Crítica – Ordinary Angels

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Ordinary Angels ressoa como uma recordação poderosa da capacidade do ser humano para a compaixão e a ação coletiva face às adversidades.

Kelly Fremon Craig é das minhas cineastas favoritas no que toca a histórias coming-of-age. Tanto The Edge of Seventeen como Are You There God? It’s Me, Margaret marcaram o género de tal forma que qualquer obra proveniente da própria captura automaticamente a minha atenção. Apesar de apenas contribuir no argumento co-escrito com Meg Tilly – mais conhecida como atriz em Agnes of God ou Psycho II -, é suficiente para oferecer a Ordinary Angels duas horas do meu tempo.

Realizado por Jon Gunn (The Case for Christ) – não, o cineasta não tem qualquer relação com James Gunn (Guardians of the Galaxy, The Suicide Squad) – e protagonizado por Hilary Swank (Million Dollar Baby) e Alan Ritchson (Reacher), o filme inspira-se numa história verídica de 1994 em Louisville, Kentucky, onde Michelle Schmitt, uma criança doente cuja única hipótese de sobrevivência passava por um transplante de fígado, fica dependente da ajuda miraculosa da sua comunidade para ultrapassar este obstáculo injusto da sua vida.

Ordinary Angels é uma história emocionante de altruísmo puro por parte de uma comunidade generosa e completamente desprovida de interesses egoístas quando a vida humana, ainda para mais de uma criança inocente, se encontra em jogo. O guião de Fremon Craig e Tilly pode seguir fórmulas e clichés habituais deste tipo de narrativas, mas a autenticidade dos diálogos sobrepõe-se a qualquer problema menor sobre originalidade ou criatividade. Swank e Ritchson são elementos vitais para a sensação catártica que marca a obra, apresentando uma subtileza de louvar durante a maior parte do tempo de execução, escolhendo os momentos certos para libertar todas as emoções acumuladas.

Como desconhecia a história real ou sequer que Ordinary Angels se baseava na mesma, fiquei genuinamente chocado com a rápida pesquisa posterior à visualização do filme, pois o terceiro ato envolve inúmeras ações altruístas por parte de tantas pessoas que era difícil de acreditar que tudo aconteceu exatamente como a obra retrata. Obviamente, alguns desenvolvimentos relativos à solução de problemas gigantes serão, com certeza, ajustados minimamente para manter a atmosfera extremamente otimista e esperançosa – estamos a falar de situações que assombram milhares de famílias pelo mundo fora que não se resolvem simplesmente porque alguém pediu com jeitinho -, mas tudo o que envolve a comunidade em si é, de facto, totalmente verídico e demonstra que realmente existe bondade espalhada pela humanidade, sendo Sharon Stevens (Swank) o grande destaque.

Uma simples cabeleireira que decidiu ajudar uma família desconhecida ao angariar dinheiro através de eventos caridosos no seu salão e não só. A motivação principal passava apenas e só por fazer algo de bom para com alguém e poder contribuir para salvar a vida de uma criança, mas também para ‘curar-se’ a si própria. Os problemas de alcoolismo levaram a um afastamento gradual com o seu filho, sendo uma linha narrativa secundária em Ordinary Angels que, apesar de não ser muito explorada e se resolver rapidamente, transmite mais uma mensagem positiva de que, por vezes, é a ajudar os outros que nos ajudamos a nós próprios.

Independentemente de ser uma história já vista anteriormente e até executada de forma mais impactante, Ordinary Angels é uma obra inspiradora que merece ser vista no grande ecrã, se possível. A banda sonora de Pancho Burgos-Goizueta contribui e muito para os olhos húmidos com que a maioria dos espetadores assistirá ao desenrolar da história. Acima de tudo, que sirva de inspiração e de lição para o público que, por mais pequena a ação, a bondade para com o próximo não tem de ser um sacrifício, mas sim algo parte da nossa natureza humana.

VEREDITO

Ordinary Angels ressoa como uma recordação poderosa da capacidade do ser humano para a compaixão e a ação coletiva face às adversidades. O argumento sensível de Kelly Fremon Craig e Meg Tilly, assim como as prestações emotivas de Hilary Swank e Alan Ritchson, elevam esta história verídica acima do comum, oferecendo uma experiência inspiradora que é tanto uma celebração do espírito humano como um apelo à nossa inerente bondade. Apesar de se apoiar em convenções do género, destaca-se pela sua autenticidade e pela mensagem esperançosa que transmite. É, sem dúvida, uma obra que não só aquece o coração como também incita à reflexão sobre o impacto transformador da generosidade, do altruísmo e do cuidado mútuo na construção de um mundo melhor.

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