À semelhança do mês de Maio, Junho foi fantástico do início ao fim (mais no fim sobretudo) e, a uma semana do fim do mês, tive a missão de ouvir cerca de mais vinte álbuns de ótima qualidade.
Foi um mês marcado pelo grupo de lendas da música, que decidiram reservar para junho o seu regresso, como foi o caso de Bob Dylan, Neil Young e Don Bryant (ainda que com menos material que os dois anteriores).
Tivemos também a confirmação de que entre família fica tudo mais fácil, com os novos álbuns das irmãs Haim, Chloe x Hale e Larkin Poe. Houve ainda espaço para promessas excitantes, como foi o caso de Rose City Band e Phoebe Bridgers. Sem dúvida que os trabalhos destes dois artistas trazem a promessa de um futuro sorridente.
E os Run The Jewels? Fizeram um poker de álbuns excelentes consecutivos.
Podem saber mais sobre estes artistas e muitos mais na seleção de álbuns essenciais de junho.
Bob Dylan – Rough and Rowdy Ways
Género: Blues/Americana
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Já lá vão mais de 60 anos de carreira para Bob Dylan e a sua genica continua a dar origem a ótimos trabalhos. A vida é em frente e, a nível de estatuto na indústria musical, Dylan segue trilhando o seu caminho sem olhar para os lados e muito menos para trás.
Rough and Rowdy Ways é o seu 39º álbum, contando com as colaborações de Fiona Apple e Blake Mills, e respeita a identidade que sempre quis manter ao longo da sua carreira. Com isto, Dylan continua muito forte no que toca a produzir pedaços belíssimos de storytelling em forma de música, com a capacidade de ombrear com alguns dos seus maiores clássicos, gravados há mais de 40 anos.
Isto vem provar que, apesar da idade ser um posto, é possível não nos resignarmos e continuarmos a dar o melhor de nós à nossa arte. Foi o que Bob Dylan fez e o resultado é um álbum quase perfeito que encaixa bem na metade de cima da sua discografia.
Classificação do álbum: ★★★★★
Músicas a ouvir:
- The Prophet
- My Own Version of You
- I’ve Made Up My Mind to Give Myself to You
- Mother of Muses
- Keywest (Philosopher Pirate)
- Murder Most Foul
Chloe x Halle – Ungodly Hour
Género: R&B
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Fomos presenteados com um revival do R&B de inícios de 2000 e a culpa é de Beyoncé.
Chloe x Halle são duas irmãs que, embora provenientes de Atlanta (Georgia), cresceram em Los Angeles. No início da sua adolescência, estas criaram um canal de YouTube onde lançaram covers feitos por elas próprias, entre eles o da música “Pretty Hurts“, de Beyoncé. Esse cover, lançado em 2013, ganhou bastante mediatismo, chegando eventualmente aos ouvidos da cantora, valendo-lhes, depois, um contrato musical em 2015.
Este ano, Chloe x Halle lançam o segundo álbum que dissemina todas as nuances essenciais para torná-lo num trabalho de excelência dentro do género.
É bom que Beyoncé não adormeça no “trono”, pois este duo chegou cheio de garra e ânsia por agarrar esta oportunidade e espremê-la ao máximo.
Classificação do álbum: ★★★★½
Músicas a ouvir:
- Forgive Me
- Baby Girl
- Do It
- Ungodly Hour
- Busy Boy
- Wonder What She Thinks of Me
- ROYL
Don Bryant – You Make Me Feel
Género: Soul/Blues
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Já quase a chegar aos 80 anos, Don Bryant é dos últimos músicos de uma escola que está quase a “fechar”, muito por culpa do ritmo alucinante de uma sociedade que não consegue abrandar para apreciar música não reciclável. Claro que não é o único factor para este fim anunciado, porque este tipo de música é mais do que arte. É contexto social, contacto com a realidade de uma época e experiência de vida.
Bryant nunca lançou álbuns em nome próprio com muita frequência, tendo parado “de vez” em 2000, só regressando em 2017. Ganhou-lhe o gosto, pois três anos depois quis voltar a fazer das suas, naquele que considero o seu melhor trabalho.
You Make Me Feel é o exemplo perfeito de um álbum bem balanceado no protagonismo entre o instrumental e os vocais, evidenciando os dois de forma perfeita.
O mais incrível é que Don Bryant está sozinho na sua liga, a competir contra a sua própria sombra e, ainda assim, produziu um trabalho de soul que o faria vencedor até na época em que competia na Liga dos Campeões.
É uma boa e má sensação a de ouvir este álbum, caracterizada pela palavra “saudade”, que é a que vamos usar quando a tal escola, efetivamente, fechar.
Classificação do álbum: ★★★★★
Músicas a ouvir:
- Your Love is to Blame
- Is It Over
- I Die a Little Each Day
- Your Love is Too Late
- I’ll Go Crazy
HAIM – Women in Music, Pt. III
Género: Pop/Pop-Rock
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Após uma estreia surpreendente com Days Are Gone, o segundo álbum Something To Tell You deixou bastante a desejar. Com naturalidade reinava um clima de incerteza e desconfiança com o que se seguia do trio de irmãs da Califórnia.
Os singles anteriores ao lançamento do 3º álbum Women In Music Pt.III dissiparam algumas dessas dúvidas que, após o lançamento do álbum na integra, deixaram de fazer sentido em persistir.
À primeira rodagem do álbum, a sua consistência até pode passar despercebida. Após duas ou três rodagens extra, torna-se bastante satisfatória a diversidade de sonoridades ao longo de todo o álbum e torna-se também evidente que praticamente todas as músicas têm potencial para serem hits, ainda que toquem em géneros muito distintos. Ótimo regresso das Haim!
Classificação do álbum: ★★★★½
Músicas a ouvir:
- The Steps
- I Know Alone
- Up From a Dream
- 3am
- I’ve Been Down
- Now I’m On It
- Summer Girl
Jessie Ware – What’s Your Pleasure?
Género: Disco/Funk
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O ano era 2012, pouco depois da explosão da música eletrónica na cultura mainstream, trazendo consigo chuvas torrenciais de DJs que produziam música pastilha elástica a um ritmo alucinante. Em paralelo com esse fenómeno caricato, o género em causa estava a metamorfizar-se e a desenvolver novas nuances de mainstream. Isto deu-se com a ajuda de uma nova escola de visionários como Chet Faker, James Blake ou Frank Ocean – aos quais se juntou Jessie Ware.
O que têm em comum? O uso de sonoridades eletrónicas para criar um produto final intemporal, com profundidade, poder e significado.
Jessie Ware estreou-se com Devotion (2012) e foi considerado, por muitos, o melhor álbum de estreia desse ano. Os trabalhos sucessores, Though Love (2014) e Glasshouse (2017), danificaram um bocado as expetativas para com a capacidade da artista em desenvolver álbuns consistentes.
Em 2020, a artista lança o 4º álbum, What’s The Pleasure, e volta à ribalta com uma produção mais orientada para sonoridades disco envoltas em mistério, mas onde reina a voz magnífica de Jessie Ware.
Não está ao nível de Devotion, mas está lá perto!
Classificação do álbum: ★★★★
Músicas a ouvir:
- Spotlight
- Save a Kiss
- Ooh La La
- Adore You
- Remember Where We Are
Larkin Poe – Self Made Man
Género: Americana/Blues Rock
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Megan e Rebecca Lovell, irmãs vindas de Calhoun (Georgia), estão a trilhar um caminho muito interessante nestes 10 anos de carreira.
Em 2010 começaram a lançar EPs de forma independente, mas nem três anos tinham passado e já estavam a assegurar contrato com a RH Music, através da qual lançaram o seu álbum de estreia. No ano seguinte já constavam na line-up do lendário festival de música Glastonbury e foram consideradas “a melhor descoberta” dessa edição do festival.
Desde então, as irmãs lançaram mais três álbuns em três anos consecutivos, dos quais o último – Venom & Faith – chegou ao número um da Billboard de álbuns blues e foi nomeado para os Grammy’s 2020, na categoria de Best Contemporary Blues Album.
Chega o mês de junho e, com ele, vem o quinto álbum da dupla, onde não há momentos mortos nem repetitividade, apenas guitarradas cheias de alma e vozes cheias de paixão, que é prova do quão poderosas são as irmãs Lovell.
Tudo isto sintetizado, faz-me chegar a uma conclusão: a este ritmo, Larkin Poe tem tudo para se tornar no próximo grande nome do Rock.
Classificação do álbum: ★★★★
Músicas a ouvir:
- Self Made Man
- Holy Ghost Fire
- Back Down South
- God Moves On the Water
- Ex-Con
Neil Young – Homegrown
Género: Country Rock/Folk Rock
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Com 52 anos de carreira (ou 43 álbuns de carreira, como preferirem), Neil Young dispensa quaisquer apresentações. Embora o ritmo de produção de álbuns tenha sido sempre acelerado, foi durante os anos 70 quando mais brilhou, muito graças à simbiose entre a sua abordagem e a predisposição dessa década.
Com o passar dos anos, Young foi-se mantendo fiel a si próprio, mas a qualidade dos seus álbuns decresceu, tendo um ou outro surpreendido pelo meio. Mais recentemente, umas dessas surpresas foi Hitchhiker (2017) e, agora, com o Homegrown, consegue mais um álbum consistente, com ótimas individualidades. Bons exemplos disso são o caso de “Separate Ways“ (uma música belíssima em crescendo, logo a abrir), “Kansas“ (num registo mais simples e acústico), “We Don’t Smoke It No More“ (com um instrumental fantástico) ou “White Line” (numa introspecção acompanhada do choro de harmónica e guitarra).
Se forem fãs, têm aqui mais um álbum de boa qualidade de Neil Young. Se não forem, mas gostarem de country/folk, também aconselho. Nota para o facto de, aos 74 anos, Neil Young ainda ter exatamente a mesma vivacidade na voz de quando era jovem.
Classificação do álbum: ★★★½
Músicas a ouvir:
- Separate Ways
- Kansas
- We Don’t Smoke It No More
- White Line
Norah Jones – Pick Me Up Off the Floor
Género: Soul/Jazz
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Norah Jones ficou conhecida no início do milénio pelo seu contributo para o panorama soul e a forma como abriu portas nos charts para mais artistas do género, como Joss Stone ou Corinne Bailey Rae. Sabendo que, aos 23 anos, conseguiu um álbum memorável (Come Away With Me), e, aos 25, replicou-o (Feels Like Home), foi caricato como depois disso se ofuscou.
Voaram 15 anos até que conseguisse um álbum onde mostra vislumbres do que se perdeu há muito tempo. É sobre isso mesmo que Jones expõe em Pick Me Up off the Floor, um turbilhão de emoções, pensamentos e sentimentos que foi guardando ao longo de tantos anos.
A sonoridade do álbum é mais jazzy que nunca, provocando sorrisos de tão boa que é. A voz de Norah Jones regressa cheia de alma, acompanhada de um misto de dor e intensidade, e deixa-nos a saber exatamente como se sente. O melhor do disco é mesmo o de querer levar-nos nesta viagem pelo seu íntimo mais sombrio.
Fica o desejo que a cantora tenha realmente encontrado a sua voz e alma com este álbum.
Classificação do álbum: ★★★★
Músicas a ouvir:
- How I Weep
- Flame Twin
- Hurts To Be Alone
- This Life
- Were You Watching?
Ohmme – Fantasize Your Ghost
Género: Indie Rock/Folk
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Uma banda que se formou pura e simplesmente porque Sima Cunningham e Macie Stewart “conseguiam cantar bem juntas” tem tudo para dar certo. Ambas as artistas tinham experiência no piano, mas, ainda assim, decidiram fazer das guitarras o elemento central. Foi assim o início de Ohmme, sendo que, posteriormente, juntou-se Matt Carroll, assumindo o papel de baterista de serviço.
Se pudesse adjetivar Ohmme escolhendo apenas uma palavra, seria “imprevisível”. Todas as músicas são inventivas, ao ponto de não saber sequer o que esperar bem da música em causa já a meio da mesma (torna-se até difícil categorizar este álbum). Isto podia ser um mau presságio, mas o que já ficou provado em Parts confirma-se neste álbum: Sima e Macie sabem bem o que estão a fazer.
Considero, facilmente, Fantasize Your Ghost o trabalho mais porreiro para a malta que prefere álbuns caóticos aos muito lineares e, ainda mais, para fãs de avant-garde.
Classificação do álbum: ★★★★
Músicas a ouvir:
- Flood Your Gut
- Selling Candy
- Ghost
- 3243
Owen – The Avalanche
Género: Emo/Acoustic-Rock
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Mike Kinsella, que se dá pelo nome de Owen no seu projeto musical a solo, já anda nisto há quase 20 anos, mas só agora me cruzei com ele. Este álbum apareceu de mansinho no mês de junho (que foi o mês com mais lançamentos de álbuns assinaláveis de 2020), mas prontamente me chamou à atenção com a A New Muse a abrir e, a partir daí, nunca mais a perdeu – foi o 3º álbum que decidi que merecia um lugar nos essenciais deste mês e ainda me faltava ouvir mais de quarenta.
The Avalanche é um álbum que se suporta numa sonoridade acústica relativamente simples (embora tenha passagens formidáveis e arranjos muito agradáveis como nas músicas “Mom and Dead” ou na “I Go, Ego”, a fechar o álbum), mas que concentra toda a sua profundidade na escrita e na maravilhosa voz de Mike.
Um álbum direto, sem adereços, carregado de honestidade e beleza até nas passagens mais tristes.
Diria que este álbum é perfeito para ouvir em repeat. Pessoalmente, na primeira que o ouvi, quando dei por ela já tinham passado quase três horas, tal foi a forma que me captou e envolveu.
Apesar de não ser aquele rock puro muito popular entre 2002-2007, a entoação e ritmo de Owen faz lembrar bandas como Plain White T’s, The All-American Rejects, Secondhand Serenade, Yellowcard, The Fray, entre outros. Se estas bandas vos marcaram em certa altura da vossa vida, este novo álbum de Owen vai encaixar na perfeição na vossa biblioteca musical.
Classificação do álbum: ★★★★½
Músicas a ouvir:
- A New Muse
- Dead For Days
- On With The Show
- I Should’ve Know
- Headphoned
Phoebe Bridgers – Punisher
Género: Indie Rock/Emo-Folk
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“Doçura na tristeza” é, sem dúvida, a melhor forma de descrever Punisher, que tem o poder de encantar quem valoriza a escrita.
Este álbum mantém a onda emo-folk de Stranger in the Alps, mas consegue captar muito melhor a natureza íntima que Phoebe Bridgers lhe quer indexar, envolto numa neblina mais sombria e irónica.
Isto deve-se muito ao facto deste álbum ter nascido ainda durante a tour do predecessor, o que lhe deu tempo para maturar e envolver uma produção cuidada com ajuda de Tony Berg e Ethan Gruska, caras conhecidas de Bridgers. Foram quase três anos a compilar memórias de uma juventude de dissabores, perda de fé, desespero, relações destrutivas e recuperações dolorosas.
No momento em que Phoebe Bridgers precisa de gritar do fundo do coração este turbilhão de experiências vividas, coisa que muitos teriam dificuldade em fazer, a artista opta por manter a calma e contar-nos a sua história de forma calma, corajosa e sensata.
Com este álbum, Bridgers explodiu silenciosamente num raio gigante, elevando-se até um lugar bastante confortável na sua carreira. Queremos a confirmação do potencial, venha o 3º álbum!
Classificação do álbum: ★★★★★
Músicas a ouvir:
- Garden Song
- Kyoto
- Punisher
- Moon Song
- Graceland Too
- I Know the End
Rose City Band – Summerlong
Género: Psychedelic-Rock/Neo-Psychedelia
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O primeiro reparo que tenho a fazer é que Rose City Band é um nome caricato para uma banda a solo.
A boa notícia é que, se ninguém vos revelar esta informação antes de ouvirem o álbum, é um pormenor que nem sequer vos irá passar pela cabeça. O que, por sua vez, nos traz a excelente notícia: Ripley Johnson é uma banda incrível a solo.
Vão ouvir as oito músicas de Summerlong sem se questionarem um única vez sobre a real qualidade do álbum que, do início ao fim, não cede a falhas ou fragilidades. E, assim, sem grande esforço, Johnson faz com que produzir música pareça uma brincadeira de criança.
Dito isto, Summerlong é um “One Man Show” que nos transporta numa viagem por extensos instrumentais que transpiram aquela psychedelic-rock clássico, com a voz fantástica de Johnson de complemento.
Este misto tem o poder de deixar um desejo miudinho por mais material assim e imaginar como será ver Rose City Band ao vivo.
Classificação do álbum: ★★★★½
Músicas a ouvir:
- Only Lonely
- Real Long Gone
- Floating Out
- Wildflowers
Run the Jewels – RTJ4
Género: Rap/Hardcore Hip-Hop
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El-P e Killer Mike começam a ser um caso bicudo no panorama do rap a nível mundial ao lançar êxito atrás de êxito. Já são quatro álbuns e cada vez mais parece impossível os Run the Jewels lançarem um álbum que não seja excelente.
A verdade é que a química entre os dois rappers é fantástica e sendo que El-P também é produtor, é possível manter o processo criativo mais isolado. Estes dois factores combinados criaram a possibilidade de desenvolver uma super-fórmula invencível (até à data). Esta fórmula já se provou eficaz no passado com bandas como Run DMC ou Public Enemy e, mais tarde, Wu-Tang Clan.
O duo de rappers da Costa Este apoderou-se desse nicho (hardcore hip-hop) e está a explorá-lo com excelência.
RTJ4 surge em modo explosivo, desenvolvendo em crescendo com músicas dotadas batidas fortes e colaborações muito bem conseguidas, só fechando com uma bomba atómica.
“A few words for the firing squad” é a última música do álbum e é uma obra de arte. Mais de cinco minutos de intensidade máxima onde El-P e Killer Mike têm os holofotes apontados para eles na intensidade máxima e dão-lhes uso para fazer uma exposição muito pessoal sobre as suas origens, o que os marcou e dos podres da sociedade que os rodeou, em tom vitorioso por terem chegado ao topo. Tudo isto acompanhado por um instrumental poderoso de jazz-infusion pelo saxofonista Cochemea Gastelum.
Senhoras e senhores, fez-se magia!
Classificação do álbum: ★★★★★
Músicas a ouvir:
- ooh la la (feat. Greg Nice & DJ Premier)
- out of sight (feat. 2 Chainz)
- holy calamafuck
- goonies vs E.T.
- JU$T (feat. Pharrell Williams & Zach De La Rocha)
- never look back
- a few words for the firing squad (radiation)
Sarah Jarosz – World on the Ground
Género: Americana/Bluegrass
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Sarah Jarosz não é muito conhecida fora dos Estados Unidos, mas não é por falta de qualidade, pois em solo americano tem conseguido uma boa visibilidade e sucesso (que já lhe valeu três Grammy).
Acredito que assim seja por motivos culturais, dado que os géneros no repertório da cantora de Austin (Texas) não são muito populares deste lado do mar.
World on the Ground é o 5º álbum de Sarah e é bastante acessível por ser agradável a nível musical e relacionável no que toca a letras/escrita. Acaba por ser bom, porque facilmente nos deixamos levar pelo mesmo, embora peque por não ter grandes surpresas durante a viagem. Em todo o caso, é um álbum enriquecido pela sabedoria da cantora, com músicas que prometem pegar facilmente se lhes derem uma hipótese.
Classificação do álbum: ★★★★
Músicas a ouvir:
- Eve
- Hometown
- Johnny
- I’ll Be Gone
Teyana Taylor – The Album
Género: R&B
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Depois de, em 2018, Teyana Taylor ter visto o seu álbum anterior K.T.S.E. reduzido a nível de músicas contra a sua vontade, em 2020 lança o The Album, sobre o qual teve todo o poder criativo que queria, decidindo lançá-lo com 23 músicas contra a vontade de quem gosta de ouvir música sem ser “por ouvir”.
Atenção que o conteúdo do álbum não é mau, mas também não é bom ao ponto de justificar quase 1h20 de música.
Este álbum conta com 12 colaborações, incluindo a do seu marido Iman Shumpert e até da sua filha, mas nem todas se destacam como era esperado. Se calhar um álbum mais compacto e objetivo poderia ter feito justiça ao ressentimento que Teyana guardava para com os acontecimentos passados, mas ficou por mais um bom álbum.
Só fico de pé atrás porque tenho perfeita noção que a cantora tem potencial (já provado em várias músicas) e que consegue bem melhor ao ponto de saltar para a ribalta do R&B. No entanto, vê o seu álbum a ser ofuscado pelo Ungodly Hour de Chloe x Hale e a ser ultrapassada pelas irmãs na corrida pelo topo.
Classificação do álbum: ★★★½
Músicas a ouvir:
- Morning (feat. Kehlani)
- Booming (feat. Missy Elliott & Future)
- Concrete
- Try Again
- Made It
- We Got Love (feat. Ms. Lauryn Hill)
Em junho houve uma maior aposta em música no geral da parte do Echo Boomer, especialmente em singles de antecipação de álbuns. Eis alguns dos que considero assinaláveis, com hiperligação para o Spotify.
SINGLES DO MÊS
> IDLES – Grounds
Esta canção é o segundo single do álbum ULTRA-MONO que vai ser lançado a 25 de setembro, sobre o qual foi escrito um artigo dedicado de antecipação ao álbum e breve introdução à banda.
> Smith & Burrows – All the Best Moves
Tom Smith e Andy Burrows voltaram a reunir-se, passados nove anos, e lançaram este single que, segundo Tom Smith, “é sobre querer ficar sozinho, naquele que consideramos um espaço seguro. Com medo do que está do lado de fora, mas focados em coisas que consideramos importantes, ainda que na realidade estamos só tristes e solitários”.
> CUT_ – Cry
“Cry” é o novo single da dupla holandesa CUT_ com base no género alt-pop e inspiração em artistas como Charli XCX e SOPHIE. Destaca-se por ter uma sonoridade exuberante e expansiva que, segundo Belle (vocalista), explora um sentimento extremo de emoção de angústia e é uma ode à amizade. O single “Out Of Touch” foi destaque na série Elite da Netflix.
> The Flaming Lips – My Religion Is You
A banda lendária de Oklahoma formada em 1983 chegou a uma fase da carreira em que começou a levantar questões existenciais de teor filosófico. AMERICAN HEAD, o novo álbum dos The Flaming Lips, já tem data de lançamento definida para 11 de setembro deste ano, vai contar com 13 canções e a confirmação da colaboração da superestrela norte-americana de música country, Kasey Musgraves (com a qual tenho uma amiga em comum).
Este novo trabalho vem colocar a banda em lugares líricos mais reflexivos. “My Religion Is You” é uma demonstração do que esperar do novo álbum e, tal como o single lançado anteriormente, assume uma mudança temporal muito bem-vinda.
> Fontaines D.C. – Televised Mind
“Televised Mind” é o 3º single retirado do próximo álbum da banda, A Hero’s Death, a ser lançado já a 31 de julho. Segundo Brian Chatten, vocalista da banda, esta canção é sobre a “câmara de eco”, que rouba a personalidade de um ser em troca da aprovação aprovação circundante. Brian acrescenta ainda que as opiniões das pessoas são reforçadas por um acordo constante, onde estas tendem a optar pela hipocrisia para parecem modernas, em vez de pensarem por elas próprias.
Espero que este artigo, que compila 15 álbuns e cinco singles tão distintos, vos deixe tão felizes e completos como me deixou a mim. Em junho foi lançada muito boa música, espero que desfrutem tanto como eu! Voltamos a falar no final de julho.