Sem dúvida alguma a melhor máquina de café que já tive oportunidade de experimentar.
Foi a 5 de junho, numa masterclass dedicada apenas a bloggers e jornalistas, que tive a oportunidade de conhecer a novíssima máquina de café da Sage, a Barista Touch Impress. E desde logo fiquei fascinado, pois apresentava-se como uma versão melhorada da Sage Barista Express Impress, que experimentei no ano passado.
Esta nova máquina de café ficou disponível em Portugal no passado mês de setembro. Pouco depois, tive oportunidade de lhe meter as mãos em cima aqui por casa e, nas últimas semanas, tem sido uma preciosa ajuda naqueles dias em que tenho demasiado trabalho para despachar e preciso de uma energia extra. Uma coisa posso dizer desde já: tirar aquele café impecável nunca foi tão fácil.
Aprender a gostar de café é um processo que se vai tornando habitual ao longo da vida. Começamos por beber com açúcar, depois passamos a beber sem açúcar, e a partir daí queremos experimentar sabores diferentes.
Quem tem por hábito beber café em casa, muito provavelmente opta pelo sistema de cápsulas. É só inserir e esperar que o líquido comece a sair. Mas quem procura ir mais além, sabe que beber café de cápsula não é suficiente, apesar da panóplia de marcas que aposta neste formato.
Desde cedo que me habituei a gostar de café, muito por culpa dos meus pais, que ao longo do tempo experimentaram não só máquinas da Nespresso, Delta Q e Nescafé Dolce Gusto, mas também máquinas automáticas de moer grão. Há uma panóplia de marcas com máquinas em que basta despejar os grãos de café, esperar pela moagem e pelo café propriamente dito. Já a Sage Appliances quer que façamos esse trabalho “manualmente”, pois só assim nos conseguiremos tornar verdadeiros baristas.
O que há de diferente nesta Barista Touch Impress? É muito parecida com a Sage Barista Express Impress, mas o que esta já fazia de bom, este novo modelo consegue fazer ainda melhor. E com uma novidade: um ecrã touch bem responsivo.
Dito isto, e ao fazer o dito unboxing, a experiência foi praticamente a mesma que nas máquinas Sage que já me passaram pelas mãos. Estão incluídos o manípulo de café de aço inoxidável de 54mm, a jarra de leite em aço inoxidável, cestos de filtro de parede dupla (para usarem com café pré-moído), os cestos de filtro de parede única (para usarem com grãos de café moídos no momento), um filtro de água e suporte do filtro, um disco de limpeza, pastilhas de limpeza, uma escova de limpeza, uma ferramenta de ajuste de dose de precisão Razor, pó descalcificador, e, ainda, uma ferramenta de limpeza para bocal do vaporizador. Vão, eventualmente, necessitar de utilizar todos estes acessórios, portanto guardem-nos num sítio seguro. E sim, tal como na Sage Barista Express Impress, também aqui a prensa está integrada na própria máquina – que alívio!
A Sage Barista Touch Impress traz também um depósito de grãos de 340g (com sistema de bloqueio para remoção, armazenamento e transferência fácil dos grãos de café) e conta com um moinho integrado com trituradores cónicos, botão de ajuste do grau de moagem, tabuleiro de armazenamento (localizado atrás da bandeja de gotejamento) para acessórios, bandeja de gotejamento removível com respetiva grelha e depósito de água removível de dois litros (onde colocam um filtro de água para reduzir o calcário e as impurezas).
Primeira utilização da Sage Barista Touch Impress
Tratando-se de uma máquina de café expresso, requer alguns cuidados que outras máquinas automáticas não necessitam. Primeiro que tudo, devem instalar o filtro de água. Para isso, têm de lavar bem o suporte do filtro com água. Feito este passo, insiram o filtro nas duas peças do suporte do filtro. Seguidamente, devem remover o depósito de água da máquina, inserir o filtro no local indicado e, naturalmente, encher o depósito de água com água fria potável – por esta altura, certamente deverão saber que não devem utilizar água altamente filtrada, desmineralizada ou destilada, pois pode afetar o sabor do café. A Sage indica que devem substituir a água diariamente, mas deixamos essa decisão ao vosso critério.
Em seguida devem instalar o depósito de grãos na parte superior da máquina, rodando o botão para um correto bloqueio do mesmo. Depois basta enchê-lo com grãos de café frescos – recomenda-se que usem grãos de café 100% Arábica de qualidade com uma data “Torrado em” no saco.
Como já devem saber, uma primeira utilização de um novo produto requer sempre um ciclo inicial de limpeza. No caso da Sage Barista Touch Impress, depois de terem feito tudo aquilo que mencionámos, basta premir o botão Power e seguirem as instruções que vão surgindo no ecrã. Não tem nada que saber. Mas é logo aqui que surge uma das diferenças relativamente ao modelo anterior.
O modelo Sage Barista Touch Impress aquece em apenas três segundos graças ao sistema de aquecimento ThermoJet. Esta é logo uma grande diferença face à Sage Barista Express Impress, que necessitava de 55 segundos para ficar totalmente operacional.
A partir daqui podem seguir, mas, antes disso, convém explorar todas as opções apresentadas no ecrã tátil. Assim que a ligam, deparam-se com um menu onde surgem uma série de bebidas predefinidas.
Um ecrã tátil a cores que nos guia e com muitas opções
Neste modelo, a Sage concentrou o manual de instruções da máquina no topo direito do ecrã, na rodinha das definições, uma clara diferença face ao ecrã da Sage The Oracle Touch, que apresentava, no topo esquerdo do ecrã, o ícone “i”, onde aí acedíamos ao manual de instruções da máquina.
Mas se entrarmos efetivamente nas definições da máquina, encontramos um menu dividido por três secções: Manutenção, Definições de bebidas e uma terceira, com o nome de Outro, com definições menos importantes.
Explorando a secção Manutenção, têm opções como Limpar Vaporizador (a limpeza regular do vaporizador é necessária para a manutenção e para manter o sabor excelente do leite), Limpeza da unidade de extração (requer uma pastilha de limpeza, devendo fazer-se regularmente para preservar o desempenho de extração ideal) Descalcificar (para evitar o excesso de calcário) e Mudar filtro de água (essencial para garantir que a vossa máquina funciona durante mais tempo com água limpa e com o mínimo de excesso de calcário). O melhor de tudo? A máquina irá pedir-vos que efetuem uma dessas ações sempre que necessário, bastando seguir o tutorial passo-a-passo que irá surgir no ecrã. Não tem mesmo nada que saber.
Já na secção Definições de bebidas, muito importante para a máquina, têm opções como Configuração de extração inteligente, Predefinição de leite, Dose inteligente (caso queiram gerir o tempo de moagem manualmente) e temperatura de extração (podem ir até ao “Mais frio 4” ou até ao “Mais quente 4”), Tutorial de café (passo a passo de como tirar o primeiro café ou outra bebida) e, ainda, Bebidas personalizadas.
Por exemplo, quando tiverem grãos novos, podem recorrer à Configuração de extração inteligente para calibrar e, dessa forma, obterem o melhor sabor. Demora aproximadamente cinco minutos, mas podem ser necessárias duas a três extrações para concluir o processo. Neste caso, terão de definir se os vossos grãos foram torrados nos últimos 30 dias ou noutra data sobre a qual não tenham a certeza. Independentemente da opção escolhida, terão depois de optar pela utilização do cesto de filtro de parede única de uma chávena, para um café mais fraco, ou pela utilização do cesto de filtro de parede única de duas chávenas, para um café mais forte – os cestos de parede única são para ser usados apenas com café moído no momento. Em segunda ajustam o grau de moagem – a máquina recomenda definirem para 15 -, mas tenham a noção que, quanto mais fina for a moagem, mais lenta será a extração. Depois basta então tocar na imagem do manipulo do café para iniciar o processo de moagem.
Outra secção mais importante do que julgam é a da Predefinição de leite, que permite escolher entre quatro tipos de leite: animal, amêndoa, aveia e soja. Isto é especialmente importante uma vez que a Sage Barista Touch Impress conta com a tecnologia Auto MilQ, uma solução que permite fazer espuma de forma eficiente e precisa tanto as bebidas vegetais (aveia, amêndoa e soja) como o leite de vaca, de acordo com as suas diferentes propriedades.
Devido às gorduras e proteínas que contêm e às características de formação de espuma, as bebidas vegetais são muito mais fáceis de processar e aquecer do que o leite normal. Assim, a tecnologia Auto MilQ reconhece essas diferenças e calibra automaticamente a temperatura, o tempo, a pressão do ar e do vapor com base no leite utilizado pelo consumidor. Isto garante a obtenção de uma “microespuma” suave, resultando num latte perfeito com o melhor sabor. E numa altura em que cada vez mais pessoas optam por alternativas ao leite tradicional, esta é, sem dúvida, uma mais-valia.
Mas vamos ao que interessa realmente no ecrã inicial: as bebidas. E de fábrica, estas são as que são apresentadas por “defeito” de fabrico: Espresso, Latte, Flat White, Cappuccino, Café Crema, Americano, Chocolate Quente, Babyccino, Chá e Leite. Se quiserem, podem ainda editar ou eliminar uma bebida guardada, bastando que, para isso, mantenham premida a imagem da bebida no carrossel do ecrã inicial durante três segundos.
A preparação é muito simples, sendo feita em dois/três passos, dependendo das bebidas. Vamos para o mais fácil, um Espresso. Primeiro que tudo, têm de definir o grau de moagem, sendo que, no caso da Barista Touch Impress, vai do 1 ao 30. Lembram-se do que dissemos anteriormente? Então experimentem colocar no 15.
Feito isto, colocam um dos cestos de filtro, seja para uma ou duas chávenas, no manípulo de café, e inserem o manípulo na base da moagem. E clicam no ícone da moagem. Tal como referimos antes, quanto mais fina for a moagem, mais lenta será a extração. Mas neste caso, como teoricamente definiram o grau de moagem 15, a moagem vai ser bastante rápida.
Finalizado esse passo, basta darem à manivela para a prensa integrada entrar em ação. Esta fornece uma pressão constante de 10 kg na dose, finalizando com um giro profissional de 7° de barista para uma dose mais polida. Basicamente, a máquina tem um alavanca no lado esquerdo que deve ser empurrada para baixo para a posição final até que um sinal sonoro seja emitido e que surja um tracinho verde a dar indicação de que está tudo ok. Se a dose, por algum motivo, for insuficiente, surge a indicação do tracinho a vermelho, pelo que bastará moer mais um bocadinho de café e repetir o processo de prensagem. Se a dose for excessiva, terão de retirar o excesso de café moído e repetir o processo de prensagem. Mas uma coisa é certa: assim que o nível de dose ideal é atingido, a máquina atualizará automaticamente a duração da dose automática para o ciclo seguinte.
É muito muito fácil e, honestamente, a prensa integrada, mas que requer ação manual, funciona muito melhor que uma prensa automática.
Recomenda-se, até para preservarem o seu movimento ao longo dos anos, que empurrem a alavanca de forma lenta e consistente. E após o sinal sonoro, devem soltar a alavanca lentamente para cima até à posição inicial.
Em seguida, basta inserir o manípulo de café na unidade de extração e, uma vez encaixado, rodar para a posição LOCK TIGHT (BLOQUEAR FIRMEMENTE) até sentirem resistência, o que significa que está bem preso. Finalmente, clicam em extrair. E basta apreciar.
Este é somente um exemplo, o mais simples, para colocar a Sage Barista Touch Impress a funcionar. Se quiserem fazer um Americano, por exemplo, vai entrar em ação o terceiro passo que falei anteriormente, neste caso para água quente. O mesmo acontece para um Cappuccino. O primeiro passo/ícone é para a moagem e prensagem, o segundo passo/ícone é para a extração, e o terceiro passo/ícone vai servir para a texturização de leite.
Um café que já era bom… fica ainda melhor
Com esta máquina, será verdadeiramente difícil que o vosso café não saia em condições. Estou em posição de dizer que isso é quase impossível, uma vez que têm a papinha toda feita: carregam no ícone do ecrã para moer, depois puxam a avalanca para prensar (duas vezes, de preferência), em seguida retiram o manípulo e inserem-no no local para extração do café, depois carregam no botão de extrair… e está feito. É literalmente só e apenas isto. Mais fácil só mesmo naquelas máquinas totalmente automáticas, mas aí é difícil personalizar o café 100% ao nosso gosto.
Basta que tenham a mínima atenção aos pormenores. Por exemplo, o cesto de filtro de uma chávena serve para quando quiserem um café curto, enquanto que o cesto de filtro de duas chávenas serve para quando quiserem dois cafés curtos ou, então, um único café, mas mais forte. Para indicação, o cesto de uma chávena serve para entre 8-11 gramas de café, ao passo que o cesto de duas chávenas serve para entre 16-19 gramas de café.
O tipo de moagem utilizada também é importante para a utilização destes cestos. Isto é, quando utilizarem uma moagem mais fina para um café expresso com o cesto de filtro de parede única, poderá ser necessário aumentar o grão de moagem para garantir que o cesto de filtro tem a dose certa. Parece complexo, mas é mesmo questão de habituação.
Falando da moagem propriamente dita, é, possivelmente, o passo mais importante para que os vossos cafés sejam um sucesso. Os mais entendidos deverão saber que o grau de moagem deve ser fino, mas não demasiado fino. É que o grau de moagem afeta a taxa do fluxo de água através do café moído no cesto de filtro e o sabor do café expresso.
Sendo mais específicos, se o café moído parecer pó, quase como se fosse farinha, isto fará com que a água não atravesse o café, mesmo sob pressão. Resultado? Um café com uma cor escura e um sabor amargo. Por outro lado, se a moagem for demasiado grossa, a água atravessa muito rapidamente o café no cesto do filtro. Neste caso, e contrariamente ao exemplo anterior, terão um café com falta de cor e de sabor.
No meu caso, por exemplo, vi-me “obrigado” a ir baixando o grau de moagem à medida que o tempo ia passando. Apercebi-me que a máquina necessita de pelo menos 23 segundos de extração para considerar que um café é um sucesso. Abaixo desses 23 segundos, a máquina irá pedir para diminuir o grau de moagem. Por outro lado, se o o grau de moagem for demasiado baixo, a extração irá durar imenso tempo, como por exemplo uns 40 segundos, e a máquina irá pedir-vos para, então, aumentarem o grau de moagem, uma vez que, nesse caso, basicamente nem sai café – apenas água com sabor.
E quanto ao café, comprem sempre com a data “torrado em”, ou seja, nunca confiem na data “consumir até” como indicador de frescura. Aliás, para obterem melhores resultados, sugere-se que usem café torrado nos últimos 30 dias, ainda que os grãos de café estejam no período ideal de consumo entre 5-20 dias após a data de torrefação – o café caducado pode sair demasiado rápido dos bicos do manípulo de café e ter um sabor amargo e aguado.
Mas seja um Espresso, um Americano, um Cappuccino ou outra bebida, em nada a Sage Barista Touch Impress deixou a desejar. Muito pelo contrário.
Não tenho nada de negativo a apontar sobre esta máquina, na verdade. Os únicos apontamentos que posso fazer são dois: gostava que o vaporizador do leite estivesse um bocadinho mais afastado em relação ao local de extração do café, mas isso iria tornar a máquina mais larga; e gostava de perceber porque é que, utilizando café pré-moído, a máquina dá sempre o aviso para diminuir o grão de moagem… quando isso é literalmente impossível de fazer.
De resto, não podia pedir melhor máquina para o meu dia-a-dia. É simplesmente fabulosa. Está disponível no site da Sage por 1.299€.
