.

Numa música ou outra nota-se a confiança no que está a ser interpretado, sem que a emoção seja descartada, coisa que não se verificava tanto nos trabalhos anteriores – como são exemplos “After the Earthquake” ou “Pharmacist”.

A nível de escrita e produção pouco ou nada há apontar. O jogo de Rankin e Alec O’Hanley continua a surpreender pela positiva, mantendo-os no topo da cadeia alimentar.

Classificação do álbum: ★★★★★

Músicas a ouvir:
> Pharmacist
> Easy On Your Own?
> After The Earthquake
> Pressed
> Tile By Tile
> Belinda Says

Arctic Monkeys – The Car

Arctic Monkeys The Car

Género: Orchestral Rock/Lounge Pop

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Como fã de longa data dos Arctic Monkeys e um dos poucos que apoiaram a mudança de abordagem musical com AM (2013), fiquei tão convencido com The Car como fiquei com Tranquility Base Hotel + Casino (2018) – pouco, ora pois.

Diria que supera o álbum de 2018 como um todo, mas traz tanto de impressionante e impactante ao legado e repertório da banda britânica como o seu predecessor.

Para caracterizar este álbum, encontrei uma analogia perfeita no site da Beats Per Minute, que dizia: “Se “The Car” fosse qualquer automóvel em particular, seria um Ferrari ou um Lamborghini. Podemos vê-lo a passar durante um momento e até apreciar as suas linhas e feições exóticas, bem como o barulho do seu motor, mas nunca vamos ter qualquer interesse por quem o conduz – e quando o perdermos de vista, não seria preciso muito tempo até que nos esquecêssemos dele.”

É uma analogia muito boa, porque é exatamente o que sinto quando ouço este álbum. Tem boa música, recheada de melodias fáceis de absorver e algo sedutoras (Alex Turner, pois claro), mas tem pouco ou nada de surpreendente e característico, que só os Arctic Monkeys poderiam oferecer. Se fosse outra banda qualquer, não só estaria ao alcance da mesma, como surpreenderia exatamente o mesmo.

The Car é um bom álbum, mas vai ter, certamente, o mesmo destino que Tranquility Base Hotel + Casino – cair no esquecimento.

Em contra-partida (e para pena minha), Whatever People Say I Am, That’s What I’m Not (2006), Favourite Worst Nightmare (2008) e AM (2013) continuarão a ser os álbuns de referência da banda e aos quais Turner e companhia irão buscar grande parte das músicas da setlist para os seus concertos (inclusive o que vai decorrer no NOS Alive em 2023).

Tenho pena porque não há nada de novo ou excitante por parte da banda que fique para a história e ofereça novas músicas tão ou mais emblemáticas como “When The Sun Goes Down”, “Fluorescent Adolescent”, “Do I Wanna Know?”, por exemplo.

Os Arctic Monkeys aproximam-se, assim, do estatuto de banda que só lança música por lançar para entreter os fãs, como aconteceu com Muse, Kings of Leon, The Black Keys ou Foo Fighters.

Classificação do álbum: ★★★★

Músicas a ouvir:
> There’d Better Be A Mirrorball
> I Ain’t Quite Where I Think I Am
> Body Paint

Carly Rae Jepsen – The Loneliest Time

Carly Rae Jepsen The Loneliest Time

Género: Synth-Pop/Disco

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Não que estejam ao mesmo nível, mas Carly Rae Jepsen teve uma evolução muito semelhante à de Taylor Swift (que também lançou álbum este mês e aparece mais para a frente, neste artigo) pelo simples motivo de que, quando começou a carreira, tinha músicas pop perfeitas para a rádio, mas um talento e maturidade questionável, deixando em aberta a longevidade e seriedade da carreira da artista.

Jepsen demorou menos anos a encontrar-se e a definir-se e, desde 2019, a qualidade musical das produções que lançou tem sido uma constante.

The Loneliest Time, que retrata as experiências e vivências da artista durante o período de pandemia, é também um álbum onde Jepsen expande pela primeira vez o seu som, para além do Pop (animado e baladas) que sempre a definiu, dando os primeiros passos no Synth-Pop, com sonoridades que fazem lembrar o charme de Kylie Minogue.

A meu ver, este ainda não é o álbum que vai definir a carreira de Carly Rae Jepsen, se bem que creio que não falta muito para surgir. Atualmente, a maturidade e talento estão bem patentes, por isso é só uma questão de tempo.

Classificação do álbum: ★★★★

Músicas a ouvir:
> Surrender My Heart
> Talking To Yourself
> Western Wind
> So Nice
> The Loneliest Time (ft. Rufus Wainwright)

Dry Cleaning – Stumpwork

Dry Cleaning Stumpwork

Género: Post Punk/Post Rock

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Passou um ano e meio desde a estreia dos Dry Cleaning com o excelente álbum New Long Leg e, desde então, não pararam. Entraram em tour, que passou por Portugal (mais concretamente no Primavera Sound no Porto), onde tive a oportunidade de ver Florence Shaw e companhia ao vivo, e gravaram novo álbum, do qual apresentaram nova música ainda na tour e aqui está ele: Stumpwork.

Muito do que disse no ano passado mantém-se, principalmente a parte onde defendi que o álbum não ia entrar à primeira, apesar de toda a sua qualidade.

Stumpwork continua a viagem instrumental que começou com New Long Leg, sempre na boa companhia da voz hipnotizante de Shaw. O destino é só um, mas a viagem tem sempre o seu quê de diferente com texturas instrumentais sem regra, mas com sentido. O sentido de humor lírico também é uma virtude, que contrasta em muito com a entoação vocal, fazendo deste álbum mais um curioso caso de estudo.

Ainda que não o ache ao nível de New Long Leg, continua a ser um trabalho de qualidade notável e inquestionável, quer lírica, quer vocal, quer instrumental.

Classificação do álbum: ★★★★½

Músicas a ouvir:
> Anna Calls From The Arctic
> Gary Ashby
> Hot Penny Day
> Don’t Press Me

Gabriels – Angels & Queen, Pt. 1

Gabriels Angels Queen Pt. 1

Género: Soul/Gospel

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Que concerto magistral Angels & Queen, Pt. 1 é. Mais impressionante é ser “apenas” o álbum de estreia de Gabriels.

Aqui, Gabriels é a estrela do seu próprio mundo, e o valor de produção deste álbum tem tudo o que é preciso para dar início à jornada do artista rumo a tomar o mundo que o rodeia de assalto.

Não fosse um álbum que deixa a sensação que ficou por terminar, seria um dos álbuns do ano. Em todo o caso, há intensidade e há emoção, transparecidos pela dor, arrependimento, tristeza e luto. Em simultâneo, todos esses sentimentos são inversamente espelhados com esperança vinda de um coração cheio.

Isto é só um início, com um álbum curto e grosso, mas muito pode muito bem ser o início de algo sério. Até lá, aguardamos enquanto ouvimos este pequeno, mas profundo trabalho de Gabriels.

Classificação do álbum: ★★★★

Músicas a ouvir:
> Angels & Queens
> Taboo
> Remember Me

Jean Dawson – CHAOS NOW*

Jean Dawson CHAOS NOW

Género: Experimental Rock/Rap

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Jean Dawson nunca foi um artista ordinário e tanto Bad Sports (2019), como Pixel Bath (2020), são argumentos a favor, mas sempre esteve esteve um furo abaixo da ambição que o poder vir a tornar extraordinário.

Hoje, cá estou eu para dizer que Dawson conseguiu. CHAOS NOW* tem tudo o que lhe faltou até agora para catapultar a sua arte experimental para uma audiência maior e a fazer vibrar a cada segundo de cada faixa.

Este novo álbum chega com uma vontade que vem de dentro e praticamente tudo surpreende pela positiva e nos transporta numa viagem ao espetacular do experimental recheado de influências do mais diversificado que pode haver (como se Kid Cudi, Oasis, Wiz Khalifa e Sleigh Bells acoplassem e tivessem um filho todos juntos).

A inventividade e originalidade é a maior virtude que define Dawnson neste 3º álbum e os arranjos instrumentais e entoação/vocais não são metade da história, dado que o artista não segue o que é dado como convencional na hora de estruturar as suas músicas. Desvendou uma fórmula própria e o mais incrível é que funciona lindamente, sem sequer precisar de refrão, fazendo de CHAOS NOW* um dos álbuns mais surpreendentes do ano. Em 2023 vai ser um concerto que vou querer ver ao vivo.

Classificação do álbum: ★★★★½

Músicas a ouvir:
> THREE HEADS*
> GLORY*
> POSITIVE ONE NEGATIVE ONE*
> BAD FRUIT* (ft. Earl Sweatshirt)
> PIRATE RADIO*

Loyle Carner – Hugo

Loyle Carner Hugo

Género: Rap

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Ao terceiro álbum, Loyle Carner fez o que se pedia e o que se esperava. Hugo é um álbum focado na arte de usar as palavras através de um processo de corte e cose ao nível dos melhores alfaiates do género.

O som podia ser mais polido e original, mas Carner já esteve mais longe de tirar um coelho da cartola. “Nobody Knows”, original de Pastor T.L. Barrett acompanhado do Youth for Christ Choir, é o sampling mais evidente do álbum. Apesar de não encontrar muito valor em samplings sem retrabalho de arranjo e beats, consigo aceitar o seu uso, porque teve uma relação simbiótica deveras natural com a escrita e voz de Carner.

Músicas como “Homertown” ou “A Lasting Place” mostram-nos um lado do rapper londrino menos conhecido, funcionando como um todo em prol da reflexão, num set up extremamente agradável e contemplativo.

Os dados foram lançados, as provas foram dadas, é a valer a partir de agora. Carner já deu bastante e parece ter tanto para dar ainda.

Classificação do álbum: ★★★★

Músicas a ouvir:
> Hate
> Nobody Knows (Ladas Road)
> Plastic
> Polyfilla

Mykki Blanco – Stay Close To Music

Mykki Blanco Stay Close To Music

Género: Alternative Hip-Hop/Hip-Hop

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Stay Close To Music é um álbum sónico que, ainda que não seja brilhante, encontra as suas virtudes na excelente seleção de colaborações com artistas que lhe dão outro brilho e rumo. Contudo, também acaba por ser o motivo pelo qual o álbum não brilha com mais intensidade. Isto porque o elenco é muito distinto e cada um dos artistas convidados rouba um bocado desse brilho sem que, em troca, consigam oferecer uma abordagem que permita a criação de um fio condutor entre a primeira e última música do álbum.

ANOHNI é, sem dúvida, a colaboração que funcionou com maior fluidez, graças à profundidade vocal bem conhecida pelos fãs do artista. Inevitavelmente, acaba sempre por conferir outra dimensão às músicas nas quais emprega a sua voz, fazendo de “French Lessons” (também com a colaboração com Kelsey Lu) a música mais espetacular deste álbum. Não obstante, as demais músicas colaborativas não ficam a dever muito a “French Lessons”.

Sempre achei Mykki Blanco uma artista muito original e distinta, e Stay Close To Music até tem faixas que abordam temáticas fulcrais, mas ainda não foi desta. O álbum tem individualidades muito boas, mas são distintas demais, criando uma crise de identidade.

Classificação do álbum: ★★★★

Músicas a ouvir:
> French Lessons (ft. ANOHNI & Kelsey Lu)
> Your Love Was A Gift (ft. Michael Stipe)
> Carry On (ft. Jónsi)

Plains – I Walked With You A Ways

Plains I Walked With You a Ways

Género: Country Pop

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Sem saber bem o que esperar, acabei surpreendido por descobrir que Waxahatchee fazia parte da dupla e a sua influência é mais do que notória (sem querer descredibilizar Jess Williamson, que é uma ótima artista). Há pouco mais de dois anos e meio dava 5 estrelas a Saint Cloud e referia que, independentemente do ritmo, Katie Crutchfield era bem capaz de produzir música com o poder de irradiar luz, até nos dias mais cinzentos. Ora, mantenho o que disse, tendo como exemplar I Walked With You A Ways.

Este álbum tem tanto de aconchegante como de belo e sabe bem ouvi-lo repetidamente, mais a cada reprodução. É evidente o talento, a química e o entrosamento musical entre Jess e Katie. Até diria mais, Plains é um projeto que não sabíamos que precisávamos, mas agora que o temos, vai ser complicado saber lidar quando terminar.

Com recurso a um misto de country e pop muito característico dos anos 90, ainda que a dupla não reinvente a roda, as Plains trazem sons recheados de emoção que nos conseguem fazer viajar pelo melhor de todas as localidades mais sulistas dos Estados Unidos, sem sequer precisarmos de sair de casa. E que bem que sabe!

Um dos álbuns mais bonitos do ano.

Classificação do álbum: ★★★★½

Músicas a ouvir:
> Problem With It
> Line Of Sight
> Abilene
> Hurricane
> Last 2 On Earth

Taylor Swift – Midnights

Taylor Swift Midnights

Género: Pop/Dream-Pop

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Taylor Swift é uma artista pela qual já meto as mãos no fogo desde 2014, altura em que muitos desconfiavam do seu potencial no universo pop. Foram precisos mais seis anos para conquistar quem via potencial nela e calar quem a criticava, aquando do lançamento de Folklore e Evermore no mesmo ano, – com apenas cinco meses entre os lançamentos – sendo ambos os dois melhores álbuns da sua carreira.

O amadurecimento que parece ter surgido com a chegada dos trintas levou Swift a refinar o seu som e a definir-se como uma artista distinta, dentro do género. No ano seguinte houve mais dois álbuns que (ainda que re-gravados), continham as versões de Taylor Swift de Fearless (2008) e de Red (2012) e traziam mais certezas e seguranças da tração que a artista estava a ganhar – mais artistas deviam fazer isto de revisitar e regravar álbuns mais antigos, com a abordagem do seu “eu” do presente.

Este ano, Taylor Swift lança o 5º álbum em três anos e as poucas dúvidas que poderiam existir evaporam e dissipam-se mais rapidamente do que as primeiras gotas de chuva a tocar no chão quente, numa daquelas tardes de verão.

Swift está em total controlo da sua música a todos os níveis e não há nenhuma editora que possa exigir o que quer que seja dela, porque a chave do sucesso já foi descoberta e está bem guardada, presa por um fio de ouro, junto ao coração da artista.

Talvez para alguns sejam precisas mais provas, mas, para mim, Taylor Swift já é uma artista multi-geracional e que ficará para sempre nos livros de artistas mais influentes do universo Pop.

Classificação do álbum: ★★★★★

Músicas a ouvir:
> Lavender Haze
> Anti-Hero
> Snow On The Beach (ft. Lana Del Rey)
> Midnight Rain
> Karma
> Sweet Nothing

The 1975 – Being Funny In A Foreign Language

The 1975 Being Funny In A Foreign Language

Género: Indie Pop/Synth-Pop

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Corria o ano de 2018 quando o grupo britânico lançava um dos melhores álbuns do ano – A Brief Inquiry into Online Relationships – que primava por uma originalidade sem igual e, a meu ver, foi o melhor álbum da banda (até à data). Em contraste, o álbum que o sucedeu ficou muito aquém, onde se fez notar as claras dificuldades da banda em filtrar as músicas a incluir no mesmo, diluindo toda a qualidade que continha.

Este ano surge Being Funny In A Foreign Language, que não só é mais equilibrado que o anterior, como também não fica a dever muito à originalidade ao que os lançou para as bocas do mundo, em 2018.

Diria que este é o álbum que vem consolidar o legado dos The 1975 num ponto em que conseguem um equilíbrio quase perfeito entre a arte que os define e o mainstream que os eleva. Isto porque continua a existir um quê de experimentalismo, mas dá para perceber que há outra maturidade na hora de perceber até que ponto é possível ir, sem perder contacto com a realidade e lógica musical.
No fim do dia, Being Funny In A Foreign Language é um álbum que consigo ouvir sem reservas ou saltar músicas, tantas ou mais vezes do que se verificou com A Brief Inquiry into Online Relationships. Sem dúvida alguma um dos regressos ao “caminho certo” mais gratificantes deste ano.

Classificação do álbum: ★★★★½

Músicas a ouvir:
> Happiness
> Part Of The Band
> Oh Caroline
> I’m In Love With You
> About You

TSHA – Capricorn Sun

TSHA Capricorn Sun.jpg

Género: Electronic/Dance

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Outubro não teve um, mas sim dois álbuns extremamente surpreendentes pelo quão inventivos e inovadores são. O de Jean Dawson foi um deles, Capricorn Sun de TSHA é o outro.

Proveniente de Londres, Teisha Matthews é produtora de música eletrónica e está a lançar o seu álbum de estreia, mas já vem com rótulo de uma das jovens artistas emergentes mais excitantes dos últimos anos. O que a atrasou a chegar aos ouvidos de um público maior foi o facto de querer lançar a sua música sem qualquer ajuda de editoras. No entanto, depois de tantos singles e DJ sets de encher e aconchegar os ouvidos de quem sabe apreciar, caiu um contrato da Counter Records e aqui está o primeiro álbum.

TSHA faz lembrar um mix entre as sonoridades irreverentes de Flume com a linha sintetizada alegre que Jamie XX sempre fez com tanta distinção. No entanto, o que realmente diferencia a produtora dos demais é que, na maioria das suas músicas, consegue incorporar vocais que fazem sentido, acompanhados de letras com alguma profundidade e ciência, coisa que acontece pouco dentro da música eletrónica.

Na primeira metade, Capricorn Sun apoia-se sobretudo em músicas com vocais, logo mais comercializáveis, que podem camuflar toda qualidade de produção inerente às mesmas. Contudo, a partir de “Time” é impossível deixar passar isso em branco. De faixa a faixa somos atirados para lugares bonitos onde a contemplação tem uma duração média de 4 minutos (de glória) e, com ela, traz uma inspiração e energia positiva muito única, que só a boa música eletrónica tem a capacidade de conseguir entregar.

Classificação do álbum: ★★★★½

Músicas a ouvir:
> The Light
> OnlyL (ft. NIMMO)
> Dancing In The Shadows (ft. Clementine Douglas)
> Giving Up (ft. Mafro)
> Time
> Sister

Willow – COPINGMECHANISM

Willow COPINGMECHANISM

Género: Alternative Rock/Pop Punk

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No verão de 2021 enaltecia a mudança de género de Willow, que saltava do R&B para o Pop Rock. Este ano, com COPINGMECHANISM, enalteço a continua melhoria de qualidade dentro do Rock. Ao longo de um álbum sucinto, com 11 faixas, vemos serem exploradas nuances de novos géneros musicais para a cantora, entre os quais Alternative Rock, Hard Rock, Pop-Punk e Grunge, que inevitavelmente nos levam a concluir que Willow tem imenso para dar. O alcance vocal sempre foi inquestionável, mas à medida que o tempo passa, mais nos surpreendemos com a jovem artista, que acabou de fazer 22 anos.

A ambição é um dado adquirido desde lately I feel EVERYTHING, mas havia sempre a dúvida a pairar no ar se Willow teria a capacidade de produzir algo seu. Com este álbum, vimos Willow mergulhar numa panóplia de influências, pegando em algumas virtudes de cada uma e construindo um produto que nos faz querer ouvir mais, deixando também o desejo de que lance pelo menos mais um álbum dentro deste registo, antes de seguir viagem na exploração de novas sonoridades – mas de preferência para mais concisão e menos aleatoriedade.

Ao longo desta viagem sónica arockalhada, Willow expôs emoções que, sendo ou não fiéis à realidade, nos deixam dentro do círculo emocional da mesma. A chama é questionável, mas até provas de que não é verdadeira, não há como decompô-la para a criticar. Melhor album de Willow até à data, e esperemos que não fique por aqui.

Classificação do álbum: ★★★★

Músicas a ouvir:
> <maybe> it’s my fault
> Why
> Split
> hover like a GODDESS
> Perfectly Not Close To Me (ft. Yves Tumor)

Outros álbuns a ouvir:
> Benjamin ClementineAnd I Have Been
> Bill CallahanYTILAER
> Broken BellsInto the Blue
> M.I.A.MATA
> SkullcrusherQuiet The Room
> Witch FeverCongregation

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