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Quando penso em WRC, penso num simulador sério e sóbrio focado a 100% na experiência do rali, sem monetizações a capitalizar a experiência de jogo. WRC Generations pode muito bem ser o último jogo deste género (pelo menos até 2027).

É verdade. A licença para a produção de jogos de rali sob a marca WRC termina este ano para a KT Racing e a empresa que adquiriu a licença para os próximos quatro anos foi a Codemasters que, para quem não sabe, foi adquirida pela Electronic Arts no início de 2021. Até dava o benefício da dúvida, mas depois da transformação da franquia F1 de 2021 para 2022, tenho pouca fé.

Em todo o caso, chega de falar de dissabores e vamos falar do que interessa, de WRC Generations.
A Kylotonn, mais conhecida como KT Racing, já tem um historial relativamente longo com o desenvolvimento da franquia de jogos do campeonato mundial de rali que, após a era da Evolutions Studios (2001-2005), da qual joguei muito WRC 4, ficou mais de 10 anos sem ter um jogo à altura do esperado para competir com o seu maior rival: DiRT (produto proveniente de Colin McRae).

Felizmente tudo mudou com WRC 7 e, principalmente, com WRC 9 (pelo qual fiquei responsável por fazer a análise, em 2020), que chegou finalmente ao nível que sempre prometeu. Na edição seguinte, o título manteve o nível e, este ano, traz novidades que abrem portas para o futuro na modalidade, fazendo com que a KT saia de cena com uma despedida em grande. As novidades de que falo prendem-se principalmente com a integração da era híbrida nos carros presentes neste jogo. Inevitavelmente, estas mudanças acabam por revolucionar o desporto, alterando, em muito, o desempenho dos automóveis, bem como os estratégias envolvidas, obrigando a uma adaptação.

Essa revolução, em paralela com a constante melhoria da física dos veículos, surge por via das novas mecânicas de jogo exigidas pela forma como os motores híbridos foram integrados. Com esta integração, há uma obrigação de gerir bem o mapeamento da bateria do carro durante as provas, de forma a maximizar a sua duração. A regeneração dá-se através das travagens, coisa que vão querer aproveitar bem, pois a bateria, quando cheia, dá um extra de 100 cavalos de força.

No entanto, as “novidades” não são só essas. Nos últimos WRC, sempre coloquei a reserva de que as interações do carro com o meio circundante precisavam de melhorar de forma a tornar a experiência mais imersiva, e adivinhem… melhorou bastante! Vários arbustos agora são quebrados após o impacto do carro e até os sons destes, bem com os de vários tipos de embates, estão adequados ao motivo em causa. A granularidade e grau de sujidade no carro também foi algo que melhorou a olhos vistos. Mas nada melhorou tanto como os efeitos do rasto de pó, neve, lama e fumo que o carro levanta, mediante o tipo de prova e movimento/velocidade.

As texturas das estradas, terra batida e lama também melhoraram, bem como vários elementos circundantes das paisagens (o rali da Suécia foi completamente atualizado). Já os carros estão perfeitos. Paralelamente a tudo isto, houve uma clara melhoria de contraste, cor e brilho que distanciam ainda mais esta saga do aspeto de videojogo e a aproximam do realismo fora dele, a nível gráfico. Se antes já ligava este jogo pela experiência de condução, agora faço-o (e farei daqui em diante) também pela experiência cénica acrescentada ao mesmo.

O modo carreira estagnou, mas o modo de ligas com progressão de nível virou a estrela do jogo e está mais entusiasmante que nunca, permitindo aos jogadores desafiarem oponentes de nível similar e subir de escalão até chegar à categoria lendária (nota para o cross-platform presente neste jogo). Curiosamente, penso que neste WRC já joguei mais online do que nos últimos dois, o que é um feito histórico, visto que não sou o maior fã dos modos online em qualquer que seja o jogo.

No que toca a conteúdo, em WRC Generations podem contar com 750 km de troços únicos estendidos ao longo de 22 países diferentes, 49 equipas da presente época (escalões Rally1, Rally2 e Junior WRC), 37 carros lendários (mais bónus adicionais) e 165 provas temporizadas. Caso gostem de personalização, neste jogo vão ter prato cheio, com uma infinidade de opções.

Em suma, não diria que as melhorias foram arrebatadoras face a WRC 10, mas são visíveis e notáveis. Se têm a versão anterior e não forem fãs de rali ao ponto de estar a comprar todos os anos a nova versão do jogo, não vos censuro. Caso rali (ou até a condução) seja algo que gostem mesmo, este é um jogo que não vão querer deixar passar – também por ser o último da franquia produzido pela KT Racing. Em todo o caso, continua a ser uma dos simuladores mais espetaculares de condução. Por fim, fica o desejo que a KT Racing não deixe o rali morrer e ressuscite a saga V-Rally, porque depois do DiRT 5 e a aquisição da Codemasters por parte da EA Sports, temo o que possa ser do futuro de WRC.

Cópia para análise (versão PlayStation) cedida pela Upload Distribution.

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