Industria – Mais uma vez, com a mesma emoção

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Depois da estreia no PC, Industria chega às consolas e continua a ser uma experiência deliciosa para os fãs de ação e aventura na primeira pessoa.

No final de 2021, foram poucos os videojogos que se destacaram. Nem os suspeitos do costume, como as séries Call of Duty e Battlefield, conseguiram captar a atenção dos seus fãs, muito menos dos curiosos e até da crítica especializada. Viviam-se tempos de interregno, na vã esperança de 2022, já no pós-confinamento, encontrarmos os grandes lançamentos há muito prometidos pelos grandes estúdios da indústria dos videojogos. Foi neste cenário de pausa que surgiu Industria, um jogo de ação e aventura na primeira pessoa, muito inspirado em Half-Life, que recuperou a experiências deliciosas dos tradicionais títulos do género, onde a narrativa é tão importante como a construção do seu mundo e os combates impiedosos. Meses depois, Industria chega finalmente às consolas, em busca de um novo público e, quem sabe, do respeito que tanto merece.

Quis o destino trocar novamente as voltas à Bleakmill e Industria chega uma vez mais à mãos dos jogadores em tempos de interregno, de adiamentos e cancelamentos, com 2023 a ser agora o palco para os grandes lançamentos que aguardamos pacientemente. Este é um cenário ideal para Industria, um jogo curto e de baixo orçamento, o projeto de paixão de uma equipa pequena que ambicionou criar algo com valor sentimental, mas o mesmo havia acontecido em 2022 e presumo que muitos poucos de vocês conheçam este jogo. Esta análise, focada na versão PS5, serve exatamente para reforçar o quão Industria merece a vossa atenção. Se Doom, Dusk e Amid Evil são homenagens aos jogos de ação da primeira metade dos anos 90, já Industria é descendente de Half Life, The Chronicles of Riddick e até Singularity, cuja aventura move-se através da narrativa, da exploração e da ação inteligente, onde os puzzles são uma constante.

O que é mais impressionante é que Industria não é um título original ou alimentado por uma mecânica inovador ou invulgar; nada. É apenas um jogo de ação na primeira pessoa absolutamente sólido, clássico e com um ritmo perfeito, onde a sua curta duração enaltece a experiência de explorarmos a sua realidade alternativa de robots e inteligências artificiais. A jogabilidade é muito intuitiva e sem grandes variações à fórmula tradicional deste género de videojogos, mas a exploração e a construção do mistério complementam a sua falta de originalidade ao criarem uma realidade que queremos conhecer melhor e uma história mais pessoal, com Nora, a nossa protagonista, em busca de Walter, o seu namorado, 20 anos depois do seu desaparecimento – e dizer mais seria entrar por spoilers.

Nas consolas, Industria é exatamente o mesmo jogo e só isso vale o preço de admissão. Não se irão arrepender se forem fãs do género e da Valve, mas é preciso apontar o dedo a algumas questões. Na minha análise à versão PC, identifiquei vários problemas de desempenho e a existência de bugs que dificultaram a progressão da campanha, ao ponto de ter encontrado um momento específico do jogo onde não conseguia avançar sem Industria ir abaixo. Na PS5, estes problemas foram resolvidos, frutos de patches e do apoio dos produtores, mas parece que algo se perdeu. A fidelidade visual não acompanha tão bem a direção de arte, como se a definição tivesse sofrido algum downgrade, e a passagem para o comando condicionou a jogabilidade a uma mira menos satisfatória e a novos atalhos. Não são problemas que vos impossibilitem de disfrutar de Industria, mas demonstram o quanto estes jogos florescem no PC e nem tanto nas consolas. No entanto, valorizo a adição de opções de acessibilidade e a possibilidade de personalizarmos a mira, a câmara e os controlos de Industria.

Meses depois, Industria continua a ser um excelente jogo de ação na primeira pessoa e um pequeno doce para os mais saudosistas. Não se assustem com a sua curta duração ou com a ausência de inúmeras armas ou inimigos: vão pela experiência. Seja no PC ou nas consolas, Industria merece a vossa atenção e é mais um exemplo do quão os produtores independentes conseguem não só captar o saudosismo da indústria dos videojogos, como arriscar em novos projetos e conseguir levá-los a bom porto. Tal como em 2021, a Bleakmill continua de parabéns e fico na expetativa para ver o que vão fazer a seguir.

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Cópia para análise (versão PlayStation 5) cedida pela Plan of Attack.

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