Ao contrário do que tem sido comunicado por alguns jornais, é apenas uma aplicação de comunicação.
Uma tentativa de atentado terrorista na Universidade de Lisboa na passada semana abriu os jornais com questões legítimas sobre a segurança pública, depois de um jovem de 18 anos ter sido apanhado em flagrante delito.
Quem é o jovem, quais eram as suas intenções, como estava a planear o ataque, são algumas das questões que a comunicação social Portuguesa tentou responder e fracassou, com uma investigação pobre e facilmente corroborada em cinco segundos numa pesquisa no Google.
Julgamentos precoces, descabidos e perigosamente generalistas e errados foram feitos ao traçar o “perfil” do suspeito: um rapaz que viu no anime e nos videojogos as influências para as suas ações, assim como toda uma romantização de um “terrorista” à Hollywood, onde se destacou o uso da Dark Web, quando, na realidade, o que o jovem usou foi apenas o Discord.
Para desmistificar o que é, afinal, o Discord, basta apenas uma rápida pesquisa de cinco segundos. E, como é óbvio, não é a Dark Web. O Discord é uma aplicação de comunicação, que os mais velhos poderão até comparar ao antigo cliente mIRC, um software onde os utilizadores podem livremente comunicar, ter a sua lista de contactos, aceder a grupos, salas e, até, fazer conferências e videoconferências, como alternativa a outros softwares semelhantes, como o Zoom.
Na página oficial da aplicação, pode ler-se que o Discord é uma aplicação gratuita de conversa, dirigida a maiores de 13 anos, usada por milhões de pessoas em todo o mundo, maioritariamente por criadores de conteúdo, streamers, jogadores, entre outros.
O Discord é frequentemente associado com o mundo dos videojogos por ter sido uma aplicação criada para facilitar a comunicação entre jogadores, mas a sua utilização é, atualmente, mais abrangente, apesar da forte ligação com a indústria dos videojogos, algo que, juntamente com o estigma persistente em volta do meio de entretenimento mais rentável à face do planeta, tem criado confusões.
Dadas as suas características e opções de criar salas e conversas seguras e privadas, como qualquer outra rede social ou aplicação que atrai milhões de utilizadores por todo o mundo, o Discord pode ser usado para fins ilícitos, da mesma forma que um Facebook e os seus grupos, assim como o próprio Messenger, chat do Instagram, Reddit, entre outras plataformas. Contudo, o Discord não é uma plataforma de Dark Web como alguma da comunicação social assim a apresentou. É, simplesmente, uma aplicação livre.
Atualmente, a popularidade crescente do serviço resultou numa parceria com a PlayStation, onde o Discord poderá vir a servir de alternativa de comunicação nas plataformas da Sony.