The Last of Us Part I (PC)

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É indiscutível que em The Last of Us Part I para PC existe um excelente jogo. Infelizmente, os problemas desta versão fora da PlayStation tornam-no numa experiência frustrante e virtualmente injogável.

O que há para dizer de The Last of Us, que caminha para 10 anos do seu lançamento original? De um remaster, de uma sequela, de um remake e até de uma fiel adaptação para televisão a cargo da HBO? Aparentemente não há muito a dizer, ou pelo menos a apresentar. A menos, claro, que a vossa primeira vez neste mundo pós-apocalíptico criado pela Naughty Dog seja através da recém-lançada versão para PC.

O divisivo The Last of Us Part I, lançado originalmente para a PlayStation 5 no final de 2022, chegou, finalmente, aos PCs via Steam Store e Epic Games Store, após um estranho atraso de algumas semanas na reta final de desenvolvimento. Neste pacote, encontramos a já conhecida história de um homem que tenta sobreviver num mundo onde a sociedade colapsou após uma pandemia global, a quem lhe é entregue a missão de levar uma menina especial e imune a infeções até uma fação de sobreviventes que prometem desenvolver uma cura para a humanidade. Uma história que, para além de contar com muita ação com confrontos entre fações humanas e criaturas mutantes, é, sobretudo, sobre relações humanas, amor e escolhas.

The Last of Us Part I entrega a mesma história, ponto por ponto, sequência por sequência, cinemática por cinemática, que revisitámos na última década e que mais recentemente vimos em formato live-action. Uma história objetivamente boa, bem escrita, com excelentes prestações e que muitos fãs e críticos denominam como “a melhor história alguma vez contada num videojogo”.

Apesar de não revolucionar muito na jogabilidade, é um sólido jogo de ação e de exploração, ainda que um pouco linear demais para os meus gostos, como já partilhei em análises anteriores. No entanto, The Last of Us Part I, categorizado como um remake técnico por parte da Naughty Dog, destaca-se pelos visuais modernos, com novos modelos texturas e efeitos – baseados no motor de jogo que deu vida à sua sequela de 2020 -, pelas adições de opções de acessibilidade e pelas otimizações para a PlayStation 5.

Independentemente de controvérsias ou de opiniões mais incendiárias, a Naughty Dog tem sido, até agora, uma das melhores produtoras no momento de entrega de videojogos. A cada novo relançamento, sequela ou spin-off, tem acertado em cheio na apresentação dos seus jogos e com uma fantástica otimização para as plataformas onde o seu projeto tem sido lançados. Portanto, as expectativas para esta conversão para PC de The Last of Us Part I estavam bastante altas. No entanto, é com alguma infelicidade que confirmo aquilo que nos últimos dias temos vindo a acompanhar na comunidade de jogadores insatisfeitos com esta versão.

Antes de falar da minha experiência com o jogo, relembremo-nos do que é que esta versão inclui. Suporte para resoluções 4K, dinâmicas e em diferentes formatos como ultra-wide; altas taxas de frames, efeitos e texturas de alta qualidade; suporte para técnicas de reconstrução de imagem como o DLSS da NVIDIA e o FSR da AMD; uma longa e detalhada lista de definições gráficas com ilustrações e descrições para ajudarem o jogador a otimizar o seu jogo; todas as opções de acessibilidade da versão da PlayStation 5; e suporte para uma vasta quantidade de comandos como os da Xbox, o comando de acessibilidade da Xbox, o Pro Controller da Nintendo Switch e, claro, o DualSense da PlayStation 5, que pode ser explorado ao máximo através de um cabo.

Na teórica, The Last of Us Part I para PC tem tudo para ser uma das melhores e mais bem pensadas conversões para esta plataforma. Infelizmente, falha na prática, não funcionando como esperado. A minha experiência com o tempo que passei nesta versão do jogo não foi tão grave como alguns membros da comunidade de jogos pintaram o jogo, nomeadamente com a partilha de glitches, bugs e outros problemas que dão ao jogo um aspeto hilariante e deformado. Não tive problemas desses, mas confrontei-me com outros que me estragaram a experiência mais vezes do que gostaria.

Testei o jogo em duas máquinas. Num PC bem equipado, com um processador Intel Core i9 de décima geração, 32GB de memória RAM, uma GeForce RTX 3080Ti, e um disco SSD de alto desempenho semelhante ao da PlayStation 5. Já a segunda máquina foi a Steam Deck da Valve.

The Last of Us PC

Olhando para a tabela de requisitos partilhada pela Naughty Dog, a minha expectativa encaixa-se ali entre a tabela de Performace e a de Ultra, o que corresponde a uma experiência semelhante à da PlayStation 5. Usando um monitor 1440p, sem recurso a técnicas de reconstrução de imagem como o DLSS, o jogo opera perfeitamente em Ultra, sem problemas de frame-pacing, solavancos ou quedas estranhas de frames na minha máquina, mantendo-se numa média entre os 70 e 80FPS. Mudando para um ecrã 4K, já recorrendo ao DLSS em modo Qualidade, o desempenho é muito semelhante. Baixando o preset das definições de Ultra para High, há um ganho de frames na ordem dos 10FPS sem aparente perda de qualidade de imagem, o que é otimo, mas pouco transformativo para a experiência.

No entanto, e apesar de, aparentemente, ter uma experiência bastante sólida da minha parte, o jogo coloca o meu PC a “voar”, com as ventoinhas no máximo, a esgotar todos os recursos do GPU, CPU e da memória RAM, resultando em pausas completas do jogo com loadings aleatórios, uma sucessiva degradação da qualidade de objetos e texturas e, mais recorrentemente, crashes aleatórios que me atiram de volta ao ambiente de trabalho, perdendo progresso do jogo. Pelas minhas contas, no estado atual do jogo, não consigo jogar mais do que 10 a 20 minutos sem ter logo um enorme crash. Um problema que se alinha com os relatos de outros jogadores.

Outro aspeto que afeta bastante a experiência são os tempos de loading. Tal como na versão de consola, The Last of Us Part I tem um carregamento inicial. No entanto, no PC, em vez de o jogo carregar em meros 10 segundos como na consola, demora quase um minuto por sessão. Em cima disso, na versão PC, como indiquei em cima, há pausas aleatórias mostrando um aviso de carregamento, o que é irritante. Estes sintomas poderiam ser, mais uma vez, um caso isolado ao meu sistema, mas é algo partilhado por mais jogadores.

the last of us crash
The Last of Us Part I quebra nos momentos mais aleatórios sem razão aparente.

Não fossem estes problemas que quebram efetivamente a experiência de jogo, mesmo consumindo imensos recursos da minha máquina, The Last of Us Part I no PC poderia ser efetivamente jogável do início ao fim sem problemas melhores, mas atualmente parece ser uma missão quase impossível.

No caso da Steam Deck, as coisas também não são muito positivas. Caso pretendam jogar na consola da Valve, a minha recomendação é que esperem por atualizações e otimizações, até porque o jogo surge sem selo de compatibilidade. O meu teste na Steam Deck (quando o jogo realmente inicia e não regressa imediatamente para o sistema) já foi feito após um mini-patch lançado pela Nauthgy Dog, que me obrigou a reconstruir a cache do jogo pela segunda vez antes de o jogar, um longo loading que dura cerca de meia hora nesta consola e que é recomendado ser feito antes de avançar para o jogo.

Para todos os efeitos, The Last of Us Part I corre na Steam Deck, mas não é, de todo, uma experiência ideal. Para manter o jogo na casa dos 30FPS, este deve estar configurado nas suas definições mais baixas possíveis e com recurso ao FSR. A experiência nesta máquina não é boa e é representativa do um computador bem mais low-end. A jogabilidade é pesada e inconsistente, os tempos de loading são também eles enormes e frequentes, e visualmente não é nada bom, com as suas texturas basicamente inexistentes e com as suas definições trancadas nos menus.

Se, por um lado, estamos perante um jogo na sua essência excelente, esta conversão no estado atual faz-lhe um desserviço enorme, traindo expectativas de fãs e de novos jogadores que entraram no comboio do entusiasmo pela franquia recentemente, simplesmente pela oportunidade de jogarem pela primeira vez ou após a incrível série da HBO.

Lançado até por um valor ligeiramente mais acessível que na PlayStation 5, a partir de 59,99€ da Steam Store e na Epic Games Store, é um bocado embaraçoso para a Naughty Dog lançar uma das suas obras-primas neste estado para todo um novo público.

A Naughty Dog diz estar em cima dos problemas, a trabalhar em patches e resoluções de otimização para eliminar contratempos e polir o desempenho do jogo numa vasta gama de configurações, mas uma vez cá fora, parece ser tarde de mais. Pode ser que um dia, quem sabe nas próximas semanas ou meses, The Last of Us Part I se apresente tão bom nos PCs como na PlayStation 5, a única máquina onde The Last of Us Part I merece, efetivamente, todas as nossas atenções. Por agora.

Cópia para análise (versão PC) cedida pela PlayStation Portugal.

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