Crítica – The Suicide Squad

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The Suicide Squad é tudo aquilo que o seu antecessor devia ter sido, tendo tudo o que um filme sobre Suicide Squad merece.

Sinopse: “Os supervilões Harley Quinn (Margot Robbie), Bloodsport (Idris Elba), Peacemaker (John Cena) e uma coleção de malucos condenados na prisão de Belle Reve juntam-se à super-secreta e super sombria Task Force X enquanto são largados na remota ilha de Corto Maltese repleta de inimigos.”

Sou das poucas pessoas que não despreza totalmente Suicide Squad de 2016. Não é, de forma alguma, um filme que recomendo, mas considerando todo o género, não acredito que seja comparável a muitos outros filmes verdadeiramente desastrosos do passado. Dito isto, o que mais me incomodou na altura do seu lançamento foram os trailers enganadores – ainda assistia aos mesmos há cinco anos atrás. A maior fatia da desilusão que senti foi ter visto um filme que não estava sequer perto daquele que foi publicitado. Agora, com James Gunn (Guardians of the Galaxy) ao leme e uma perspetiva trailer-free, sabia que ficaria novamente dececionado.

O argumentista-realizador teve total liberdade para produzir The Suicide Squad – um privilégio que devia ser concedido a mais cineastas – e isso mostra-se. O conteúdo de teor adulto e violento eleva esta nova adaptação de tantas maneiras, transformando-a naquilo que o seu antecessor devia ter sido logo à partida. Um filme de super-heróis brutalmente sangrento e pesado em ação cheio de humor negro, mas também com personagens emocionalmente convincentes que, sem dúvida, carregam este filme. Permitam-me primeiro abordar a ação, visto que fiquei genuinamente surpreendido com a qualidade deste componente.

Desde planos impressionantemente longos com coreografia de luta excecional até à seleção de músicas quase perfeita que adiciona uma camada de diversão pura às várias cenas, Gunn usa e abusa da liberdade criativa ao seu dispor. Existe algo para todos os espetadores. Se apreciam combates mais sérios, Harley Quinn tem uma cena fenomenal filmada através de um corredor, enfrentando um monte de bandidos aleatórios de forma muito violenta – excelente capacidade física por parte de Margot Robbie (Birds of Prey), que faz a maioria das suas acrobacias. Se preferem as partes cómicas, Peacemaker (John Cena) e Bloodsport (Idris Elba) partilham um dos momentos mais hilariantes e longos de todo o filme.

The Suicide Squad

Os efeitos especiais também são muito melhores do que o esperado. Todas as criaturas e monstros CGI são visualmente cativantes com sombras e texturas muito boas. A escolha de músicas – banda sonora de John Murphy – encontra-se “no ponto”, com alguns bons trocadilhos “escondidos” nas letras. Todas adicionam uma camada extra de entretenimento a cada cena de ação. Todo a violencia, sangue e conteúdo para adultos são mais do que apenas artimanhas. São intrínsecos ao que e como um filme de Suicide Squad deve ser. Definitivamente, não é um filme de humor leve. Provoca os espetadores a rirem-se de piadas sobre as quais não se deviam rir, ironicamente tornando essas partes mais cómicas ainda mais potentes.

Embora seja verdade que nem todas as piadas são eficientes, o equilíbrio de tom geral é decente o suficiente. Não me recordo de nenhum momento em que uma piada tenha caído tão mal que tenha impactado negativamente os minutos seguintes. O maior aspeto menos positivo da “sequela” de Gunn ao infame filme de 2016 é semelhante a um dos problemas deste último: a história genérica, formulaica e previsível. The Suicide Squad ainda carrega os clichés habituais, as fórmulas repetitivas do género e a estrutura narrativa básica. Nenhum espetador entra a antecipar um argumento digno de prémios, mas um pouco de inovação nesta área é sempre bem-vinda.

Para compensar a questão acima, Gunn concentra-se nas estrelas do espetáculo. O que está escrito acima permanece verdade, mas o argumento guiado por personagens tem sucesso na sua missão principal: retratar personagens notavelmente cativantes, com Gunn a conseguir fazê-lo com sucesso. Quase todas as (novas) personagens recebem tempo de ecrã de sobra para partilhar a sua história emotiva, criando uma ligação genuína com o público. A verdade é que importo-me com a equipa e isto é uma grande conquista, especialmente em comparação com a outra adaptação “menos bem sucedida”.

Todo o elenco ostenta uma química tão incrível que qualquer espetador reconhece que os atores se divertiram imenso na realização deste filme. Margot Robbie tem mais tempo de ecrã individual do que qualquer outro ator devido ao enredo a solo da sua personagem, mas a sua interpretação icónica de uma das personagens femininas mais populares da banda desenhada eleva qualquer filme em que esteja presente. Idris Elba (Concrete Cowboy) é um daqueles atores que simplesmente não consegue entregar uma má prestação e o seu bate-boca com um John Cena (F9) gradualmente melhor – o famoso wrestler é tão bom que irá protagonizar um spin-off sobre Peacemaker – é um dos destaques do filme.

The Suicide Squad

Joel Kinnaman (The Secrets We Keep) regressa como Rick Flag, uma das poucas personagens que gostei de ver no filme anterior. Desta vez, a sua personagem parece mais aberta e engraçada, uma evolução que Kinnaman desempenha perfeitamente. Viola Davis (Ma Rainey’s Black Bottom) também está de volta como Amanda Waller que, apesar de não ter muito tempo de ecrã, é sempre um prazer testemunhar uma das melhores atrizes no ativo a dar uma demonstração do seu imenso talento. David Dastmalchian (Ant-Man and the Wasp) é divertido como Polka-Dot Man e Sylvester Stallone (Rocky) como King Shark é o que se chama de casting perfeito.

No entanto, o holofote principal bate forte sobre a atuação de revelação de Daniela Melchior (Parque Mayer) como Cleo Cazo/Ratcatcher 2. Provavelmente consideram que é um comentário patriótico obrigatório, visto que partilhamos a mesma nacionalidade, mas escrevo o seguinte da forma mais imparcial possível. Não conhecia Melchior antes deste filme e certamente não esperava que a sua personagem fosse o coração e a alma de um dos maiores blockbusters do ano. Ratcatcher 2 é a cola emocional do esquadrão, possuindo um coração enorme e uma personalidade extremamente bondosa. É quase impossível não sentir a sua história de vida sincera.

Melchior incorpora lindamente a sua personagem – também portuguesa -, tornando-se instantaneamente numa das favoritas dos fãs do Universo Cinemático da DC, que se encontra a melhorar a olhos vistos. Não consigo deixar de sentir orgulho em finalmente ver um ator/atriz do meu país a brilhar em Hollywood, pelo menos a este nível – Daniela Ruah (NCIS: Los Angeles) merece mais crédito do que aquele que recebe. Alguns cameos e várias referências a Guardians of the Galaxy encontram-se espalhados ao longo do tempo de execução, algo que definitivamente vai agradar os fãs mais ávidos do género.

The Suicide Squad é tudo aquilo que o seu antecessor devia ter sido, tendo tudo o que um filme sobre Suicide Squad merece. Conteúdo adulto adequado com sequências de ação extremamente sangrentas filmadas de forma impressionante e com coreografadas através de planos longos, trabalho de coreografia excecional e efeitos especiais surpreendentes.

Com a ajuda de uma banda sonora espirituosa, James Gunn traz o seu humor negro a um nível hilariante, como já se esperava, embora nem todas as piadas tenham sucesso num argumento ainda genérico, repleto com os clichés habituais e desenvolvimentos formulaicos.

No entanto, o elenco fenomenal eleva a obra no geral com prestações fantásticas de todos os envolvidos, sendo Daniela Melchior um destaque absoluto. Cada membro do esquadrão recebe tempo de ecrã decente para partilhar as suas histórias emocionalmente convincentes, transformando um filme de super-heróis numa narrativa guiada por personagens ao invés de meramente uma equipa de desconhecidos com super-poderes à pancada com um monstro CGI aleatório. Gunn simplesmente não consegue falhar.

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