Análise – The Alliance Alive HD Remastered

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Depois de um lançamento pouco caloroso na Nintendo 3DS, a Cattle Call procura uma segunda oportunidade para The Alliance Alive, o seu RPG que procura ser uma ponte entre os títulos clássicos do género e as sensibilidades mais modernas que encontramos atualmente no PC e consolas. A versão remasterizada expande o universo do jogo e traz-nos uma aventura desafiante e charmosa para quem procura algo diferente para este final de ano.

Não existem dúvidas de que The Alliance Alive HD Remastered se banha num certo classicismo para construir a sua narrativa. Com um foco no multi-protagonismo, o jogo leva-nos numa demanda por um mundo controlado por monstros e demónios, onde um grupo de heróis, que conhecemos aos poucos, une forças para libertar a raça humana do controlo desta força maléfica.

A campanha divide-se, assim, pelos seus protagonistas, criando uma excelente sensação de progressão à medida que unimos a equipa e descobrimos mais sobre o seu mundo, com o foco em diálogos cómicos e mais inocentes a dar às personagens uma maior personalidade.

O classicismo não se fica apenas pela história. O próprio mundo de The Alliance Alive HD Remastered parece ter saído diretamente do catálogo da PlayStation original, com os cenários a apresentarem modelos pintados, como se fossem aguarelas, e feitos em papel, num estilo que me relembrou títulos como SaGa Frontier 2. Os modelos das personagens também são muito coloridos e animados, especialmente nas suas expressões faciais, mas a falta de voz faz com que percam algum do seu peso dramático.

Apesar de adorar o estilo visual, fiquei desapontado com o design das cidades e das masmorras, onde encontrei cenários reduzidos, muito pequenos e sem grande espaço para a exploração e a interação. Mesmo com um mapa para explorar, o mundo parece ser tão pequeno e limitado que o jogo não consegue esconder o facto de ser um jogo portátil. O problema mais visível é, sem dúvidas, a falta de criatividade nas masmorras, e esta falha deve-se aos produtores e não ao seu lançamento na Nintendo 3DS.

Esta falta de criatividade não se sente, no entanto, no sistema de combate por turnos, que demonstra uma profundidade incrível, juntamente com um desafio acérrimo e sempre presente. No que toca aos combates, The Alliance Alive HD Remastered inspirou-se em clássicos como Final Fantasy II e Romancing SaGa, eliminando por completo o sistema de classes e apostando na evolução das armas e das suas habilidades. Com esta substituição, o jogo dá-nos mais espaço para experimentarmos e criarmos a equipa sem limites, bastando mudar o armamento de cada personagem para criarmos novas táticas e estratégias. E se quisermos criar personagens especialistas, por exemplo, em espadas, basta usarmos esse tipo de arma para desbloquearmos novas habilidades.

Esta evolução influencia igualmente os atributos das personagens, não existindo o tradicional sistema por níveis. As personagens evoluem de acordo com a sua prestação em combate, mas também pelas armas que usam, pelo dano que causam e sofrem e pela utilização de habilidades. Para melhorarmos um atributo, temos de o usar em combate, sendo possível controlar esta evolução à nossa maneira, ainda que exista alguma aleatoriedade que poderá chatear alguns de vocês.

Não é um sistema para todos, mas com tantas armas à nossa disposição, ainda mais com a possibilidade de quebrarmos os equipamentos para usarmos ataques especiais e mais destrutivos, nunca nos sentimos condicionados ou perdidos. Há muito para descobrir neste RPG.

A dificuldade está sempre presente e, se não prepararmos devidamente a nossa equipa, é fácil perder horas de progresso durante um combate mais desafiante. É preciso criar táticas, descobrir o melhor armamento para cada personagem e o seu posicionamento em combate. É necessário escolher os itens e ferramentas ideais para os inimigos que esperam defrontar e é essencial dominar as habilidades de cada herói.

Apesar da sua dificuldade, é um jogo empolgante de jogar que é capaz de transformar um simples combate numa luta pela vida, motivando-nos a continuar a treinar e a melhorar a nossa equipa para conseguirmos explorar mais um pouco do seu mundo. Fica ainda o apontamento para a presença de monstros mais fortes no mapa do jogo, um desafio extra para aqueles que quiserem completar tudo a 100%.

Mas se a dificuldade e a falta de controlo sobre a evolução das personagens vos está a assustar, o jogo disponibiliza um sistema de Talentos que dá a possibilidade de desbloquearem habilidades inerentes a cada uma das personagens. Estes talentos influenciam a destreza com as várias armas, mas também determinam vantagens dentro e fora de combate, como uma maior invisibilidade perante os inimigos em campo.

A este sistema, junta-se ainda a presença de várias Guilds que vos auxiliam enquanto viajam pelos mapas, seja através de apoio em combate ou pela identificação de itens e segredos ao longo da viagem. Existem cinco tipos de Guilds e são uma parte importante da exploração e desta harmonização da dificuldade.

The Alliance Alive HD Remastered é um bom RPG que procura desafiar os jogadores enquanto os leva numa viagem nostálgica onde as inspirações são claras e até reconfortantes. O sistema de combate é empolgante, muito variado e a história é interessante, escrita por Yoshitaka Murayama, que nos trouxe a série Suikoden, ainda que um pouco previsível.

É o equivalente a voltarmos às manhãs de sábado enquanto jogávamos Final Fantasy VII na PlayStation, onde tudo era novidade. Se já acabaram Dragon Quest XI, deem uma oportunidade a este regresso ao passado.

Nota: Bom

The Alliance Alive HD Remastered

Plataforma: PC, PlayStation 4 e Nintendo Switch
Este jogo (versão PS4) foi cedido para análise por NIS America .

Um RPG clássico e fortemente influenciado por séries como Final Fantasy e SaGa, que nos traz um sistema de combate muito profundo e uma aposta na evolução livre para uma maior sensação de estratégia e controlo. Tudo isto envolto numa história cativante e nostálgica.

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