Música – Álbuns essenciais (dezembro)

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Poucos foram os lançamentos em dezembro, como era de prever. No entanto, houve surpresas agradáveis.

Álbuns essenciais (dezembro)

Chegamos ao último mês do ano e cumpre-se, mais uma vez, a tradição entre todos os meios que fazem tops anuais de álbuns e músicas: lançados sem contabilizar os álbuns de dezembro. Tudo bem que há aquela política de incluir os trabalhos nos tops do ano seguinte, mas, apesar de ser aceitável na teoria, é algo que quase nunca acontece na prática.

Pessoalmente prefiro aguardar mais umas semanas pelos lançamentos que, por norma, saem apenas no início do mês e lançar os tops na altura do Natal (coisa que tenho feito desde 2012). Este ano não vai fugir à regra, e ainda bem, que o mês de dezembro trouxe “top 50 material”.
Podem rever os essenciais de Novembro aqui.

Quero também fazer justiça a um trabalho que só apanhei depois de publicar o artigo de álbuns essenciais relativo ao mês em causa, que foi Untitled (Rise), lançado em setembro pelos Sault.
É por aí que vou começar.

Sault – Untitled (Rise)

sault - untitled (rise)

Género: Rhythm and Blues

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Untitled (Rise) é um filho de setembro que só chegou aos meus ouvidos no mês seguinte por distração, quando já tinha o artigo de essenciais do mês em causa publicado. Posto isto, optei por guardá-lo para o final do ano ao invés de o introduzir à posteriori, uma vez que, desta forma, tem a devida atenção que merece, visto que é um álbum fantástico.

O que os Sault começaram em junho com “Untitled (Black Is)” completaram em setembro com este trabalho, que conseguiu ser superior ao anterior. Enquanto Black Is foi um álbum de choque, com bastante simbolismo e uma mensagem forte que despontou graças ao assassinado de George Floyd, Rise conseguiu otimizar a intenção, conseguindo conjugar a força da mensagem com o poder dos ritmos e batidas.

De repente damos por nós a bater o pé, enquanto absorvemos as letras que cativam a reflexão sobre temas sensíveis. Em 2020, face ao rumo que o ano tomou a nível racial, é o placement perfeito para este álbum.

Outro ponto forte do álbum é que consegue combater (em parte) o bombardeamento que levamos dos media para provocar as massas, bem com os extremistas defensores da causa, que lhe fazem pior do que melhor de cada vez que falam. Ao contrário desses defensores, os Sault usam a sua voz para chamar à atenção da problemática com ponderação, respeito e fundamento.

Isto tudo para concluir que o combate ao racismo é fundamental, mas o ódio nunca deve ser combatido com ódio, porque erros não se corrigem com erros, nem se deve tentar equilibrar a balança colocando o peso todo de um só lado.

Classificação do álbum: ★★★★★

Músicas a ouvir:

  • Strong
  • Fearless
  • I Just Wanna Dance
  • Son Shine
  • Free
  • Little Boy

Essenciais de dezembro

Kacy & Clayton – Plastic Bouquet

kacy clayton plastic bouquet

Género: Folk/Roots

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Esta parceria entre Kacy & Clayton e Marlon Williams funcionou surpreendentemente bem e Plastic Bouquet é um álbum que, apesar de lhe faltar algo, é bastante promissor para a carreira da dupla.

Enquanto Kacy & Clayton puxam pelo melhor do Folk que tão bem os caracteriza, Marlon dá um toque Country, tornando este trabalho tão orgânico como o fruto de uma árvore intocada na natureza.

Há semelhanças com Angel Olsen na voz de Kacy um pouco por todo o álbum, dando uso ao eco aquando da sua gravação, que a torna mais espantosa. Em muitas das vezes, Clayton emprega também os seus vocais de forma convincente, trazendo profundidade e frescura às música (faz lembrar Antony Hegarty, pontualmente). Em relação à sonoridade da banda, há uma aura de Fleetwood Mac, que promete bastante a longo prazo.

Classificação do álbum: ★★★★

Músicas a ouvir:

  • Isn’t It
  • Your Mind’s Walking Out
  • Arahura
  • I Wonder Why

Paul McCartney – McCartney III

Paul McCartney - McCartney III

Género: Rock

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O mítico ex-membro dos lendários The Beatles voltou a criar música e, sinceramente, já não me lembrava de algo tão bom produzido por este.

McCartney III surge 40 anos depois de McCartney II e é o último álbum de 2020 filho do isolamento pandémico pelo qual milhares de músicos passaram por todo o mundo. Paul McCartney junta-se, assim, ao clube de músicos que sacaram um coelho da cartola em plena pandemia.

Em relação ao álbum em si, é um trabalho vanguardista e moderno. Ainda que algo experimental, consegue ser bastante cativante e criativo, e o facto de ser obra de alguém na casa dos 80 anos ainda mais fascinante o torna. Nunca é tarde de mais para experimentar algo novo!

Classificação do álbum: ★★★★

Músicas a ouvir:

  • Long Tailed Winter Bird
  • Find My Way
  • Deep Deep Feeling
  • Slidin’
  • Deep Down

Rico Nasty – Nightmare Vacation

rico nasty nightmare vacation

Género: Rap

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Nightmare Vacation é agressivo, mas poderoso. É explícito, mas sincero. É sujo ao ponto de ser despreocupado com quem vai agradar, mas tem o poder de colocar qualquer um a vibrar efusivamente ao ritmo das batidas.

No ano passado, Rico Nasty lançou Anger Management (a sua 7ª mixtape), que deixou claro o nível em que a rapper se encontrava. Agora, com o seu álbum de estreia, não restam dúvidas do talento de Maria-Cecilia Kelly, em muito amplificado pela sua energia contagiante.

Classificação do álbum: ★★★★

Músicas ao ouvir:

  • Candy
  • Don’t Like Me (ft. Don Toliver & Gucci Mane)
  • IPHONE
  • Smack A Bitch

Taylor Swift – Evermore

taylor swift - evermore

Género: Chamber Folk/Folk Pop

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Incrível. É a palavra que melhor caracteriza Taylor Swift este ano.

A artista continua a dar e dar e, à medida que os anos passam, o conteúdo melhora de forma considerável.

Este ano tivemos Folklore, em julho, e, já em dezembro, de surpresa, Swift anunciou que ia lançar o seu segundo álbum. Para ser sincero, estava a contar com uma colectânea de restos de Folklore, mas se são restos não se nota nada, pois Evermore está quase ao nível do seu predecessor.

Evermore carimba, mais uma vez, os pontos fortes que elogiei em julho: a escrita, a produção composta por instrumentais orgânicos e, sobretudo, a predisposição de Swift no que nos transmite a cada música.

Taylor Swift é, sem dúvida, uma artista completa, madura e pronta a elevar-se a um nível sublime na indústria musical. Isto é entusiasmante, na medida em que oferece novas abordagens musicais aos fãs de longa data, que a começaram a seguir pelo Pop adolescente, aculturando-os. Contudo, também abre a porta a fãs de música sem purpurinas, que podem redescobrir a artista numa faceta praticamente irrepreensível.

Uma coisa é certa: 2020 é, de longe, o ano de ouro da carreira de Taylor Swift!

Classificação do álbum: ★★★★½

Músicas a ouvir:

  • Willow
  • Champagne Problems
  • Gold Rush
  • ‘Tis The Damn Season
  • No Body, No Crime (ft. Haim)
  • Ivy
  • Evermore (ft. Bon Iver)

The Avalanches – We Will Always Love You

the avalanches - we will always love you

Género: Dance/Sampledelia

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Quem conhece o trabalho de The Avalanches já sabe o que esperar. Quem não conhece fica a conhecer rápido pelo sentimento de familiaridade com as sonoridades do álbum. Isto porque a banda australiana, com bases de música electrónica, recorre bastante a samples de trabalhos de outras bandas. A magia no meio disto é o trabalho de distorção aplicado nos samples escolhidos, criando um som cósmico.

We Will Always Love You é um álbum composto de forma peculiar, com ritmos distintos, mas que funcionam com bastante consistência, transformando este álbum numa viagem bastante prazerosa.
As colaborações enriquecem a complexidade do álbum, conferido um toque próprio às músicas associadas.

Só para terem uma ideia, eis uma lista de alguns dos artistas envolvido: Blood Orange, Leon Bridges, Neneh Cherry, Denzel Curry, Rivers Cuomo, Jamie xx, Mick Jones, Johnny Marr, MGMT, Sampa the Great e Kurt Vile.

É, sobretudo, por isto que considero este trabalho dos The Avalanches a última grande surpresa de 2020. É por álbuns como este que decidi incluir o adjetivo “essencial” nesta minha rubrica que começou este ano e fico extremamente feliz que seja este álbum a fechá-la.

Classificação do álbum: ★★★

Músicas a ouvir:

  • We Will Always Love You
  • The Divine Chord
  • Interstellar Love
  • We Go On
  • Wherever You Go
  • Take Care In Your Dreaming
  • Gold Sky
  • Running Red Lights

Mais do que o cansaço por ter ouvido milhares de novas músicas ao longo de 2020 (é, de facto, exaustivo ter aquela obrigação de ouvir dezenas de álbuns novos por semana), fica a felicidade por ter encontrado centenas de músicas que me marcaram, mexeram com o meu estado de espírito, serviram de companhia ou ficaram associadas a momentos importantes da minha vida (fossem eles felizes ou nem por isso).

Para além disso, tornou-se ainda mais gratificante, pelo simples motivo de ter partilhado todos este álbuns convosco e, de certa forma, relembrar-vos que artistas que gostam continuam a produzir música (ainda que já não passem na rádio), ou mostrar-vos novos artistas que se enquadram com o vosso gosto musical, mas que não faziam ideia que iam gostar.

Olho para o meu papel como “filtro”, que reune uma seleção de álbuns de inúmeros artistas dentro dos mais variados géneros, num simples artigo. Espero que de certa forma, pelo menos uma vez, tenha conseguido transmitir-vos a minha felicidade e paixão para com a música. Se o fiz, missão cumprida!

Falamos para o ano. Obrigado a todos que seguiram as minhas sugestões de 2020!

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