Análise – DIRT 5 (PlayStation 4)

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DIRT 5 é o grande rival de WRC, mas, com este capítulo, distancia-se bastante do rally puro, sem descurar da oferta de doses grandes de diversão.

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A Codemasters sabe bem o que faz, visto que já com F1 2020 conseguiu levar a franquia ao melhor capítulo em muitos anos. Com DIRT 5, levam o jogo para outros caminhos, mais longe do rally puro de Colin McRae e mais perto do todo-terreno em modo Arcade (idêntico a Project Cars 3).

A imagem e interface do jogo sofreram alterações, com foco nas cores vivas e berrantes e desenhos animados, se bem que um pouco infantis. É ousado, mas acredito que o intuito passe por cativar os mais novos, sem desagradar aos fãs mais antigos. Pessoalmente não me incomoda muito, visto que já venho habituado de FIFA que, cada vez mais, opta por grafismos berrantes em detrimento dos grafismos sólidos de tempos passados.

O menu é bastante simples e intuitivo, sendo de ecrã único e estando dividido em seis opções das quais quatro são de competição. Há, portanto o perfil (onde criamos e alteramos o cartão de jogador), a nacionalidade/região, o número usado no carro em corridas, ter acesso às definições de jogo e ver os créditos.

Em garagem temos acesso à lista de todos os carros do jogo, na qual alguns deles já estão disponíveis de início, enquanto que outros podem ser comprados com o dinheiro que se faz nas corridas. Em cada carro, há a possibilidade de usarem o modelo pré-definido, personalizar a gosto (com quatro slots distintos disponíveis) ou usar personalizações clássicas de corrida desbloqueadas com o nível de reputação ou add-ons baixados da store.

Nas personalizações existem uma porrada de opções (desbloqueáveis por evolução ou com dinheiro ganho nas corridas), mas prendem-se apenas com a “skin” do carro (cores/padrões do carro e jantes, stickers e sponsors). A nível estrutural, não há possibilidade de alterar o carro. Por um lado, os carros em si já estão alterados estruturalmente e grande parte dos modelos são brutais, mas, por outro, há sempre aquela vontade de poder personalizar além do aspeto gráfico. Compreendo, mas julgo que não havia problema se fosse permitido aventurarmo-nos mais na garagem.

A variedade de carros é gigante, setorizados por categorias que, na altura de correr, mediante a pista, podemos escolher de um leque de veículos que não é extenso, mas suficiente. Isto porque, no geral, há dezenas de modelos, mas estão dispersos por 12 categorias distintas (Off-Road, Rally GT, Classic Rally, Cross Raid, Rock Bouncer, Rally Cross, etc), daí parecerem poucos.

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A melhor forma para desbloquear carros, enquanto se divertem, é embarcar no modo de carreira. A interface do modo de carreira é muito simples com três áreas apenas (Events, Throwdowns, Sponsors). Events é a principal, com uma lógica de organigrama, onde podem optar por dar rush, seguindo apenas uma linha de eventos para chegar ao fim do jogo o mais rápido possível, ou fazer todos os eventos de cada etapa. À medida que completam etapas, desbloqueiam os Throwdowns, onde também podem competir, apesar de não ser muito claro o objetivo.

Sponsor é uma área muito mal desenvolvida, onde podem definir qual o vosso patrocinador com base em bónus de corrida. O facto de ser do mais simples que há faz com que fique facilmente esquecida.

Basicamente, aparte dos Events, que têm uma sequência, o modo de carreira deixa muito a desejar. A nível de opções é bastante limitado ,e no que toca a acompanhamento, tem apenas uma voz de fundo que interage pontualmente, mais em tom de conversa ocasional do que orientação. Ou seja, se não existisse, não fazia diferença nenhuma.

Fora do modo de carreira, os outros modos que existem para competir são: Online, que não funciona muito bem, pois volta e meia vai abaixo (que é um problema geral do jogo); Arcade, que serve para competir da mesma forma que no modo carreira, mas podemos escolher a pista que queremos em vez de ter de seguir o organigrama a competir até chegar à pista que queremos, sendo ainda possível competir contra amigos em splitscreen; e o Playgrounds, deveras interessante (caso o jogo esteja a funcionar online), na medida em que podem competir em pistas criadas por jogadores do mundo todo (existem muitas brutais e bastante originais). Em Playgrounds, podem também criar a vossa própria pista, sendo o editor relativamente intuitivo e a diversidade do que se pode criar é excelente (à semelhança de Tony Hawk Pro Skater 1+2).

A jogabilidade é boa e muito simples de dominar (a dificuldade intermédia é fácil), o que vai agradar aos mais inexperientes em jogos de corridas, pois com meia dúzia de corridas em cada pista já ficam a conhecer o terreno e a abordagem a ter em cada curva. Para os jogadores mais experientes, não é o maior desafio, pois como simulador de corridas, DIRT 5 fica um pouco aquém de outros jogos do género. No entanto, a condução é divertida, independentemente das pistas.

As pistas são todas elas magníficas, com particularidades interessantes em cada tipo de piso, variando entre o alcatrão (bastante aderência), a gravilha (com alguma aderência), a terra (com pouca aderência), o gelo (zero aderência) e a lama (que oferece resistência). Pessoalmente, adorei jogar nas pistas de lama no Brasil e China, que são as duas pistas disponíveis enquanto o jogo está a instalar, bem como na pista de gelo no Nepal, na path finder em Marrocos (que é enduro), na pedreira em Itália em gravilha e no circuito da Noruega, num misto entre gravilha e neve.

Parte da diversão passa muito pela diversidade de pistas, pisos e resposta dos carros à mesma. Deixa é um bocado a desejar a forma com são expostas as características de cada carro, mais uma vez por ser demasiado simples.

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Chego agora ao ponto que, para mim, torna este jogo brutal, que é tudo o que envolve os gráficos, que por si só já valem o preço do jogo. Ainda na geração da PlayStation 4 e Xbox One, as pistas estão perfeitas e recheadas de pormenores fantásticos. Os carros estão “só” magníficos, quer nos detalhes, no brilho, nos contrastes, nas sombras e, sobretudo, nos danos sofridos. Há muita atenção aos pormenores, por exemplo quando há danos no para-choques frontal, de onde salta um pedaço e fica a ver-se o que há dentro do carro – muito bem construído.

A meteorologia e tempo dinâmico estão fenomenais, principalmente nas tempestades de areia nos desertos em determinadas alturas da corrida/zonas da pista, o encadeamento quando estamos a conduzir contra o sol ou a dependência das luzes dos faróis quando estamos a conduzir de noite. Às vezes é fácil esquecermo-nos de que é só um jogo e não a realidade.

No update para a PS5, a nível de gráficos há melhorias, mas o que capta a atenção é mesmo o comportamento do comando durante a condução. No entanto foi sol de pouca dura, pois quando experimentei WRC 9, percebi o quão mal aproveitado está o DualSense em DIRT 5. A decisão simplificar o simulador de condução trouxe as suas desvantagens, mas considero que também houve desleixo por parte da codemasters.

O facto desta franquia se ter afastado um bocado do rally puro poderia ser um ponto negativo, na medida em que ofereceu o monopólio a WRC 9, mas o facto de ter conseguido usar esse distanciamento em proveito próprio para explorar um segmento de mercado diferente pode trazer frutos a médio prazo. Não considero que seja uma decisão estratégica mal pensada.

No geral, DIRT 5 é um jogo muito bom, mas com várias fragilidades. Temos um modo de carreira mal desenvolvido, um modo online que precisa de um patch rápido para o meter a funcionar com consistência e um simulador de condução que precisa de ser desenvolvido ao ponto de ser mais desafiante para quem tem mais prática em jogos de corrida, de forma a usufruir da experiência em pleno. Considero, também, que a playlist podia ter mais músicas, se bem que as que tem estão bem escolhidas.

Como pontos positivos, DIRT 5 oferece facilidade de adaptação para novatos, sendo fácil aprender a conduzir, além de oferecer gráficos magníficos e de apresentar pistas divertidas onde dá gosto conduzir. Isto, por si só, torna DIRT 5 num jogo apetecível e eye-candy para pessoas com o mínimo interesse em jogos de corrida, mas que não sabem ao certo por onde começar. O facto de ter uma atualização gratuita para a nova geração torna-o num bom investimento para quem tem PlayStation 4 ou Xbox One, mas está a pensar comprar uma das novas consolas em breve, pois dá para jogar em ambas, adaptado ao sistema de cada uma delas.

Dito isto, não recomendo DIRT 5 ao pessoal com experiência em simuladores do género, cuja pretensão é adquirir um jogo desafiante, com detalhe e realismo na condução. Muito menos recomendo a quem procura conteúdo complexo dentro do jogo, uma vez que é mesmo muito simples. Recomendo, sim, à malta fã de carros e corridas todo-terreno, que procure sobretudo passar um bom momento a conduzir, com o objetivo de diversão e descontração.

Pessoalmente, no fim de semana em que testei o jogo a sério, senti dificuldades em parar de jogar para ir dormir e acordei a pensar no jogo. A primeira coisa que fiz foi ligar a consola para fazer uma prova rápida antes de comer o pequeno-almoço. Acho mais desafiante e realista jogar F1 ou WRC, mas nenhum deles viciou da mesma forma que DIRT 5 que, como jogo de Arcade de corridas, deve ser dos melhores que aí andam.

Nota: Muito Bom

Disponível para: PC, Xbox One, Xbox Series X|S, PlayStation 4 e PlayStation 5
Jogado na PlayStation 4
Cópia para análise cedida pela Ecoplay.

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