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No mês de transição entre o verão e outono, a própria música já tomou tons mais outonais num período onde quem dominou o topo dos melhores álbuns foram de Gothic Rock e Alternative Metal, ao contrário do que se passou em agosto.

Música: Álbuns essenciais (setembro)

No entanto, setembro foi um mês com bastante diversidade musical, com alguma estreias entusiasmantes, oferecidas por Everything Everything ou Haiku Hands, e regressos de grandes bandas e artistas já com várias décadas de carreira, como foi o caso de The Flaming Lips, Marilyn Manson, Public Enemy ou Deftones.

Alicia Keys – Alicia

alicia keys - alicia

Género: R&B/Soul

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Alicia prima por ser um álbum balanceado e ares de 2020. Já com Here, Alicia Keys tinha conseguido mostrar que não ficou refém de um passado recente (no qual foi rainha no R&B moderno), em que a colaboração com A$AP Rocky foi tão inesperada quanto fantástica, tal foi a naturalidade no produto final.

Em 2020, a artista regressa ao ativo com mais uma série de colaborações bem conseguidas, das quais se destacam as com Sampha e Miguel. O resultado é o álbum mais equilibrado e consistente de Alicia até à data, com uma grande quantidade de músicas, entre as quais uma boa parte são ótimas. Muito do sucesso deve-se à sua voz, que é o que brilha com mais intensidade (como sempre), colocando a cantora nova-iorquina, uma vez mais, num lugar de destaque no panorama musical internacional.

Classificação do álbum: ★★★★

Músicas a ouvir:

  • Underdog
  • 3 Hour Drive (feat. Sampha)
  • Show Me Love (feat. Miguel)
  • Love Looks Better
  • Good Job

Anjimile – Giver Taker

anjimile - giver taker

Género: Alternative/Independent

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Dificilmente Anjimile poderia ter conseguido um álbum de estreia de maior impacto, na medida em que chega para anunciar de forma direta e precisa o que o autor sente e pensa, posicionando-o num lugar muito interessante enquanto artista.

Com uma abordagem musical que se assemelha muito a Sufjan Stevens, Anjimile faz da seu tormento uma melodia belíssima com a conjunção entre o instrumental étnico e voz agradável.
A título de curiosidade, este mês Sufjan Stevens também lançou um novo álbum (The Ascension), mas, apesar de ser fã, considero que ficou aquém de Giver Taker de Anjimile, o que já diz muito sobre este jovem artista.

Classificação do álbum: ★★★★

Músicas a ouvir:

  • Baby No More
  • In Your Eyes
  • Maker
  • To Meet You There

Big Sean – Detroit 2

Big Sean - Detroit 2

Género: Rap/Hip-Hop

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O famoso rapper de Santa Monica já deu provas que tem talento para vingar dentro do género, devendo-se muito à forma como encaixa versos e à sua voz única. Só há duas coisas que o estão a prender e impedir de chegar ao nível dos grandes rappers da atualidade (como Kendrick, Anderson .Paak, Tyler, J Cole ou Chance): as letras, por serem básicas na sua generalidade; e a incapacidade de filtrar as músicas a entrar nos álbuns que lança, tornando-os pouco coesos.

A verdade é que, nos seis álbuns que lançou desde 2011, apenas Dark Sky Paradise (2015) se destaca por ter um bom grau de qualidade no geral.

Detroit 2 tem ótimas músicas, mas tem também muita tralha. Começa a tornar-se agridoce a capacidade de Big Sean em produzir bons tracks para depois diluí-los num álbum gigante, roubando-lhes brilho e coesão ao álbum… Coisa que volta a acontecer nesta panóplia de mais de uma hora com 20 faixas (das quais três interludes). Fica, no entanto, nota positiva por grande parte das colaborações bem conseguidas, entre as quais com Anderson .Paak, Post Malone, Jhené Aiko e a mega colaboração em “Friday Night Cypher” já perto do final do álbum.

Classificação do álbum:
★★★½

Músicas a ouvir:

  • Deep Reverence (feat. Nipsey Hussle)
  • Wolves (feat. Post Malone)
  • Body Language (feat. Ty Dolla $ign & Jhené Aiko)
  • Guard Your Heart (feat. Anderson .Paak, Early Mac & Wale)
  • Friday Night Cypher (feat. Tee Grizzley, Kash Doll, Cash Kidd, Payroll, 42 Dugg, Boldy James, Drego, Sada Baby, Royce Da 5’9″ & Eminem)

Cults – Host

cults - host

Género: Indie Rock/Synth-Pop

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Este é um álbum bastante peculiar, uma vez que é fácil passar por ele, injustamente distraídos, sem notarmos a qualidade de que é dotado, não valorizando o quão especial é o seu conteúdo. Contudo, deixo já o alerta, de forma a revistarem o álbum mais vezes após a primeira escuta. Acredito que se torne difícil não ficarem fãs.

Quanto ao álbum em si, Madeline Follin e Brian Oblivion decidiram que à quarta era de vez, afastando-se um pouco da escuridão e sombra que toldou e caracterizou o som deles em início de carreira e, por sua vez, os levou à ribalta.

Uma decisão que se provou acertada com Host, pois libertou-os das correntes que os aprisionavam a uma sonoridade outrora boa para eles, mas que os estava a impedir de progredir. Provou-se também uma boa decisão, dando-lhes asas para explorar pontos fortes desvanecidos e aprimorá-los numa nova sonoridade ainda mais cativante, sem abdicar das raízes do seu sucesso inicial.

Os Cults brotam, assim, numa bela flor em pleno outono, após vários anos presos na frieza do inverno, o que acaba por ser poético no meu prisma, na medida em que desde os meus tempos de faculdade sempre associei Cults à estação outonal. E como fã desde tenra idade, com a qual os vi nascer e crescer, é com certezas que digo que Host é o melhor álbum dos Cults até à data.

Classificação do álbum: ★★★★½

  • Trials
  • 8th Avenue
  • A Low
  • No Risk
  • Working It Over
  • Monolitic

Declan Mckenna – Zeros

Declan Mckenna - Zeros

Género: Glam Rock/Indie Rock

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E o prémio de most improved singer do ano vai para: Declan McKenna!

Zeros é, sem dúvida, um dos álbuns menos divisivos do ano, cujas apreciações críticas são todas elas boas. Pelo menos do que tenho visto.

Isto é um indicador muito bom para Declan McKenna que, com apenas 21 anos, conseguiu encontrar o seu som e produziu um álbum coeso, pegando em influências de um passado presente, como Cage The Elephant, Foster The People, The 1975, Two Door Cinema Club e Arctic Monkeys, para criar um misto muito seu entre o Indie Rock e Glam Rock.

Declan está em total controlo de si próprio e isso reflete-se na sua música. Zeros torna-se, assim, um álbum obrigatório para qualquer fã de alguma das bandas que referi acima e que, com recurso à nostalgia, torna-se em algo original e fresco.

O futuro do cantor, que não descura de um ótimo trabalho de escrita, promete ser risonho, dançante e intrigante. Já referi que tem apenas 21 anos? Dêem um chance ao álbum, não se vão arrepender!

Classificação do álbum: ★★★★½

Músicas a ouvir:

  • Be An Astronaut
  • The Key to Life on Earth
  • Beautiful Faces
  • Twice Your Size
  • Eventually, Darling

Deftones – Ohms

Deftones - Ohms

Género: Alternative Metal/Art Rock

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Os Deftones são conhecidos há muito pela qualidade constante da música que produzem, dado que nunca lançaram um álbum abaixo de “bom”. Todavia, só na viragem para a década anterior é que passaram a ser efetivamente muito bons, quase de forma irrepreensível.

Entre Koi No Yokan (2012), Gore (2016) e Ohms (2020), é difícil eleger um como o melhor, dado que todos são incríveis.

Focando em Ohms, mais concretamente, pode-se dizer que é um álbum violento e emocional, denso e focado, clássico e refrescante. A sua qualidade geral é tanta que poderia ser facilmente confundido com um Greatest Hits, pelo menos para os menos familiarizados com o material da banda.

Após uma década de trabalho de desenvolvimento e exploração musical, os Deftones reinventam-se e continuam no auge, ao mesmo tempo que continuam a fazer justiça ao bom nome do Metal. Pessoalmente, embora não seja um dos meus géneros musicais de eleição, é-me impossível não colocar Ohms num pedestal e considerá-lo um dos melhores álbuns de 2020.

Caso sejam fãs, já devem saber que a banda vem atuar a Portugal em 2021, mais especificamente para um concerto no North Music Festival.

Classificação do álbum: ★★★★★

Músicas a ouvir:

  • Genesis
  • Urantia
  • Pompeji
  • Radiant City
  • Ohms

Elizabeth Cook – Aftermath

Elizabeth Cook - Aftermath

Género: Country/Americana

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Nunca é tarde demais para brilhar e Elizabeth Cook eleva essa máxima de forma categórica, com o seu novo álbum. De que forma? Empregando a sua entoação sulista (apesar de ser natural da Flórida), aprimorando o uso que dá à composição musical e usando o seu íntimo para dar brilho às suas letras.

Gravado com a ajuda de Butch Walker (conhecido pelo seu trabalho com Fall Out Boys e Green Day), Aftermath é uma homenagem ao Rock Sulista e aos pais da cantora, que foram a sua grande influência para começar carreira na música.

Este álbum é potenciado pela capacidade inata de Cook em passar as suas histórias para o formato musical, em simultâneo com a forma cativante como as interpreta, bem como todo o simbolismo que acartam, tornando este álbum único.

Somando a abordagem sincera e desnudada, amplificada pela transparência emocional onde todos os detalhes são preponderantes, Aftermath destaca-se com categoria dos seus antecessores.

Classificação do álbum: ★★★★

Músicas a ouvir:

  • Perfect Girls of Pop
  • Bad Decisions
  • Daddy, I Got Love for You
  • These Days
  • Thick Georgia Woman

Everything Everything – Re-Animator

Everything Everything - Re-Animator

Género: Indie Rock/Experimental Pop

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Apesar de serem uma banda relativamente recente, os Everything Everything já tiveram a sua quota de protagonismo enquanto banda quando, em 2015, viram o seu tema “Distante Past” ser incluído na soundtrack do FIFA 2016. Digo isto porque os soundtracks dos jogos FIFA são, por norma, sinónimo de selo de qualidade. Apesar deste facto consumado, a banda conseguiu, uma vez mais, surpreender-me bastante.

Agora mais longe do “experimental” e mais longe ainda da política como mote, algo que lhes trouxe popularidade acrescida, a banda vira-se para temas mais psicológicos, como a mente bicameral (também abordado em Westworld). Ainda que esta mudança de temática transmita a sensação que a banda parece estar um pouco à deriva, afetando ligeiramente a consistência do álbum, na realidade mal se nota.

Re-Animator é estranho, ainda que eclético, e nele reina o instrumental com muito recurso a sintetizadores. Porém, o factor diferenciador é mesmo a voz de Jonathan Higgs, cujos falsetes fazem lembrar Thom Yorke (ao de leve) em várias passagens.

Todo o álbum cai numa melancolia agradável e imersiva, pelo menos até à última música do álbum (“Violent Sun”), que abana as cordas com a capacidade de meter toda a gente aos pulos.

Classificação do álbum: ★★★★

Músicas a ouvir:

  • Lost Powers
  • Big Climb
  • Planets
  • In Birdsong
  • Violent Sun

Fleet Foxes – Shore

Fleet Foxes - Shore

Género: Indie Folk/Folk Rock

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Quando, em 2011, a febre do Folk começou a ganhar proporções magnânimas para o género, Fleet Foxes eram, a par dos Mumford & Suns e Ben Howard, uma das bandas que mais ouvia no meu iPod Classic.

A verdade é que o momentum do Folk já lá vai há uns bons anos, mas, com Shore, as Raposas da Frota chegam a bom porto e conseguem impor a sua arte num álbum intemporal. Fico extremamente feliz quando bandas pelas quais tenho um carinho especial conseguem surpreender-me. Caso para dizer que os Fleet Foxes juntaram-se a esse clube com este álbum.

Agora que falo nisto, a verdade é que muito do trabalho da banda era baseado numa temática ligada ao desespero e tristeza (que na altura fazia sentido), continuar a insistir numa temática saturada só para vender mais uns discos acaba por não resultar. E a verdade é que há um paralelismo entre o ponto de aceitação e aprendizagem, onde cicatrizes de feridas antigas representam agora resiliência e capacidade de encontrar conforto na escuridão e no desespero, resultando numa postura de gratidão.

Shore é um género de álbum de estreia para esta nova forma de encarar a vida por parte da banda e tem tudo para dar certo daqui para a frente, pois a quantidade de melodias cativantes que este álbum alberga é incrível.

Nota ainda para “Can I Believe You”, que faz lembrar Cold War Kids. Muito carinho para com os Fleet Foxes por esta feliz coincidência.

Classificação do álbum: ★★★★★

Músicas a ouvir:

  • Wading In Waist-High Water
  • Sunblind
  • Can I Believe You
  • I’m Not My Season
  • Going-to-the-Sun Road
  • Shore

Haiku Hands – Haiku Hands

Haiku Hands - Haiku Hands

Género: Electro Pop/Dance

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Haiku Hands é uma banda Australiana de música com fundações no Pop e Electronic, mas que não segue quaisquer regras.

O fruto desta postura é um álbum de estreia (há muito anunciado) longe do ordinário e do comum, mas que reúne influências de outras bandas conhecidas, como os DMAs, The Ting Things, Sofi Tukker (que colabora neste álbum) ou Santigold, resultando num misto de sonoridades e composições muito interessante.

Haiku Hands (nome do álbum também) é sinónimo de diversão e excessos com batidas intensas e ritmos acelerados. É exceção à regra “Morning Becomes” a fechar o álbum, como quem fecha uma noite de festa com calma e introspecção.

Classificação do álbum: ★★★★½

Músicas a ouvir:

  • Manbitch
  • Sunride
  • Jupiter
  • Fashion Model Art (ft. Sofi Tukker)
  • Morning Becomes

Idles – Ultra Mono

idles - ultra mono

Género: Punk Rock/Post-Punk

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Depois de Brutalism e Joy as an Act of Resistance, Ultra Mono tornou-se num álbum bastante aguardado e os singles que foram sendo lançados só abriram mais o apetite. Ainda que o disco se tenha provado bastante bom, o resto do conteúdo ficou um pouco aquém da promessa que os singles trouxe. Mas não é grave, de todo.

É certo que não é o melhor álbum da banda, mas continua a ser um trabalho de qualidade com cabeça, tronco e membros, que aborda temáticas sensíveis e polémicas, sem filtros ou meias medidas. A voz poderosa e carismática de Joe Talbot continua a ser o grande fio condutor que mete as aspirações da banda lá no alto, junto ao melhores do Punk Rock mundial.

Claro, o resto da banda também mereça muito mérito, pela forma como consegue dar força à voz de Talbot com instrumentais brutais, criativos e intensos, como se denota mais expressivamente em “Kill Them With Kindess” ou “Grounds”, cujos instrumentais falam por si.

Uma conjugação explosiva para qualquer fã de Punk Rock que se preze, e a verdade é que essa conjugação está perfeitamente balanceada em Ultra Mono, permitindo um equilíbrio brilhante entre os dois.

Fica o desejo de voltar a ver Idles ao vivo em breve, visto que desde Brutalism já têm mais uma série de músicas icónicas para curtir até à exaustão.

Classificação do álbum: ★★★★

Músicas a ouvir:

  • Grounds
  • Mr. Motivator
  • Kill Them With Kindness
  • Model Village
  • A Hymn

Lydia Loveless – Daughter

Lydia Loveless - Daughter

Género: Alternative Country/Pop

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Ao longo dos últimos anos, Lydia Loveless tem trilhado um caminho com alguns percalços, mas muito interessante, com foco no Country sentido. As suas letras têm como ponto chave a transparência, como se de uma janela cristalina entre seu íntimo e o mundo se tratasse.

A sinceridade da cantora (natural de Ohio) faz-se refletir na doçura da sua voz que, por sua vez, torna as histórias que conta mais cativantes e fáceis de criar ligação.

O mais impressionante (e triste) é que, ao contrário dos últimos álbuns, para além de ser senhora do piano e sintetizadores, também teve de assumir o baixo em algumas músicas. Trabalho esse que antes pertencia a Ben Lamb, de quem se divorciou em 2016 após o lançamento do seu álbum anterior (Real).

Se não forem fãs do estilo musical, continua a ser justo dar uma chance ao trabalho de Lydia, devido à sua perseverança e força de vontade que, apesar de tudo, resultam em boa música.

Classificação do álbum: ★★★½

Músicas a ouvir:

  • Dead Writer
  • Love Is Not Enough
  • Wringer
  • Never

Marilyn Manson – We Are Caos

Marilyn Manson - We Are Caos

Género: Gothic Rock/New Wave

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Curiosamente o título do álbum é We Are Caos, o que é um bocado contrariado com o conteúdo, uma vez que é o álbum mais acessível de Marilyn Manson até à data para o público em geral.

Considerado por muitos polémico enquanto artista e extravagante enquanto pessoa, mostra agora um lado muito humano, face ao que já se falou deste.

Esta perceção errada deve-se muito ao passa a palavra quando, na verdade, a maior parte do que se falava não passava de mitologias hiperbolizadas. No entanto, para garotos do ensino básico, era mais um motivo de curiosidade. Essa época calhou na altura da proliferação dos downloads de música por torrent, no 5º ano, no meu grupo de amigos já rodavam CDs de compilação com músicas dos Linkin Park, Limp Bizkit, Slipknot, The Offspring, Smashing Pumpkins, Korn e, pois claro, Marilyn Manson. Isto acaba por explicar um pouco o meu carinho especial pelo Rock, apesar de apreciar praticamente todos os géneros musicais.

Agora que falo nisto, recordo-me na perfeição da preocupação dos pais do meu grupo de amigos, quando apanhavam os seus filhos com 10 anos a ouvir este tipo de música. Agora até acho alguma piada, visto que nenhum de nós virou satanista, como previsto.

Já lá vão quase 20 anos e Marilyn Manson (agora com 51 de idade) irrompe agora por estes tempos de loucura e confusão com um álbum bastante humano, recheado de doses de clareza, calma e de perdão.

A verdade é que quando já ninguém dava um tostão furado pelo artista, pela forma como a sua abordagem musical se encontrava descontextualizada da realidade musical atual, este surge com um trabalho inesperado, sombrio, mas brilhante. O ques só prova que o seu génio não deve ser subestimado em altura alguma.

We Are Caos torna-se, assim, num dos seus melhores trabalhos (se não o melhor) da sua longa carreira no Rock pesado, quer a nível de escrita, quer a nível de composição musical, quer a nível de produção. É também um dos melhores álbuns de 2020.

Classificação do álbum: ★★★★★

Músicas a ouvir:

  • We Are Caos
  • Don’t Case The Dead
  • Paint You With My Love
  • Perfume
  • Solve Coagula
  • Broken Needle

Public Enemy – What you gonna do when the grid goes down?

public enemy - what you gonna do when the grid goes down?

Género: East Coast Hip-Hop/Classic Rap

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Ao contrário de muitos grupos clássicos de Rap, cujas fundações remontam aos anos 80/90, os Public Enemy nunca pararam e, apesar da relevância do Rap de intervenção ter caído em desuso, o grupo nova-iorquino continua cheio de pujança.

É evidente que o impacto social não é o mesmo que outrora tiveram, até porque, atualmente, os tempos são mais de consciencialização do que de reação. O papel da música Rap também mudou (para pior) e, atualmente, há mais preocupação em mandar indiretas do que transmitir mensagens de cariz social, perdendo-se assim o factor união e desenvolvendo-se o factor intriga. Quando isto aconteceu, muitos grupos como os Public Enemy, Beastie Boys, Run-D.M.C. ou A Tribe Called Quest caíram para plano de fundo da noite para o dia.

O ponto positivo é que o grupo adaptou a sua mensagem e questiona de forma pertinente e contemplativa: “What you gonna do when the grid goes down?”.

A música em si continua a ser inventiva, mesmo recorrendo a fórmulas antigas, e este álbum é dotado de um grove incrível, dando a sensação que foi gravado no auge da carreira do grupo e guardado numa cápsula do tempo até 2020.

Sem dúvida um dos melhores trabalhos dos Public Enemy nas últimas décadas. É gratificante ver Public Enemy ajustado aos tempos modernos, sem abdicar do que lhe confere autenticidade.

Classificação do álbum: ★★★★

Músicas a ouvir:

  • GRID (feat. Cypress Hill & George Clinton)
  • State Of The Union [STFU] (feat. DJ Premier)
  • Public Enemy Number Won (feat. Mike-D, Ad-Rock & Run-D.M.C.)
  • Fight The Power: Remix 2020 (feat. Nas, Rapsody, Black Thought, Jahi, YG & Questlove)
  • Go At It (feat. Jahi)
  • R.I.P. Blackat

The Flaming Lips – American Head

the flaming lips - american head

Género: Psychedelic Rock/Dream Pop

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American Head marca o regresso dos The Flaming Lips à produção musical após uma reunião em 2014.

Num dia em que sintam que precisam de colocar a vossa rotina alucinante em pausa, de forma a conseguirem reencontrar a paz interior que muita falta faz de vez em quando, é só colocarem os headphones e ouvir este álbum. Vai servir na perfeição para o efeito.

Esta é a produção mais intensa e emocionante da banda em muitos anos, com o poder de levar quem a escuta numa viagem relaxante e revigoraste de quase uma hora.

Face aos seis anos passados desde a reunião, pode-se dizer que os The Flaming Lips conseguiram rapidamente voltar ao esquema que lhes trouxe bom nome e reconhecimento: o da criação de músicas com arranjos amplos, harmonias cósmicas, ritmos pausado e profundos.

O resultado final foi a criação de uma sonoridade muito mágica e prazerosa, que contou com a participação da fantástica Kacey Musgraves.

Classificação do álbum: ★★★★

Músicas a ouvir:

  • Will You Return/When You Come Down
  • Brother Eye
  • You N Me Sellin’ Weed
  • God And The Policeman (feat. Kacey Musgraves)
  • My Religion Is You

Este mês teve menos álbuns essenciais que agosto a chegar à seleção final, mas foram, na sua generalidade, mais instigadores e nostálgicos, tanto que acabei por escrever bem mais do que o normal. Não quero deixar-vos sem antes chutar os dois singles que mais me surpreenderam este mês, vindos de duas bandas consumadas:

1. New Order – Be A Rebel

“Nestes tempos difíceis queríamos lançar uma nova canção. Não podemos tocar ao vivo por enquanto, mas a música ainda é algo que todos podemos partilhar. Esperamos que gostem… Até nos encontrarmos novamente.”Bernard Summer

2. Temples – Paraphernalia

“Na era da distração constante, todos lutamos por encontrar foco e a sensação de calma. Paraphernalia questiona e profundidade das conexões reais num mundo digital.”James Bagshaw

Volto em novembro para falarmos sobre outubro. Até já!

Link para os álbuns essenciais de outubro

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