Dois anos depois, Stray pula para a Nintendo Switch para encantar os seus jogadores com uma conversão sólida que preserva a essência desta aventura felina.
Foi no verão de 2022 que fomos presenteados com um dos jogos mais memoráveis desta geração. Stray, distribuído pela Annapurna Interactive e produzido pela BlueTwelve Studio, aterrou nas consolas PlayStation e no PC, derretendo o coração dos jogadores com o seu adorável protagonista: um gato.
A sua jornada, ainda que linear e pouco extensa, continuou com um lançamento nas consolas Xbox, um salto natural dado à sua exclusividade temporária nas consolas da Sony. Mas agora, é na Nintendo Switch que a presença do pequeno “vadio” levanta questões, sendo a principal: “Como corre?”
Antes de chegar a essa resposta, convém recordar de que trata afinal Stray e aquilo que, conceptualmente e mecanicamente, os jogadores irão encontrar neste adorável jogo. Stray é uma experiência simples de exploração, onde um pequeno gatinho sem nome, juntamente com um drone flutuante, o B-12, ajudam os habitantes de uma cidade subterrânea habitada por androides, ao mesmo tempo que exploram esgotos abandonados e fogem de ameaças biológicas, semelhantes a pulgas gigantes misturadas com os headcrabs de Half-Life.
Tudo isto se faz sem as habituais habilidades sobrenaturais, ataques ou outras mecânicas associadas à fantasia, pois Stray coloca-nos mesmo no corpo de um gato a fazer, bem, gatices. É quase como um simulador, onde podemos saltar entre obstáculos e pontos de diferentes elevações, interagir com o mundo como se fôssemos gatos – desde pedir festas, encontrar lugares confortáveis para dormir, arranhar paredes ou atirar baldes para o chão. Talvez a mecânica mais engraçada seja mesmo o uso de um botão dedicado para miar. O B-12 também pode ser usado para momentos de interação, mas é no ponto de vista do pequeno gatinho que viajamos por este mundo até ao seu objetivo principal: fugir desta cidade subterrânea.
O que torna a experiência de Stray igualmente fantástica é a variedade de locais, a sua apresentação, os puzzles ambientais e, claro, a direção artística, algo que vive bastante das capacidades do motor de jogo Unreal Engine 4. Na versão original para a PlayStation 5, o jogo era fantástico, ainda que não se apresentasse com visuais “de última geração”, mas funcionava de forma bastante convincente nas plataformas originais: na sua representação de um mundo cyberpunk futurista mas decadente, entre ruas sujas e complexos industriais abandonados, com atmosferas assombrosas ou com elementos mais granulares, como o pelo do gatinho ou as texturas e formas que compõem os adereços e os modelos dos robôs.
As expectativas para ver este jogo a correr na Nintendo Switch eram, por isso, bastante contidas. Felizmente, estamos perante uma fantástica conversão, que talvez reflita os dois anos de trabalho da produtora para otimizar o jogo num hardware mais fraco que a PlayStation 4, onde o jogo foi igualmente lançado originalmente.
Não deverá ser surpresa para ninguém que Stray opere limitado a 30FPS na plataforma da Nintendo, ou que a sua qualidade de imagem tenha sofrido sacrifícios – revelando uma imagem bem suave -, ou que as texturas também pareçam mais foscas, oferecendo aos ambientes um aspeto mais poligonal. Todos estes sacrifícios são mais notórios no modo Docked da consola, dada a dimensão do ecrã de uma televisão. No entanto, nunca comprometem a essência e a experiência do jogo, mesmo quando a sua fluidez cai dos 30FPS. A verdade é que, só na minha primeira impressão – e porque estava em “modo de análise” –, todos estes sacrifícios colocaram-se entre mim e o jogo, mas bastaram uns bons minutos de comando na mão para concluir que este é o mesmo Stray que visitei em 2020, agora com a possibilidade de jogar num modo portátil. E digo outro modo portátil porque Stray também é jogável na Steam Deck, onde o revisitei recentemente e foi necessário aceitar alguns sacrifícios para o jogo ter um desempenho mínimo ideal.
Stray na Nintendo Switch também se joga de forma fantástica e natural. Não é como se os controlos tivessem mudado, e também não existem funcionalidades exclusivas, como o uso de sensores giroscópicos. Ainda assim, o controlo é aceitável e, acima de tudo, familiar. O mais importante é que continuamos a ter o botão dedicado ao miar. Todos os outros aspetos relativos à jogabilidade, como o controlo do gatinho, a naturalidade das animações entre ações e outros detalhes, funcionam extremamente bem.
Esta versão da Nintendo Switch pode ser vista como o contrário de uma remasterização – um jogo otimizado para um hardware mais limitado –, mas que consegue a conquista de não parecer quebrado ou descaracterizado. Aliás, é até uma conversão bastante sólida e aparentemente cuidada, até do ponto de vista da direção de arte, que, mesmo com visuais menos complexos, preserva a visão original da BlueTwelve Studio.
Stray pode ser encontrado à venda em formato físico e digital na eShop, por 27,99€. Podem ler a nossa análise original ao jogo aqui.
Cópia para análise (versão Nintendo Switch) cedida pela Ecoplay.