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Wish é uma jornada mágica sobre a vitalidade de desejos pessoais e a importância de lutarmos por esses mesmos sonhos.

Tal como muitas crianças nascidas na década de 90, fui presenteado com as maravilhas animadas da Disney, sendo moldado pelas várias histórias comoventes e educativas. Agora, já adulto, mantenho os altos níveis de entusiasmo e antecipação para cada novo lançamento, especialmente obras originais. Sob a direção de Chris Buck e Fawn Veerasunthorn, duas mobílias da casa com inúmeros créditos criativos no estúdio, Wish combina a mestria do primeiro, co-realizador de sucessos como Tarzan e Frozen, com a estreia empolgante de Veerasunthorn, cujos créditos anteriores envolvem contribuições valiosas para diversas narrativas do estúdio.

A premissa de Wish segue as fórmulas típicas do estúdio, para o bem e para o mal. No reino mágico de Rosas, a protagonista de 17 anos, Asha (Ariana DeBose), uma idealista perspicaz, faz um desejo tão poderoso que é atendido por uma força cósmica – uma pequena estrela de energia sem limites chamada Star. Juntas, Asha e Star enfrentam o governante de Rosas, King Magnifico, para salvar a sua comunidade e demonstrar que quando a vontade corajosa do ser humano se funde com a magia das estrelas, tudo pode acontecer.

Apenas e só analisando esta sinopse, é relativamente fácil de prever tudo o que acontecerá na obra. A estrutura narrativa de Wish revela-se, em certa medida, uma homenagem ao legado da Disney. Esta escolha, por um lado, desperta uma saudade nostálgica ao trazer de volta um vilão simplista com motivações básicas, algo que muitos admiradores da Renaissance Era da Disney apreciarão. Por outro lado, não deixa de ser uma fórmula tradicional com várias limitações, impedindo a exploração de caminhos narrativos mais ousados e surpreendentes. Buck e Veerasunthorn executam bem as suas ideias, mas acabam por revelar uma dependência excessiva do tema e personagem centrais – um fator que, para muitos espetadores, fará a diferença entre uma experiência recompensadora ou desapontante.

Dito isto, no tal centro de Wish, encontramos na mesma uma mensagem bonita e poderosa sobre a importância dos desejos nas nossas vidas, um tema que ressoa tanto com a audiência mais jovem como a mais velha. Os desejos são intrínsecos à nossa alma e, sem estes, perdemos propósito e sentido de vida. A busca em alcançar aquilo que desejamos e sonhamos é apresentada como o catalisador para a verdadeira liberdade, evidenciando como a nossa vontade incessante de perseguir os nossos objetivos, sejam estes improvisados ou de longo prazo, é crucial para a realização pessoal e felicidade genuína.

Explorando ainda mais este tópico, Wish aborda as complexidades da jornada de descoberta pessoal que todos vivemos, representada pela protagonista. Asha, interpretada com um charme fantástico de DeBose (West Side Story), é a encarnação viva dos desejos que moldam a nossa identidade. O seu arco é uma dança emocional – e, muitas vezes, literal – entre a incerteza e a determinação, destacando como desejos pessoais não são meros impulsos, mas sim elementos vitais para a viagem transformada da sua vida. DeBose, com a sua voz poderosa, confere à personagem uma autenticidade que chega facilmente aos corações do público, tornando a trajetória de Asha um ponto focal cativante dentro da narrativa genérica.

Aliás, o elenco de voz é um dos pontos fortes de Wish. Chris Pine (Dungeons & Dragons: Honor Among Thieves), assumindo o papel do vilão cliché, entrega uma daquelas prestações onde qualquer espetador consegue notar que o ator se divertiu imenso a gravar o filme, acrescentando um toque sinistramente envolvente às suas falas. Alan Tudyk (Resident Alien) é outra mobília da casa que contribui com a sua habilidade cómica, proporcionando momentos hilariantes – existe uma sequência com galinhas inesperada que provocou gargalhadas potentes – como o novo brinquedo destinado a encher as prateleiras das lojas Disney. A diversidade de vozes e a entrega convincente dos vários atores são de louvar.

Naturalmente, uma obra de animação do estúdio não pode viver sem canções originais. A música de Wish faz-se acompanhar da banda sonora de Dave Metzger (Once Upon a Studio) com melodias belas que assentam bem no mundo mágico de Rosas, mas os holofotes encontram-se todos virados para as canções escritas por Julia Michaels e Benjamin Rice (A Star is Born). Embora existam um ou dois momentos menos inspirados – sequência musical do vilão não me conquistou e várias canções possuem versos com imensas palavras, criando um ritmo por vezes estranho – os timings de entrada das canções são precisos ao passo que as letras são tematicamente ricas e fundamentais para o desenvolvimento das personagens, o world-building necessário e a explicação de certos detalhes de enredo. Pessoalmente, é difícil não destacar “This Wish”, que promete se tornar uma nova favorita dos fãs.

Quanto à animação em si, Wish oferece o esperado em termos de qualidade visual, mas também uma abordagem arriscada e algo inovadora dentro do estúdio. A combinação de desenhos 2D pintados, que servem de cenários de fundo deslumbrantes, com o design 3D clássico das personagens, gera uma estética única para a obra. A decisão de concentrar a ação exclusivamente na cidade de Rosas é igualmente uma lufada de ar fresco, desviando-se da tendência comum em filmes de animação de apresentar inúmeros locais e personagens remotas, fortalecendo assim a coesão do enredo e a imersão do público num ambiente singular.

VEREDITO

Wish é uma jornada mágica sobre a vitalidade de desejos pessoais e a importância de lutarmos por esses mesmos sonhos. Embora a narrativa siga uma estrutura conhecida e não aprofunde para lá do tema central, a nostalgia que esta evoca é certamente apreciada. A voz poderosa de Ariana DeBose incorpora a determinação inspiradora da protagonista, liderando um elenco talentoso numa obra marcada pela mistura belíssima de animação 2D e 3D, assim como as canções originais que, na sua maioria, conquistam a audiência. É mais um capítulo encantador na vasta biblioteca da Disney, oferecendo uma experiência agradável para fãs de todas as idades.

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