Crítica – The Lodge

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The Lodge não é um filme de horror normal. E ainda bem. Estamos perante uma das melhores películas de 2020 até à data.

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The Lodge conta a história de uma família que vai de férias para uma casa remota na neve. Quando o pai (Richard Armitage) se vê forçado a voltar à cidade em trabalho, este deixa os seus filhos, Aidan (Jaeden Martell) e Mia (Lia McHugh), ao cuidado da sua nova namorada, Grace (Riley Keough). Isolados e sozinhos, uma tempestade deixa-os presos na casa enquanto eventos aterrorizantes trazem de volta o passado sombrio de Grace.

Como já devem saber, sou um grande fã de horror. Um filme de horror excecional é quase sempre um dos melhores filmes do ano para mim. É algo frustrante saber que muitas pessoas não valorizam este género tanto como outros, especialmente porque o público em geral costuma gostar das narrativas mais genéricas, repletas com jump scares previsíveis e histórias formulaicas. Nada contra isso, obviamente, qualquer pessoa pode gostar do que bem entender! No entanto, quando comparado com outros géneros, horror é uma espécie de “patinho feio”, sendo apenas verdadeiramente seguido por um grupo específico de pessoas, apesar de, admitidamente, ter crescido nos últimos anos.

Não esperava muito de The Lodge, algo que, provavelmente, ajudou-me a apreciá-lo ainda mais, visto que é um dos meus filmes favoritos de 2020 até agora. É, sem dúvida, o filme de horror menos formulaico desde há algum tempo. Apesar disso, apresenta ingredientes que o público geral não costuma gostar muito: narrativa visual, ritmo lento e praticamente zero jump scares. O primeiro é incrivelmente cativante não só devido ao framing e mise-en-scène inteligentes, mas também porque a atmosfera sombria enche a casa de uma maneira bastante inquietante. O pouco diálogo durante o tempo de execução pode tornar o filme aborrecido para algumas pessoas, mas adoro quando os filmes “show, don’t tell”.

O ritmo propositadamente lento é muito bem equilibrado. Tirando um curto período durante o segundo ato, onde nada realmente acontece (não existe nova informação sobre a história ou sobre as personagens para ser dada ao espetador), todas as outras cenas são significativas, seja para desenvolver personagens ou mover a história para a frente. O argumento é estruturado de uma forma que nunca deixa de ser interessante: algo impactante ocorre, as personagens reagem, algo importante é descoberto… e assim sucessivamente. Entre os grandes eventos, a atmosfera nunca deixa de ser “assustadora”, e o diálogo escasso (mas eficiente) é notavelmente intrigante.

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É um filme que, sem dúvida, ganha muito com os seus atributos técnicos notáveis. Desde a cinematografia deslumbrantemente única (Thimios Bakatakis, que trabalhou com Yorgos Lanthimos em quatro filmes) à produção artística excecional, este filme baseado em apenas um local oferece um ambiente claustrofóbico elevado por prestações brilhantes. Riley Keough entrega uma das suas melhores performances, criando aquele equilíbrio perfeito que deixa o espetador a questionar se a sua personagem é sã ou louca. O mistério em torno de Grace é parcialmente devido à interpretação fantástica de Riley.

Jaeden Martell é muito bom e fico feliz que esteja a receber convites para projetos de qualidade. No entanto, Lia McHugh é o destaque inegável, na minha opinião. Com apenas doze anos, Lia oferece uma prestação fenomenal. A sua última cena do filme, que partilha com Jaeden, é digna de todos os prémios. Ambos são incríveis e emocionalmente convincentes durante esse momento. Interpretações impressionantes de todos.

Infelizmente, tenho alguns problemas com as personagens. O passado de Grace é o maior ponto de interrogação da história, sendo demasiado ambíguo. The Lodge confia imenso na sua narrativa visual, mas, neste aspeto em particular, acredito que uma explicação mais explícita teria ajudado o espetador a entender melhor o desenvolvimento de Grace. O meu outro problema está relacionado com as motivações das crianças, mas tenho que ser muito vago devido a eventuais spoilers.

Basicamente, as suas ações ao longo do filme são justificadas por algo que, embora consiga entender parcialmente a vontade deles, não acredito honestamente que estas crianças pequenas sejam capazes de sequer pensar sobre isso, muito menos executar na perfeição. Esta última frase é o melhor que consigo fazer para descrever esta minha crítica. Assim, tenho alguns problemas com as personagens, mas a história possui momentos genuinamente chocantes (o primeiro ato é brilhante) e um final extremamente impactante e ousado.

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The Lodge é um dos meus filmes favoritos de 2020 até à data. No entanto, possui caraterísticas que não costumam conquistar o público em geral. Para algumas pessoas, a sua narrativa visual pode ser demasiado ambígua, o seu ritmo lento pode ser demasiado aborrecido e a falta de jump scares pode causar estragos relativamente ao entretenimento. Felizmente, adoro todos estes aspetos.

Este filme de horror atmosférico é elevado pelos seus atributos técnicos notáveis, em especial a cinematografia bizarra de Thimios Bakatakis, bem como a produção artística claustrofóbica. Com uma prestação impressionante de Riley Keough e interpretações incríveis de Jaeden Martell e Lia McHugh (destaque com apenas doze anos de idade), o duo de realizadores austríacos (Severin Fiala, Veronika Franz) entrega um dos filmes de horror menos genéricos dos últimos tempos.

Ainda assim, as três personagens principais mereciam melhor desenvolvimento e motivações mais transparentes. Recomendo para os verdadeiros fãs de horror, mas, se preferem um filme mais “ativo” dentro do género (e não há absolutamente nada de errado com isso), talvez seja melhor deixarem outros desfrutar deste.

The Lodge chega às plataformas digitais a 18 de maio.

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