Análise – Stranded Deep

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Um bom jogo de sobrevivência que nos deixa viver as emoções de um Tom Hanks perdido numa ilha deserta.

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Stranded Deep acaba de cair como uma pedra nestes tempos de isolamento. O jogo de sobrevivência, que chegou ao PC – em versão Early Access – em 2015, estreia-se agora na PS4 e Xbox One com um conceito diferente.

Ao contrário de The Forest, The Long Dark e Subnautica, o jogo da Beam Team Games leva-nos literalmente para uma ilha deserta, longe de tudo e de todos, numa luta contra os elementos, a fome, a própria loucura e a fauna marítima. É uma experiência interessante, onde o isolamento nunca fez tanto sentido, e arrisco-me a dizer que é um dos jogos de destaque deste início de maio.

Em 2015, Stranded Deep era uma lufada de ar fresco. O género de sobrevivência, que agora começa a esmorecer, vivia um período de prosperidade e experimentação, onde a busca por uma experiência única, muitas vezes assentes numa jogabilidade mais – para o género – realista, levava à criação de títulos que vieram a ocupar o pódio da popularidade. Como Stranded Deep, vimos o lançamento de 7 Days to Die, Green Hell, Ark: Survival Evolved, entre outros, onde a procura por um conceito inovador parecia ser a força motora por detrás das suas produções.

No caso da Beam Team Games, esse conceito é facilmente identificado. Em Stranded Deep, não estamos perdidos em florestas densas, em futuros pós-apocalípticos ou em cenários de ficção científica, mas sim numa ilha deserta.

Ao sobrevivermos a um desastre de avião, vemo-nos sozinhos numa ilha com recursos limitados e com um só objetivo: explorar as ilhas mais próximas e escapar. Para tal, é preciso recolher recursos, construir novas estruturas e ferramentas, proteger a nossa personagem e garantir as suas necessidades básicas enquanto lutamos contra o ambiente, que apresenta um ciclo de dia e noite e um clima dinâmico, e contra a fauna marítima que rodeia as ilhas geradas aleatoriamente.

Não há uma tentativa de reinventar o género. Pela minha descrição, conseguem imaginar e identificar a maioria dos títulos de sobrevivência, sem grande discernimento. Stranded Deep não tenta inovar para além do seu contexto e da sua aposta num mundo dividido por ilhas, mas é tão sólido, divertido e empolgante que a sua falta de inovação se desvanece ao longo da sua campanha longa. A jogabilidade é imediata, muito familiar e rapidamente estamos a descobrir novas ilhas e a construir estruturas, ferramentas e até jangadas que nos permitem sobreviver perante todas as adversidades.

O ciclo de progressão é muito coeso e sentimos que há sempre algo novo para descobrir ou construir. Se são fãs do género, já sabem o que esperar, mas se Stranded Deep é o vosso primeiro jogo de sobrevivência, não se assustem: é uma excelente porta de entrada. Com um tutorial muito intuitivo, a sua progressão é fantástica e sentimo-nos a dominar os vários elementos e mecânicas à medida que exploramos.

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Há uma alegria palpável e uma satisfação sempre que criamos uma nova faca ou desbloqueamos finalmente a possibilidade de construir paredes reforçadas ou uma jangada a motor. Sentimos que estamos a evoluir, a sobreviver e a criar o nosso próprio paraíso à medida que saímos da nossa zona de confronto e descobrimos novas ilhas, recursos e pontos de interesse. Explorar e sobreviver: assim são os lemas de Stranded Deep.

Ao longo da campanha, que poderá ter 20 ou 50 horas – dependendo do vosso interesse e determinação –, esta sensação de crescimento é exponenciada não só pelo desbloqueio de novas opções de crafting, mas pela própria evolução da personagem. À medida que realizam tarefas, como caçar ou construir objetos, a personagem vai evoluindo de nível e ficando mais forte, resistente e eficaz , desbloqueando novos objetivos. A construção passa a ser mais rápida, gastarão menos recursos por criação e serão mais resistentes a ataques, a venenos – muito cuidado com as cobras – ou até à insulação.

É um cenário de Homem contra a Natureza onde sentimos constantemente que estamos a ambientar-nos a um mundo anteriormente hostil, onde, aos poucos, nos tornamos donos do que está à nossa volta; como uma segunda casa.

Em pouco tempo, Stranded Deep agarrou-me. O ciclo de evolução deixou-me completamente embrenhado no seu mundo e vi-me a definir objetivos diários para concluir. A dificuldade, como podem assumir, é elevada, e Stranded Deep não tem quaisquer problemas em desafiar-nos, mas é igualmente intuitivo e, até certo ponto, direto, o que nos dá uma maior sensação de gestão e controlo. As ações são rápidas, a construção é quase automática e sentimos que estamos sempre a avançar, sem grandes paragens para tarefas demasiado repetitivas. No entanto, fica o aviso de que a repetição faz (e fará sempre) parte da experiência de um jogo de sobrevivência, e o que poderá ser empolgante para nós poderá não o ser para vocês.

O que não apreciei, e o que tornou, agora sim, algumas tarefas mais monótonas, foi o inventário limitado da personagem. Apesar de podermos criar cintos de ferramentas, que desbloqueiam a seleção rápida das armas e itens – relegadas aos quatro botões direcionais –, senti que temos um espaço de inventário demasiado curto. Quando o jogo se foca na navegação constante entre ilhas em busca de recursos, isto significa que somos obrigados a fazer o mesmo trajeto várias vezes, especialmente nas primeiras horas. Até construirmos uma jangada com baús de inventário, nunca nos sentimos sob controlo. Parece que a nossa vontade em explorar é forçosamente condicionada.

A passagem para as consolas nunca é suave e Stranded Deep apresenta os problemas do costume: UI incompatível, downgrade gráfico e controlos não tão responsivos. É um jogo de PC, puro e duro, mas a Beam Team Games fez o seu melhor para adaptar a experiência às consolas.

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Apesar dos problemas que identifico, onde sublinho a monotonia de navegar pelos menus – algo que os comandos nunca irão simplificar, mesmo com atalhos –, a passagem foi mais suave do que em alguns dos jogos do género, como Ark: Survival Evolved, e os controlos funcionam perfeitamente neste ambiente mais condicionado. A simplicidade de Stranded Deep prevalece nas consolas e enaltece, na minha opinião, a experiência ao apostar em ações rápidas e intuitivas. Uma boa escolha para as consolas.

A nível visual, Stranded Deep é um misto de emoções. Apesar de existirem momentos de pura beleza, com um amanhecer de cortar a respiração – cheio de cores quentes e de uma luz terna – e um flora aquática realista, o jogo peca nos pormenores. Quando nos aproximamos, começamos a ver os problemas: os modelos com texturas pobres, a repetição de objetos, o dithering, a performance pouco estável – caindo a pique em alguns momentos mais intensos – e um arrasto na movimentação que retira toda a beleza natural dos cenários.

Quando paramos e observamos ao longe, Stranded Deep emana uma calma reconfortante – mesmo com a sua má profundidade de campo nas consolas –, mas, em movimento, os problemas amontoam-se, dando lugar a vários bugs que quebram a imersão. E na banda sonora, pouco ou nada há a dizer para além de umas composições desinteressantes e de sons repetitivos, seja da personagem ou dos animais que encontram.

Stranded Deep não é o jogo mais inovador que irão encontrar nas consolas, mas é um sólido título de sobrevivência que nos transporta para a era dourada do género. É simples, é intuitivo, mas é igualmente desafiante e tenso; tal como adoramos. A passagem para as consolas trouxe alguns problemas, nomeadamente técnicos, mas Stranded Deep é perfeito para a realidade que vivemos atualmente e há uma certa calma e descontração que compõem a sua experiência.

Se estão com saudades de um jogo de sobrevivência e já se saturaram de Memories of Mars (como nós), ou se procuram uma experiência a solo e mais focada na sobrevivência, então Stranded Deep é o jogo que procuram.

Nota: Bom

Plataformas: PlayStation 4, Xbox One
Este jogo (versão PlayStation 4) foi cedido para análise pela Beam Team Games.

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