Crítica – The Conjuring: The Devil Made Me Do It

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The Conjuring: The Devil Made Me Do It é, sem dúvida, a parte mais fraca da trilogia, mas continua bem longe do nível de “horrível” dos piores filmes desta saga de horror.

Sinopse: ““The Conjuring 3: A Obra do Diabo” revela a arrepiante história de um assassinato e uma entidade maléfica que chocou os experientes investigadores de atividades paranormais, Ed (Patrick Wilson) e Lorraine Warren (Vera Farmiga). Este é um dos casos mais sensacionais dos seus arquivos, que começa com a luta pela alma de um jovem rapaz, levando-os para lá de algo que nunca tinham visto: Pela primeira vez na história dos Estados Unidos da América, um suspeito de homicídio declara estar possuído por um demónio para se defender.”

Sempre me questionei porque é que a saga The Conjuring tem mais spin-offs do que os títulos principais, uma vez que The Conjuring e The Conjuring 2 são, de longe, os melhores filmes da popular saga de horror. Olhando para os números, The Nun detém o recorde de bilheteira, sendo o filme de maior sucesso da saga financeiramente, mas, ironicamente, é também o filme mais detestado, tanto pelos críticos como pelo público em geral. A campanha de marketing viral elevou obviamente este spin-off a um nível inacreditável de expectativa, mas ainda é estranho que tenha sido necessário esperar cinco anos para termos um novo filme de The Conjuring, uma vez que ambos os filmes anteriores também foram tremendamente lucrativos.

Com James Wan fora da cadeira do realizador e sem envolvimento no guião, as minhas expectativas não eram exatamente altas. Wan é uma das principais razões pelas quais os filmes The Conjuring funcionam tão bem. D sua capacidade de gerar uma enorme quantidade de suspense à atmosfera realmente assustadora, Wan é, definitivamente, um dos melhores realizadores de horror da última década. Portanto, substituí-lo seria sempre uma tarefa desafiante. Michael Chaves realizou The Curse of La Llorona, um filme de terror genérico que não teve um único elemento surpreendente. No entanto, elogiei o trabalho de Chaves com as cenas de horror, uma vez que as achei algo eficazes. Por isso, ainda me sentia ligeiramente otimista para assistir a The Conjuring: The Devil Made Me Do It.

The Conjuring: The Devil Made Me Do It

É reconhecidamente o filme mais fraco da trilogia, mas ainda está longe do horrível Annabelle Comes Home ou da horrível história de origem sobre a famosa freira. Quando se trata dos títulos principais, o valor excecional da produção é algo que todos têm em comum. De facto, este último filme é, indiscutivelmente, o “mais bonito”. As sequências de horror têm um aspeto deslumbrante no grande ecrã e a edição de som é extremamente impactante como sempre. Vale a pena lembrar que esta franquia não desperdiça centenas de milhões de dólares para fazer os seus filmes, sendo um universo cinematográfico de orçamento relativamente baixo. Aliás, até o uso de CGI é sempre mantido no mínimo.

Em termos de atuações principais, estes filmes continuam a triunfar. Patrick Wilson e Vera Farmiga partilham uma química palpável, elevando profundamente a ligação emocional das suas personagens. Essencialmente, The Conjuring apresenta uma história de amor entre Ed e Lorraine Warren, sendo, em última análise, a sua relação enraizada, convincente e amorosa que mantém os espectadores interessados nos eventos baseados “numa história verdadeira”. Ambos os atores têm atuações notáveis, tal como o lendário John Noble (The Lord of the Rings, Fringe) enquanto antigo padre. Não sabia da sua entrada no filme, por isso fiquei genuinamente surpreendido ao ver Noble novamente no grande ecrã. O ator é absolutamente fenomenal, como se esperava, e bastante assustador como um personagem misterioso.

Já os restantes atores são suficientemente decentes, mas não encontro qualquer outra interpretação digna de nota. Infelizmente, os elogios acabam por aqui. A narrativa principal em torno do caso real que dá o nome ao filme não é, de modo algum, tão interessante como as histórias contadas nos filmes anteriores. O caso em si não tem muito para desenvolver, pelo que a maioria do filme centra-se em seguir o casal Warren em missões paralelas como detetives. Eventualmente, as pistas encontradas estão ligadas ao enredo principal, mas, no geral, o argumento de David Leslie Johnson-McGoldrick não é assim tão cativante. Apesar da previsibilidade e dos elementos de horror formulaicos, há uma “reviravolta” bastante agradável no que toca à “possessão demoníaca” que marca toda a franquia.

The Conjuring: The Devil Made Me Do It

A maior desilusão é algo que temia que acontecesse sem James Wan ao leme. A atmosfera, outrora aterradora e de suspense durante as sequências eficazes e criativas de sustos, dá agora lugar àquilo que os espectadores sentem em alguns dos filmes de terror mais banais da atualidade. Devido à questão de saúde de uma personagem, os níveis de tensão são constantemente elevados para esta pessoa em particular, mas, durante a maior parte do tempo de execução, falta aquele sentimento assustador constante. Os sustos são previsíveis e demasiado óbvios, um cliché sobre o qual os filmes The Conjuring tentaram distanciar-se ao máximo. Para além disso, é um filme muito mais escuro do que os restantes em termos de iluminação.

No final, tenho sentimentos mistos sobre o final. Sem o estragar, é semelhante a A Quiet Place Part II no sentido em que duas cenas diferentes precisam de ser editadas em conjunto para que os espectadores possam facilmente seguir o que está a acontecer sem perder a tensão e o suspense. Uma destas cenas é particularmente instável, repetitiva e demasiado escura, o que me deixou um pouco dececionado. No entanto, a edição de Peter Gvozdas e Christian Wagner é realmente boa. A cinematografia de Michael Burgess oferece um par de fotografias deslumbrantes e a banda sonora de Joseph Bishara mantém o tom sinistro da franquia. James Wan está claramente em falta, mas Michael Chaves não fez um mau trabalho de todo.

The Conjuring: The Devil Made Me Do It é, como já indiquei, sem dúvida, a parte mais fraca da trilogia, mas continua bem longe do nível de “horrível” dos piores filmes desta saga de horror. Com o já conhecido valor de produção fantástico da saga, Patrick Wilson e Vera Farmiga entregam prestações impressionantes ao interpretarem as únicas personagens emocionalmente convincentes.

No geral, todos os elementos pecam em comparação com os The Conjuring anteriores. Desde a atmosfera menos assustadora aos momentos de susto genéricos e pouco imaginativos, Michael Chaves não é capaz de replicar os tremendos níveis de suspense e tensão de James Wan, apesar de uma sequência de abertura brilhante. O argumento de David Leslie Johnson-McGoldrick foca-se em muitos enredos indiretamente ligados ao plot principal, acabando com uma narrativa não-tão-interessante que não chega a justificar o título do filme.

Alguns atributos técnicos como a edição e o trabalho de câmara, assim como a produção sonora, compensam com algum entretenimento. No entanto, não deixo de recomendar aos fãs do universo cinemático respetivo e aos amantes do género em questão.

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