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The Tiger’s Apprentice certamente tem o potencial para ser uma obra de animação genuinamente envolvente e memorável.

Assim como com praticamente todos os filmes de 2024, não tinha muito conhecimento de antemão sobre The Tiger’s Apprentice. Na verdade, tirando o facto de envolver um tigre, não sabia mesmo nada sobre o filme. Por isso, fiquei surpreendido ao ver um elenco com nomes como Henry Golding (The Gentlemen), Lucy Liu (Shazam! Fury of the Gods), Sandra Oh (Quiz Lady) e Michelle Yeoh (Everything Everywhere All at Once), assim como talentosos argumentistas como David Magee (The Little Mermaid) e Christopher Yost (Thor: Ragnarok). O realizador Raman Hui (Monster Hunt) era o elemento com o qual me encontrava menos familiarizado, por isso, em termos gerais, não tinha qualquer expetativa.

The Tiger’s Apprentice segue o caminho genérico já muito explorado de um jovem protagonista que descobre um segredo de família e enfrenta algum tipo de antagonista. Neste caso específico, Tom (Brandon Soo Hoo), um rapaz Chinês-Americano que vive em San Francisco, é o mais recente numa longa linhagem de guardiões que protegem um ovo de fénix com a ajuda de seres animais super-poderosos. À superfície, parece apenas mais uma variação de uma fórmula narrativa bem conhecida.

E, infelizmente, a história não consegue ir além do comum, aderindo estritamente à trajetória previsível típica deste tipo de obras. Mesmo tematicamente, The Tiger’s Apprentice mantém-se raso, vítima do ritmo acelerado que constitui o principal problema do filme. A narrativa avança a uma velocidade alarmante, mal permitindo que o público se familiarize com as personagens antes de as lançar em eventos emocionalmente poderosos – pelo menos na teoria. Este ritmo implacável compromete a capacidade de estabelecer ligações genuínas entre os espetadores e as personagens, resultando numa falta geral de investimento no resto da história.

A progressão apressada de The Tiger’s Apprentice estende-se aos arcos de personagem, pontos de enredo e até mesmo às sequências de ação. As personagens movem-se de um ponto para outro a uma velocidade vertiginosa, deixando o público com dificuldades para compreender a lógica por detrás destas transições quase instantâneas. O peso de uma morte real e a gravidade de consequências sérias são desvalorizados devido ao tratamento superficial destes elementos. Os arcos individuais também sofrem com a falta de profundidade, parecendo ou incompletos ou demasiado básicos. Praticamente não existem pausas para respirar e, mesmo quando os espetadores finalmente conseguem encontrar esse momento, a frequência cardíaca permanece demasiado elevada.

Apesar da qualidade de animação conseguir salvar alguns aspetos do filme, especialmente durante as cenas de ação, não consegue compensar a narrativa geral sem brilho. As sequências de luta, por vezes admitidamente impressionantes, contribuem para um valor de entretenimento decente. Notavelmente, os designs e poderes dos animais destacam-se, mostrando um nível de criatividade que não se encontra no argumento. No entanto, as personagens humanas não possuem o mesmo apelo visual, parecendo um tanto aborrecidas em comparação. Tom sobressai em alguns momentos marcantes durante o terceiro ato, mas estas instâncias são insuficientes.

Um elemento técnico que se destaca no meio da mediocridade é a banda sonora de Steve Jablonsky (Transformers: The Last Knight). A música de fundo apresenta algumas faixas bastante cativantes que provavelmente farão parte da minha lista cinemática anual no Spotify.

VEREDITO

The Tiger’s Apprentice certamente tem o potencial para ser uma obra de animação genuinamente envolvente e memorável. As fórmulas narrativas, embora prevalentes, poderiam ter sido transcendidas com uma melhor execução e uma duração ligeiramente mais longa, o que levaria à possibilidade de desenvolver personagens e temas de forma mais aprofundada. Infelizmente, o ritmo perigosamente veloz prejudica a realização desse potencial, resultando num filme que, embora não seja desprovido de méritos, acaba por se perder no vasto mar de produções esquecíveis.

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