A promessa de Princess Peach: Showtime! estava no nome: entregar um “espetáculo”. Mas infelizmente não é arrojado o suficiente para nos encantar com a sua curta campanha.
A Peach que terminou o Super Mario Odyssey a partir numa aventura só dela, merecia bem melhor do que este jogo. Tanto ela, como os fãs da princesa, mereciam algo diferente e mais arrojado, mas com Princess Peach: Showtime!, acabámos com um “espetáculo” seguro, seco e breve. Caramba, até o Kirby arrasou com Kirby and the Forgotten Land!
Não quero parecer negativo. Pelo menos, os holofotes largaram o Mario e focaram-se nos outros protagonistas de Mushroom Kingdom, mas fica aquela sensação de que já vimos antes. A fórmula dos fatos com diferentes poderes como o de pasteleira, é segura e com potencial de multiplicar uma variedade de mecânicas imensa. Infelizmente o bolo não saiu assim tão bem do forno. Os cenários coloridos complementam a sobremesa e alguns ainda enchem o olho e a barriga, mas o grosso é uma repetição que só não maça porque o jogo é curtíssimo.
A premissa é simples, a nossa Peach decide assistir a um espetáculo mas coisas dão para o torto, com um bando dos azedos (Sour Bunch) a invadir o recinto. E porque o espetáculo tem de continuar, Peach alia-se à guardiã Stella para reporem a normalidade. É de uma leveza que se perde nas poucas horas. Afinal, a jogabilidade é o maior foco desta aventura e até que chega a ser divertida, mais pelas combinações de fatiotas e respetivas mecânicas — brandimos uma espada com o fato de cavaleiro; investigamos quando somos detetives e caprichamos na pastelaria quando envergamos o avental de pasteleiro. Claro que nem todas as transformações e secções apresentadas saem vencedoras, ao passo que algumas têm o seu charme e graças, outras caem na repetição ou na frustração.
No que toca ao combate, este também não se revela o ponto mais forte de Princess Peach: Showtime!. Ora atacamos da mesma forma com diferentes armas e ferramentas, ou agitamos a fita da Peach. Simples, mas com pouca profundidade mecânica, servindo apenas o seu propósito até chegarmos às próximas sequências mais divertidos.
Existe pouca margem para a exploração da praxe, mas ainda dá para encontrarmos melhorias de habilidades e moedas e outras pequenas gratificações. A linearidade dos níveis vem puxar à ideia de um palco e de uma performance, onde somos os protagonistas a encarnar diversas personagens. É engraçado reparar que o cenário é quase literalmente um palco de teatro, com pedaços de cartão ou fundos que deslizam para acompanhar a ação e replicar os diferentes ambientes desta aventura. Também podemos topar outros detalhes de bastidores, como figurantes, holofotes e geringonças que o espetador não tem por hábito ver durante uma peça de teatro real, sentado na plateia.
E tal como no teatro e nos filmes, é tudo uma ilusão. Princess Peach: Showtime! bem que tenta brilhar, mas com uma lâmpada suja e a fundir. Esta aventura é também afetada por um desempenho medíocre; tempos de carreamento longos; uma má resolução que afeta a qualidade de imagem e sólida direção artística, e ainda ocasionais soluços não me deixam recomendar este jogo e ao preço proposto. As ideias e a ambição estão lá, mas a Peach merecia mais brio e amor nesta sua aventura, após tantos da sua última, em Super Princess Peach ainda em 2005. Se ainda me diverti em momentos? Sim. Mas apenas o propósito de escrever esta peça me motivou a assistir ao fechar das cortinas.
Cópia para análise cedida pela Nintendo Portugal.