Rey (Daisy Ridley), Finn (John Boyega) e Poe Dameron (Oscar Isaac) preparam-se para liderar a última guerra da Resistência contra Kylo Ren (Adam Driver) e a Primeira Ordem, que agora são auxiliados pelo retorno de Emperor Palpatine (Ian McDiarmid). Star Wars: The Rise of Skywalker serve como a conclusão da Saga Skywalker, após os eventos de The Force Awakens e The Last Jedi.
Caso não tenham conhecimento, sou um grande fã de Star Wars. Adoro a trilogia original, mas as prequelas… nem por isso. No entanto, a trilogia da Disney entregou dois dos meus filmes favoritos de toda a franchise, por isso, a sua conclusão é, obviamente, um dos meus momentos mais antecipados do ano. Se isto não for suficiente para deixar todos entusiasmados, adicionem o facto de ser o fim da Saga Skywalker e a pressão torna-se instantaneamente 10x mais pesada.
Entrei com expetativas moderadamente altas, sem um único vislumbre de qualquer trailer ou comercial televisivo, tal como consegui fazer com Avengers: Endgame. Este último superou as minhas expetativas e entregou uma conclusão quase perfeita para a Infinity Saga…
The Rise of Skywalker é uma tremenda desilusão. Não vou suavizar a minha opinião. Se, no início do ano, alguém afirmasse que J.J. Abrams não seria capaz de oferecer um final satisfatório para a famosa história de nove episódios, desatava a rir que nem um louco. Desapontou-me tanto que nem quero estender esta crítica mais do que o habitual. Sei que muitas pessoas odiaram The Last Jedi, mas, para o bem ou mal, o filme existe. As decisões de Rian Johnson foram tomadas. Algumas pessoas receberam-nas bem, outras não. Mas todos assistimos e vivemos a sua narrativa.
Existe algo chamado “integridade artística”, algo que J.J. Abrams e Chris Terrio esqueceram por completo. A falta de respeito pela parcela anterior da saga chega a ser desconcertante. O argumento sem estrutura é tão inacreditavelmente embrulhado que atinge um ponto onde questões lógicas evidentes começam a surgir. Pontos-chave do enredo ocorrem devido a alguns eventos genuinamente difíceis de acreditar e até as próprias personagens parecem não ter um caminho definido. É entretenimento por entretenimento.
Claro, existem imensas sequências de ação de fazer cair o queixo de tão visualmente deslumbrantes. A cinematografia (Dan Mindel) é das melhores que vi na franchise e durante este ano. A banda sonora de John Williams é emocionalmente poderosa e eleva, sem dúvida, vários momentos importantes, sendo uma das fontes principais pelos arrepios que senti pelo meu corpo. E sim, há um bom punhado de cenas épicas.
No entanto, durante todo o tempo de execução, a frustração esteve sempre presente. Narrativas significantes e o passado de personagens foram resolvidos em The Last Jedi, mas The Rise of Skywalker parece mais uma nova sequela a The Force Awakens do que ao filme de Rian Johnson.
Se há um aspeto inegável sobre esta trilogia que este último filme prova é que não havia um plano. Um roadmap. Uma estrutura geral. Quer adorem ou odeiem um ou todos os filmes, isto é indiscutível. A Disney meteu a pata na poça desta vez. A liberdade criativa é essencial para os filmmakers, mas a equipa de produção que comanda uma franchise precisa de uma estrutura bem organizada. O simples facto de J.J. Abrams realizar o primeiro filme, sair e voltar para fazer o terceiro já é, por si só, estranho e incomum.
Para além da falta de integridade artística, há um sentimento de deceção constante ao longo do filme. Em várias ocasiões, The Rise of Skywalker está pertíssimo de entregar uma sequência perfeita. Um momento digno de provocar arrepios. Uma cena incrivelmente emocional. Quase sempre, falha no último segundo, na última linha de diálogo ou no último movimento de ação. Alguns momentos ainda são cativantes e não perdem assim tanto impacto.
No entanto, outros são totalmente destruídos pelas escolhas mais ridículas e cringeworthy que testemunhei na saga.
O primeiro ato é desprovido de qualquer pensamento. Personagens vão a um local para conseguir algo que precisam para outro local, pois nesse local vão encontrar algo que os leva a outro local… É um ritmo frenético e fora de controlo. O desespero para criar tantas histórias secundárias diferentes a tempo é tão proeminente que é visível de outra galáxia. A partir do segundo ato, fica tudo um pouco mais claro e, no terceiro e último, todas as narrativas juntam-se decentemente. É nos últimos trinta minutos que as semelhanças com Avengers: Endgame sobressaem. A única “pequena” diferença é que não possui 1/10 do impacto emocional devido às decisões questionáveis que mencionei anteriormente.
Apenas uma personagem tem o seu arco completo sem desvios ou mudanças significativas: Kylo Ren. J.J. introduziu-o, Rian Johnson continuou a sua história e J.J. fechou o seu arco muito bem. Todas as outras personagens ou tiveram os seus arcos completos através de várias mudanças extremas ao longo da trilogia ou não chegaram sequer perto de terminar a sua própria história.
Há uma exceção, porém, que é a Leia de Carrie Fischer. Seria extremamente desrespeitoso e injusto alguém criticar os filmmakers sobre ela. Inseriram-na razoavelmente bem nas cenas e fizeram o melhor que podiam, tendo em conta as circunstâncias conhecidas. Posso estar extremamente desapontado, mas tenho que congratular a equipa por fechar o seu arco da maneira mais digna possível.
Quanto a todas as outras… bem, o elenco tem sido excelente desde o início. Adam Driver, nem tenho palavras. É tão perfeito como Kylo Ren que me convenceu a defender que a sua personagem é um vilão mais emocionalmente complexo do que Darth Vader. Adoro Daisy Ridley como Rey e ela faz um trabalho fenomenal neste último filme, mesmo quando o seu diálogo não é propriamente o melhor. John Boyega, Oscar Isaac e todos os outros (que não vou mencionar devido a possíveis spoilers) são brilhantes e dou-lhes mérito por tornarem todos os filmes um pouco melhores.
Não sei que mais deva escrever sobre The Rise of Skywalker. Sinto-me tremendamente dividido. Adoro os vários momentos épicos, o filme é visualmente impressionante e as sequências de ação são absolutamente incríveis. No entanto, não concordo nada com algumas decisões tomadas por J.J. Abrams e Chris Terrio, especialmente as que fazem The Last Jedi parecer inexistente. Esta falta de integridade artística mais as desilusões constantes no clímax dos vários momentos importantes destroem um dos meus filmes mais antecipados do ano.
Apesar das prestações brilhantes por parte do elenco, apenas Kylo Ren tem o seu arco completo sem mudanças significativas. The Force Awakens criou algumas perguntas misteriosas. The Last Jedi respondeu. The Rise of Skywalker… também respondeu. É uma das minhas maiores desilusões de sempre, mas vou guardar a Saga Skywalker bem perto do meu coração. Da próxima vez, façam um plano bem estruturado, Disney…