Crítica – The Idea of You

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The Idea of You não consegue encontrar elementos de destaque suficientes para compensar a falta de inovação narrativa, profundeza temática ou execução eficiente.

Sou tão fã de comédias românticas como de qualquer outra mistura de géneros. Desde que a narrativa não caia nas habituais armadilhas formulaicas e rapidamente se torne em mais uma variação barata e esquecível de uma história vista e revista inúmeras vezes, encontro-me sempre de mente aberta e disponível para me deixar levar pelo humor leve e romance apaixonante. Baseado no livro de mesmo nome por parte de Robinne Lee, The Idea of You conta a história de Solène (Anne Hathaway), uma mãe divorciada de 40 anos que inicia um romance inesperado com o cantor principal da boy band mais popular do planeta, Hayes Campbell (Nicholas Galitzine).

Realizado pelo experiente Michael Showalter (The Big Sick, The Eyes of Tammy Faye), co-escrito pelo próprio e Jennifer Westfeldt (Kissing Jessica Stein), e protagonizado por Hathaway (Les Misérables) e Galitzine (Red, White & Royal Blue), o interesse pessoal em The Idea of You provém maioritariamente da atriz que nunca deixou de demonstrar o talento imensurável que possui, independentemente de algumas escolhas menos positivos na última década.

Não costumo entrar para comédias românticas com expetativas elevadas e não o fiz com The Idea of You, mas tinha noção da receção inicial extremamente positiva. Infelizmente, seja porque veio da bolha sempre duvidosa de um festival de cinema ou porque simplesmente encontrou o público-alvo ideal, vi-me surpreendido com a falta total de qualquer inovação narrativa ou alguma decisão arrojada em qualquer arco de personagem. O argumento de Showalter e Westfeldt passa por todos os clichés e fórmulas presentes em dezenas de filmes ao longo de um único ano, dependendo totalmente da química entre os protagonistas para capturar a atenção dos espetadores.

A premissa de The Idea of You já foi explorada por tantas obras no passado que é difícil de inventar algo realmente novo. Não quero cair no erro de criticar um filme inteiro apenas e só porque não quebrou o género com uma realização única ou um escrita narrativa não-convencional. É perfeitamente possível desfrutar de uma obra genérica se os pontos de enredo e de desenvolvimento de personagem forem executados de uma maneira cativante. Um exemplo recente é Marry Me com Jennifer Lopez e Owen Wilson, onde as prestações soberbas dos atores, juntamente com uma química genuína, músicas originais altamente viciantes, diálogos instigantes e, obviamente, momentos verdadeiramente românticos, compensam a improbabilidade e previsibilidade natural de histórias deste tipo.

The Idea of You possui apenas a química entre os atores e as respetivas performances bastante dedicadas. O estilo musical não faz parte do gosto pessoal, mas o maior problema são as letras excessivamente fofinhas que retiram uma potencial conexão com qualquer canção. Esta fofice passa para os diálogos que, excetuando um ou outro momento, abordam tópicos incrivelmente complexos e sensíveis com uma leveza irrealisticamente otimista, como se de nada se tratassem. Desde a intrusão das redes sociais na vida pessoal até ao impacto das escolhas dos pais na vida dos filhos e vice-versa, Showalter saltita por estes obstáculos da vida sem grande preocupação.

O casal separa-se numa cena e, uma ou duas depois, voltam a reunir-se. Este ciclo acontece várias vezes ao longo da obra e The Idea of You nunca deixa a transição entre estes momentos chegar aos espetadores de uma forma impactante ou que sequer chegue a gerar dúvida sobre como os protagonistas poderão resolver os seus problemas. A própria conclusão do filme quebra totalmente a coerência narrativa com pontos de enredo anteriores, chegando a contradizer por completo detalhes narrativos cruciais para as circunstâncias finais.

The Idea of You devia ser uma história tematicamente rica, mas os seus temas são superficialmente explorados com conclusões mais frustrantes do que memoráveis. Repetindo o que refiro acima, é perfeitamente possível desfrutar de uma obra genérica, mas quando não existem elementos positivos suficientes para compensar as inúmeras fórmulas narrativas aborrecidas, nem uma Hathaway sensual com um alcance emocional impressionante ou um Galitzine expressivo com uma voz belíssima conseguem levar o filme a bom porto.

VEREDITO

The Idea of You não consegue encontrar elementos de destaque suficientes para compensar a falta de inovação narrativa, profundeza temática ou execução eficiente. Michael Showalter perde-se na superficialidade das inúmeras fórmulas do género, na fofice excessiva dos diálogos e nos clichés aborrecidos que preenchem uma premissa bastante familiar, não conseguindo sequer justificar um final frustrantemente incoerente. Embora as prestações de Anne Hathaway e Nicholas Galitzine se encontrem livres de qualquer culpa, a obra deixa muito a desejar em termos de impacto emocional. Desapontante…

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