Session: Skate Sim

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Décadas de evolução culminam no Session: Skate Sim, uma ode ao que realmente é o skateboarding.

Session: Skate Sim é o mais recente jogo de skateboarding lançado para consolas e é, provavelmente, o melhor simulador deste desporto radical alguma vez lançado. Como fã e praticante do desporto há quase 20 anos, podem imaginar que não só já passei centenas de horas em cima de um skate como centenas de horas com um nas mãos, através de uma quantidade considerável de videojogos do género. Posto isto, dou-me como 100% imparcial a fazer uma avaliação cuidada e fidedigna do que cada videojogo oferece a nível de realismo e pormenor.

O mercado de videojogos deste género, amplamente dominado e marcada pelos arcade da saga Tony Hawk, habituou mal as pessoas à dificuldade e persistência (através de horas/dias/semanas de treino) a que este desporto obriga só para conseguir efetuar muitas das manobras base mais simples. Comecei a jogar Tony Hawk desde o primeiro Tony Hawk’s Pro Skater (1999) e segui a saga fielmente até a Proving Ground (2007), sendo que o que mais joguei foi American Wasteland (2005). Embora esta saga nunca tenha conseguido capturar a real dificuldade do desporto, sempre ofereceu histórias ricas, objetivos brutais, narrativas recheadas de momentos épicos, mapas bem concebidos e conteúdo riquíssimo.

Acho que foi isto que tornou a experiência arcade aceitável para os skateboarders durante tanto tempo, apesar de tentarem fazer parecer o skateboard mais colorido do que realmente é. E agora finalmente chego ao meu ponto para justificar o porquê do Session: Skate Sim ser o melhor jogo de skate e porque nunca vai ter uma aceitação global: porque mostra o lado do skate… que só os skateboarders conhecem.

Enquanto dê de barato que a história simplista com progressão sequencial possa ser um bocado insípida para quem está habituado ao Tony Hawk, é autêntica. Isto porque no mundo do skateboarding e toda a aprendizagem englobada funciona desta forma: segmentada. Um dia pegamos no skate, saímos de casa, escolhemos um local e ficamos o dia inteiro a treinar a mesma manobra até bater certo – o que nem sempre se verifica. Este jogo é muito parecido nesse aspeto, chegando até a ser nostálgico, através da forma de navegação na cidade, que pode ser feita saltando do local em local através no menu pausa.

Acho que a jogabilidade não pode ficar muito melhor que isto, sinceramente. A jogabilidade é das mais compostas que já experienciei, até mais do que em Skater XL, que foi pioneiro na exploração dos analógicos para controlar os pés do skaterboarder. À semelhança desse jogo, Session: Skate Sim também usa um analógico do comando e é aproveitado da melhor forma possível dado que, para além de intuitivo, é bastante preciso. Até para dar ao pé de forma a ganhar balanço há uma tecla para cada pé. A viragem é nos gatilhos e funciona de forma progressiva, conforme a pressão que exercem. As mecânicas envolvidas com a jogabilidade são superiores a Skater XL, pois fica a sensação que o resultado de cada manobra depende apenas da nossa destreza. No entanto, a complexidade e precisão vão deixar muitos jogadores frustrados, porque tudo depende de timings, muitas vezes ao milésimo de segundo.

Session: Skate Sim
Na lista de manobras, foi deixado o aviso: “SESSION is a hard game and will test your patience. Be advised.”

Para deixar um exemplo, numa das missões em que precisava de fazer apenas seis manobras, demorei 40 minutos até conseguir acertar com todas, mas consegui. O segredo está, sobretudo, na destreza, mas a chave é a persistência. Para quem nunca andou de skate e só experimentou arcades, vai parecer que estão a ser “enganados” e muitas vezes vão acabar frustrados porque carregaram nas teclas certas. A questão é que aqui não basta só as teclas certas, porque o timing é ainda mais importante, como referi anteriormente. Para quem já andou de skate, mas nunca jogou um simulador deste género, vai perceber o porquê de estar a falhar certas manobras e aceitar isso com mais facilidade.

Neste caso posso ir ainda mais longe. Em muitos dos desafios que foram aparecendo, e muito do que eu fui encontrando e definindo para mim próprio em locais propícios à idealização de uma manobra fixe, senti a mesma sensação que sinto quando vou andar de skate e quero experimentar algo novo. Sabem quando tentam, falham, agarram no skate, voltam para o sítio onde estavam e voltam a tentar, dezenas de vezes? Neste jogo isso também acontece e a sensação é brutal.

Mas nem tudo é um mar de rosas, sendo que há coisas simples com margem para melhoria, algumas das quais estão neste momento a ser desenvolvidas e podem ser ativadas pelos jogadores, se assim o entenderem. Entre as quais há as animações físicas do skater, os caspers, primos e lip tricks. Existem dois layouts de mapa e as City Life Settings. Quero destacar esta última, pois quando começam o jogo, não existe nada à vossa volta, nem quaisquer tipo de animações a não ser o do vosso skater. Com as City Life Settings ativas, podem adicionar NPCs ao mapa e definir a sua “quantidade”.

Ainda que estas melhorias estejam em desenvolvimento, não funcionam como desejado. Principalmente os NPCs, que apenas caminham de um lado o outro e volta e meia encalham em algum sítio onde se começam a acumular. Quando vão contra elas, podem voar sem amparo, mas só acontece se o fizerem a pé, visto que, em cima do skate, desviam-se sempre com sucesso. Por falar em quedas, este é o ponto mais negativo do jogo e que se assemelha em muito ao Skater XL, onde o skater cai inanimado do chão sem se tentar proteger ou usar os braços para suavizar a queda – chega a ser cómico às vezes.

No que toca a visuais, o jogo está bem concebido, principalmente na natureza que aparece de quando em vez em certos spots da cidade. O detalhe de elementos nas superfícies, como folhas secas, pastilhas elásticas velhas, musgos, fissuras e buracos, remates de cimento/alcatrão, texturas diversificadas e lixo (entre muitas outras coisas) em determinadas zonas também tem tanto de impressionante como de realista, dando mais autenticidade aos cenários deste. O tempo é dinâmico, transitando continuamente entre todas as alturas do dia, com a sombra do vosso personagem a acompanhar com fidelidade. Podiam estar melhor os avatares, quer o skater, quer os transeuntes.

Session: Skate Sim é, como abri este texto, o melhor simulador de skateboarding alguma vez produzido. Tem ligeiras falhas e faltam algumas manobras no leque existente, mas a experiência que proporciona é autêntica. Vai deixar frustrada muita gente que não está ciente do quão difícil é o skateboarding enquanto desporto, mas vai agradar a muitos que apreciam o desafio e a exigência. Diria que falta um bocado mais de conteúdo, principalmente a nível de zonas, mas as que existem, criam um playground muito interessante e com muito por onde caprichar.

Posto isto, diria que é um jogo recomendado para os amantes da modalidade, mas não tão recomendado para os fãs dos arcade tipo os jogos da saga Tony Hawk.

Session: Skate Sim pode ser jogado no PC, consolas Xbox e consolas PlayStation.

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Cópia para análise (versão PlayStation 5) cedida pela Nacon.

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