Tiago Azevedo: “O meu conto favorito dos Irmãos Grimm é a Cinderela”

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No passado dia 16 de novembro, o Echo Boomer teve a oportunidade de estar presente no evento de lançamento do primeiro livro em português do artista Tiago Azevedo. O livro Os Contos dos Irmãos Grimm explora os componentes literários e visuais das histórias dos Irmãos Grimm, compilando pinturas a óleo num formato em que fosse possível transmitir a componente literária da obra do pintor português, neste caso dez dos contos dos Irmãos Grimm.

Durante o evento de lançamento, tivemos oportunidade de conversar um pouco com este jovem pintor, autor e arquiteto sobre o que o levou a criar este livro e os seus desejos em relação ao futuro.

Echo Boomer (EB) – Quem é o Tiago Azevedo?

Tiago Azevedo (TA) – Olha, eu gostaria que o Tiago Azevedo fosse lembrado como uma pessoa que decidiu seguir a sua paixão. Eu comecei a estudar arquitetura quando decidi seguir uma profissão. Claro que isto era o que a sociedade percecionava como uma carreira. Uma melhor carreira. Contudo, não era bem aquilo que eu queria, já que eu sempre tive uma paixão pelas artes.

Eu fui arquiteto durante oito anos. Então chegou a um determinado ponto em que mudei de país, mais especificamente para a Alemanha, pois havia oportunidades de trabalho bastante interessantes, mas continuava com a mesma infelicidade. Isso vinha da irrealização pessoal. E eu necessitava de fazer uma mudança pessoal e profissional. Foi aí que decidi começar a fazer a transição entre a arquitetura e a pintura.

Foi um processo de dois anos em que fui trabalhando como arquiteto e pintor, até que a pintura tomou proporções que tomaram conta da minha vida. É assim que eu me vejo, uma pessoa que seguiu a sua paixão.

EB – Como é que surgiu a ideia de conceber este livro?

TA – Eu sempre fui um grande apaixonado pelo fantástico, por contos e fábulas. E quando estava na Alemanha, fiquei imerso em todo aquele folclore alemão. Fui-me entusiasmando cada vez mais pelas histórias dos Irmãos Grimm e foi por isso que decidi compilar dez das suas histórias neste livro. Tive como objetivo principal manter o seu cariz original. Estas são histórias mais negras e assombrosas, mas fiz questão de manter a originalidade e, com as minhas pinturas, dar-lhes vida.

As pinturas podem ter aquele caráter mais negro, mas isso tem também a ver com o meu estilo de pintura que se integra no surrealismo pop, ou seja, a mistura de técnicas clássicas de pintura da altura do o barroco até aos nossos dias com conceitos contemporâneos. E a fisionomia que se vê nas minhas personagens é algo que, hoje em dia, conseguimos ver na capa de uma revista.

Tiago Azevedo

EB – Qual foi o momento catalisador em que optaste por seguir a pintura a óleo, em detrimento da arquitetura?

TA – Foi quando percebi que podia ir para qualquer sítio do mundo e que, se não mudasse profissionalmente, iria sentir-me sempre igual. Portanto, para conseguir essa mudança que eu tanto desejava, necessitava de mudar profissionalmente e seguir a minha verdadeira paixão.

EB – E a internacionalização, sempre foi um sonho?

TA – Sim, sempre quis isso. É assim, eu acredito muito nas redes sociais e sempre me interessei por esse mundo. Desde o início, desde as minhas primeiras telas, por exemplo, sempre tive a noção de que necessitava de ter uma presença forte nas redes sociais para que a minha obra pudesse ter alguma projeção, porque, se ninguém visse, não ia ter qualquer impacto. Então, o meu objetivo era o de poder alertar as pessoas para seguirem os seus sonhos, a sua paixão. E só consigo fazer isso se tiver alguma voz, por mais pequena que seja.

EB – Quais são as tuas inspirações enquanto artista? Algum sonho que desejes realizar?

TA – É o barroco, principalmente. Sempre usei este estilo nas minhas pinturas. No que toca a artistas, tenho como inspirações o Benjamin Lacombe e a Mab Graves. São artistas contemporâneos que pintam muito no estilo do pop surrealista. Quanto a sonhos, tenho muitos… De momento quero é expor e continuar a expor no máximo de locais possíveis. Por exemplo, no próximo ano vou expor em Hong Kong. A curto prazo quero também lançar o meu segundo livro.

EB – Tendo em conta o lançamento do livro, qual é o teu conto favorito dos Irmãos Grimm?

TA – O meu conto favorito é a Cinderela, sem dúvida alguma. E eu assim que a comecei a pintar também senti muito isso.

EB – Comparativamente a outros países, achas que Portugal é adepto da pintura? Isto acaba por influenciar, de algum modo, o teu trabalho?

TA – É assim, eu acho que todos os países têm a sua característica, a sua própria arte. Quanto a Portugal, acho que tem vindo a ganhar cada vez mais adeptos nesta arte, especialmente agora. Espero sinceramente que seja uma arte que continue a crescer e a ganhar espaço na cultura portuguesa. No meu caso, como falei há pouco, nós podemos construir a nossa carreira internacional se assim o desejarmos. Claro que o que tu levas do teu país vai sempre influenciar o teu modo de trabalhar. Neste caso, até podemos ter menos visibilidade, mas com a Internet e as redes sociais, dá para aumentar a dimensão da nossa carreira.

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EB – O lançamento deste livro em português, e, consequentemente, a sua apresentação em Portugal, é algo que se reflete pelo facto de seres português? Qual foi a tua motivação?

TA – O lançamento deste livro tem a ver com o facto de eu ter sentido que me estava a descuidar bastante em relação ao meu país, à minha pátria, à minha terra-mãe. Por isso, senti-me na necessidade de vir aqui fazer este lançamento. Este livro também já foi traduzido para inglês e está pronto a ser publicado nessa língua. Atingidas as estatísticas necessárias para o sucesso deste livro, que penso serem atingidas em breve, será traduzido para alemão e espanhol. Ou seja, apesar de estar e de vir a estar disponível em outras línguas, fiz questão de o criar primeiro em português e fazer a apresentação do mesmo no meu país.

EB – Existe alguma outra arte que gostasses de misturar com a pintura, além do que tens vindo a fazer até agora?

TA – A escultura, talvez num futuro próximo, e o relevo. Devo começar a combinar e a explorar estas vertentes brevemente, mas sempre com o meu estilo.

EB – Existe algum sítio do mundo onde gostavas de expor as tuas obras e que ainda não tivesses a oportunidade para tal?

TA – Agora estou focado em Hong Kong e no mercado asiático, porque eles apostam muito no merchandising. Telas, capas para telemóvel, almofadas, etc, são coisas que têm escoado imenso para a Ásia. Tenho uma grande curiosidade em ir lá pessoalmente e ver a aceitação que a minha arte tem no mercado asiático.

EB – Qual a obra de que mais te orgulhas?

TA – A Rainha e o Sapo. Foi a que deu menos a trabalho a fazer e parece que se fez a si própria. No entanto, é sempre aquela que tem mais impacto para mim e a que transmite mais emoção. Por vezes, as obras que parecem mais complicadas e que se focam só no sujeito são as obras que dão mais trabalho porque o sujeito tem a responsabilidade toda de transmitir a emoção. A Rainha e o Sapo tem sapos e coroas, por exemplo, e aquilo tem tanto detalhe que vive de si próprio e transmite tudo aquilo que eu quero passar com uma só imagem.

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