Promotoras vão falar com o Governo para tornar viável a realização de festivais e eventos de música

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Numa altura em que a COVID-19 não dá tréguas, milhares de postos de trabalhos relacionados com a cultura estão em risco.

COVID-19

Ainda faltam vários meses para a realização dos festivais de verão, é certo, mas com este frio extremo que se tem feito sentir, os casos de COVID-19 voltaram a estar altíssimos. E com confinamentos a serem aplicados na Europa, estando um iminente em Portugal, torna-se complicado pensar em eventos com milhares de pessoas num futuro próximo, como é o caso dos festivais de verão.

Mas os promotores e associações de espetáculos não desistem. No próximo dia 13 de janeiro, essas entidades vão apresentar ao Governo uma série de propostas para tornar viável a realização desses mesmos eventos em contexto de COVID-19.

Segundo o presidente da Associação Portuguesa de Festivais de Música (Aporfest), Ricardo Bramão, esse encontro será o primeiro de uma série de reuniões mensais que irão acontecer para “perceber a atualidade” e ter em conta as regras e procedimentos a aplicar durante este ano de 2021. Bramão espera que haja “soluções para evitar as lotações de recinto”, que se aborde a questão da devolução dos bilhetes e que exista um “alívio fiscal para os promotores” perante três anos, entre 2019 e 2021, de perdas financeiras.

Luís Montez, da promotora Música no Coração, com festivais como o Super Bock Super Rock, Sumol Summer Fest e MEO Sudoeste, é mais explícito referente às soluções “para tornar possível a retoma dos festivais”.

“É criar espaços, bolhas, livres de covid-19, em que só entra quem tem vacina ou tem teste negativo, além de outras medidas: cashless, copos recicláveis, álcool gel a ser distribuído em mochilas. Há várias ideias, como a colaboração com vários laboratórios, no sentido de quem tiver bilhete, vai ao laboratório e faz o teste”, referiu o empresário. Mas é preciso ter isto em atenção.

Primeiro, o facto de se eventualmente exigir a toma da vacina é quase como obrigar a ser vacinado, quando (ainda) é algo facultativo. Já no que toca aos testes, os mesmos têm um custo, e não faz muito sentido que seja quem tem bilhete, que já gastou dinheiro no mesmo, a ter de pagar do próprio bolso para apresentar um teste negativo. Aqui, será necessário criar algum tipo de solução comparticipada, como Montez deixa entender, em que, quem tem bilhete, vai ao laboratório e faz o teste. Contudo, é importante rever essa parte monetária.

No entanto, até aqui existe um problema: o prazo de validade dos mesmos. O facto de alguém apresentar um papel que comprova que deu negativo à COVID-19 não significa necessariamente que essa pessoa não tenha efetivamente o vírus. Segundo se sabe, assim que alguém apanha a doença, para o teste dar positivo, é necessário que passem alguns dias. Ou seja, hipoteticamente, apresentar um teste negativo numa segunda-feira não significa que o resultado vá ser o mesmo se o teste for novamente feito numa sexta-feira, por exemplo. É uma questão muito complicada e que pode pôr em risco a saúde pública.

Os promotores até podem optar pela solução que abordámos em novembro passado, com um dispositivo de testagem rápida à COVID-19 que foi aprovado no Reino Unido. Novamente, o mesmo problema: lá por o resultado dar negativo em determinado momento, tal não significa necessariamente que o vírus não esteja dentro do sistema de uma pessoa. E aí, sem se saber, surgem focos de contágio.

Adicionalmente, para que os festivais e eventos se possam realizar, vão estar sempre dependentes da evolução da pandemia no estrangeiro.

Caso se encontre alguma solução para a realização dos festivais, terá, muito certamente, que ser obrigatório o uso de máscaras. E a lotação nunca poderá ser a máxima. É toda uma nova realidade.

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