The Turning acaba de entrar na corrida para Pior Filme de 2020.
Por mais de 100 anos, um conto profundamente assombrador tem aterrorizado o público. The Turning leva-nos a uma propriedade misteriosa no interior de Maine, onde a recém-contratada precetora Kate (Mackenzie Davis) é apontada cuidadora de dois órfãos perturbados, Flora (Brooklynn Prince) e Miles (Finn Wolfhard). No entanto, rapidamente descobre que as crianças e a casa estão a esconder segredos obscuros e tudo pode não ser como parece.
Eu… estou… em choque. The Turning teve imensos problemas de desenvolvimento, incluíndo trocas de realizadores (Juan Carlos Fresnadillo foi a primeira escolha), elenco, produtores (Steven Spielberg foi o principal responsável pelo projeto) e quem sabe o que mais. É mais uma adaptação da famosa história de fantasmas, Turn of the Screw de Henry James, logo seria sempre uma tarefa desafiante criar outro filme de horror com algo único que os outros não possuíssem. Depois de tantas mudanças, o filme finalmente decidiu ficar com Mackenzie Davis como a protagonista adulta, enquanto que Finn Wolfhard e Brooklynn Prince interpretam as crianças.
Substituíram tudo e todos, exceto as pessoas culpadas por este filme falhar tão miseravelmente: os argumentistas. Com todo o respeito pelos irmãos Hayes, mas este é o pior tipo de “mau filme”. Não tem uma única qualidade que se possa elogiar. É um filme sobre… nada! Não tem mensagem, nem propósito, nem estrutura e, por último mas não menos importante, não tem um final. Não estou a brincar, The Turning não tem um fim. É como se alguém gritasse abruptamente “passa para créditos” muito antes de qualquer tipo de recompensa ser entregue.
Todo o filme é uma coleção de cenas repetitivas e aborrecidas que só variam na localização. Sequências com jump scares previsíveis e nada assustadores estão espalhadas por todo o tempo de execução, sem qualquer significado ou objetivo no seu interior. São perto de noventa minutos de build-up para absolutamente nada. Este não é um daqueles casos em que o final é simplesmente ambíguo e em que as pessoas podem interpretá-lo de várias maneiras. Por mais desconcertante que possa parecer, este filme de horror monótono, clichê e maçante não possui um final. Tenho que repetir para que realmente acreditem no que estou a escrever.
Mesmo ignorando este último ato (inexistente), o resto do filme continua a ser horrível. Como espetador, saber mais do que a personagem principal sobre o que está a acontecer ou sobre o que está prestes a ser revelado é quase sempre um aspeto perigosamente negativo em relação ao género respetivo. Não só há uma falta de um ambiente assustador ou assombroso, como a narrativa levanta dezenas de perguntas lógicas que eventualmente não recebem resposta. The Turning até começa razoavelmente bem, faz-me investir um pouco na personagem de Davis, mas rapidamente se torna numa das experiências mais provocadoras de bocejos que tive este ano.
Normalmente, tento agarrar-me às prestações do elenco para me ajudarem a ultrapassar as partes mais complicadas do filme. No entanto, Mackenzie Davis (de quem gostei muito em Terminator: Dark Fate) gradualmente começa a tornar-se desinteressante e Finn Wolfhard entrega a pior prestação que alguma vez vi dele. Brooklynn Prince é boa para a idade dela, mas não deixa de ser uma criança de 9 anos, por isso… Barbara Marten como Mrs. Grose é provavelmente a única performance decente, mas, tal como o filme em si, não tem nenhum impacto real em nada. Tecnicamente, a banda sonora é estranha e, em vez de elevar as sequências assustadoras, transforma-as num concerto de rock, por alguma razão. A edição também carece de consistência.
Honestamente, pensei que Fantasy Island seria uma aposta segura para o prémio de “Pior Filme de 2020”, mas The Turning acaba de entrar na corrida. Por mais logicamente absurdo que o primeiro possa ser, pelo menos tem um final. É ridículo, certo, mas é, de facto, um fim. Já o último não só peca por não ter uma recompensa para os noventa minutos de build-up, mas também não possui absolutamente nenhuma qualidade redentora. Descrever um filme numa só palavra nunca foi tão fácil: “nada”.
É um filme sobre nada! Sem significado, sem mensagem, sem propósito, sem sentido lógico. Uma viagem extremamente aborrecida através de uma mansão com jump scares previsíveis, uma banda sonora esquisita e um elenco que entrega prestações desapontantes. É uma história sem qualquer emoção repleta de perguntas sem resposta e não, não é um daqueles casos de “narrativa ambígua”.
Sem quaisquer dúvidas, não recomendo The Turning, a menos que desejem aquela frustração de assistir a um filme incompleto.