Análise – Call of Duty: Modern Warfare

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Chega a reta final do ano e somos novamente convidados a vestir coletes à prova de balas e a pegar nas nossas armas favoritas para combater as forças do mal, com mais um episódio da longa série de ação da Activision, Call of Duty.

Call of Duty: Modern Warfare é o jogo deste ano, desenvolvido pela Infinity Ward, que fez uma viagem no tempo para recuperar modos ausentes da edição do ano passado e tirar notas ao seu legado, com um reboot de uma das subséries mais marcantes de Call of Duty.

A minha relação com a série é feita de altos e baixos. Com uma preferência no lado singular destes jogos, com o meu favorito a ser Modern Warfare 2. Desde 2009 que comecei a ver a série a repetir-se, vezes sem conta, apesar das mudanças de ambiente e decisões arrojadas, como a remoção da campanha em Black Ops 4.

Com uma jogabilidade que, para um jogador casual como eu, parecia imutável de jogo para jogo, e com campanhas que se pareciam cada vez mais a carrosséis e montanhas russas em modo automático, ou modos multijogador iguais a tantos outros, as minhas expetativas para este novo capítulo eram moderadas. Mas felizmente fui surpreendido, com um título digno do nome que apresenta e um pacote sólido que me agarrou mais tempo à consola do que estava à espera.

Enquanto fã de experiências a solo, o regresso da campanha (ausente em Black Ops 4 em detrimento de um ambicioso modo Battle Royale) deixou-me em pulgas para ver o que a Infinity Ward ia trazer para cima da mesa.

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Já estava à espera de uma campanha curta, mas, por vezes, a longevidade das campanhas não depende só do tempo que demoramos nela, mas da forma como os jogos oferecem situações e oportunidades que tiram partido de todos os segundos que passamos com o comando na mão. Com 14 missões distintas, Call of Duty apresenta uma campanha densa e variada, suportada por uma trama de qualidade, um elenco carismático, visuais incríveis e uma jogabilidade melhorada, que, por extensão, levou-me a explorar muito mais este jogo no lado multijogador.

Cada missão da campanha segue a formula familiar de introduzir diferentes mecânicas. Ora numa temos o shooting normal, noutra controlamos drones, depois estamos a disparar de um helicóptero, passamos para uma área onde a temos que defender com snipers, etc. Não necessariamente nesta ordem é claro, mas isto para dar a entender que cada missão é única à sua maneira, com algumas a fazerem coisas completamente novas e surpreendentes, que nos colocam em diferentes situações sem armas e que ajudam a estabelecer um ritmo bem mais pausado e, por vezes, cinemático.

Este lado cinemático é a palavra de ordem da campanha, com uma forte narrativa que nos coloca na pele de diferentes personagens carismáticas, com as suas próprias histórias, passados e fantasmas. Entre missões no presente e até flashbacks, cada personagem é muito bem-apresentada e, no fim, somos mesmo capazes de criar um interessante laço raro, um sentimento que a última vez que tive foi em Infinite Warfare.

Com um novo motor de jogo que tira partido das tecnologias modernas dos PCs e consolas, Call of Duty nunca teve tão bom aspeto, dando maior salto visual que a série alguma vez apresentou.

Inspirando-se em eventos bélicos contemporâneos, explorando a máquina de guerra fantasma, que tanto vemos ser esmiuçada em filmes e séries de espionagem militar, é fácil fazer comparações a cenários, ambientes e objetos reais e concluir o quão realistas os gráficos podem ser neste jogo.

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A variedade das missões leva-nos a zonas abertas e desertas onde o sol brilha forte, a florestas noturnas, às ruas de Londres, grutas e assaltos de edifícios com recurso à visão noturna. Todos estes cenários e situações são apresentados de forma tão autêntica que, por vezes, parece que estamos a assistir a gravações reais top-secret, numa experiência super imersiva.

No entanto, todo este realismo apresenta perigos, nomeadamente a forma como a Infinity Ward escolheu apresentar a trama dos eventos do jogo e o seu mundo, recorrendo várias vezes a situações extremamente violentas e desconfortáveis, especialmente quando algumas das ações mais delicadas estão nas mãos do jogador. Estes são momentos raros e ajudam na ilusão de escolha e da alteração do rumo da história, que podiam ser um pouco mais contidos. Atos e crimes de guerra são reais, a mensagem do jogo é enviada de forma eficaz logo no início do jogo e estes momentos parecem, por vezes, muito forçados e desnecessários.

Tal como os visuais, e aliada aos mesmos, a jogabilidade dá também o maior salto que a série já viu. Com um nível de detalhe muito maior a nível das animações das armas, controlar as nossas personagens é agora muito mais agradável, com efeitos de motion blur nos objetos em movimento e na câmara, que, em conjunto com os 60FPS do jogo, oferecem uma experiência fluida e dinâmica.

Intuitiva, rápida e variada, a jogabilidade de Modern Warfare oferece novos detalhes, como podermos fazer cover entre paredes ou recarregamentos enquanto fazemos zoom, que, conjugados com um excelente arsenal de armas – todas elas com a sua própria personalidade -, tornam todas as missões e objetivos únicos à sua maneira, dependendo das ferramentas que nos são apresentadas.

A campanha é, no geral, extremamente satisfatória graças a este pacote de elementos, tornando-se ainda melhor graças ao fan-service para aqueles que conhecem a série, em particular a trilogia original de Modern Warfare, de onde vemos o regresso do quase sempre presente Captain Price.

Por estas razões, dei por mim a ficar muito mais investido nos modos multijogador do que estava à espera. Não sendo este ponto o meu lado favorito destes jogos (ainda que seja para a maioria dos jogadores o mais importante), vou só fazer um apanhado do que existe e do que mais gostei.

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Para além da Campanha, Call of Duty: Modern Warfare volta a apostar em modos mais focados e larga o popular Battle Royale, mas oferece modos com escalas bem próximas desse, como o modo Ground War que coloca 64 jogadores divididos em duas equipas, num enorme mapa onde com diferentes objetivos de cooperação e competição, semelhantes ao que encontramos em jogos concorrentes como o Battlefield.

Os restantes modos subdividem-se de acordo com as preferências dos jogadores no que toca a objetivos e estilos de jogo, culminando num novo modo de 2 contra 2, chamado Gunfight, onde equipas de dois jogadores tentam fazer o máximo de kills, em mapas mais limitados, onde as regras mudam de ronda para ronda e onde somos obrigados a estar sempre em movimento.

Outra parte do multijogador que também me agradou, e que deverá agradar aos jogadores menos competitivos, é o lado cooperativo, com as missões Spec-Ops, uma série de missões curadas com objetivos narrativos, que servem de extensão da campanha. Estas partidas podem ser jogadas com mais quatro amigos, ou jogadores aleatórios, e oferecem uma experiência quase tão emocionante como a campanha, mas bem mais acessível do que com outros oponentes humanos.

Aqui ficam a ganhar os jogadores da PlayStation 4, que encontram um sub-modo exclusivo (até ao final de 2020) chamado Survival, que consiste em partidas de sobrevivência enquanto derrotamos ondas de inimigos, sempre com uma dificuldade crescente.

Este ano, a série Call of Duty introduz uma funcionalidade especial, que pode muito bem ser o futuro dos jogos do género e não só, o cross-play, que, à semelhança do que títulos como Fortnite ou Rocket League fazem (a títulos de exemplo), permitem que os jogadores da PlayStation 4, Xbox One e PC possam combinar partidas juntos, independentemente da sua plataforma favorita.

Esta funcionalidade pode ser vista de uma forma suspeita, mas a sua implementação foi feita de forma a agradar a todos. Por um lado, temos uma comunidade muito maior que garante o encontro de partidas muito mais fácil, sempre com jogadores disponíveis; podemos jogar com amigos que tenham uma plataforma diferente da nossa e até adicioná-los à nossa lista com a conta da Activision. Por outro lado, se jogam com comando e acham que os jogadores de teclado e rato (mesmo nas consolas) têm vantagem, temos filtros para ajustar a procura de partidas mais ajustadas à nossa preferência.

No fim de tudo, temos um Call of Duty cheio de conteúdo. É extremamente compreensivo, variado e refinado. Com uma forte campanha que, honestamente, é uma das melhores da série e uma panóplia de modos multijogador para explorar, o novo Modern Warfare é perfeito para os fãs do género, curiosos e casuais se divertirem horas e horas a fio.

Nota: Muito Bom

Call of Duty: Modern Warfare

Plataformas: PC, PlayStation 4 e Xbox One
Este jogo foi cedido para análise pela PlayStation Portugal.

Com Modern Warfare, a Infinity Ward carregou no botão de reset de uma das sub-séries mais importantes da história de Call of Duty, com o remake de um clássico que dá alguns dos saltos mais significantes a nível visual e de jogabilidade que a série já teve.

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