Mazriley – Uma experiência bastante viciante

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Foi na passada sexta-feira, dentro do ambiente ímpar do Musicbox, que Mazgani e Sean Riley deram vida a Mazriley: uma colaboração inesperada ao vivo que nos proporcionou momentos absolutamente deliciosos, ideia da Heineken, que já no passado patrocinou concertos semelhantes.

O “pequeno-grande” espaço do Musicbox foi sendo preenchido pelos mais diversos espectadores curiosos: os que conheciam os dois artistas, os que conheciam um ou outro e, talvez ainda, os que não conheciam nenhum.

Havia motivos para isso: Mazgani, o cantautor iraniano (radicado em Portugal desde criança), dono de uma obra extremamente interessante – onde povoam sons que passam pela melodia folkiana ao experimentalismo bluesiano – juntou-se a Sean Riley, que este ano estreou a solo California – disco sobejamente simples e intimista – e a génese foi servida, a dois tempos, perante um público deveras hipnotizado.

O início, conduzido (ainda apenas) pelo duo, trouxe-nos o prato da noite que, pecando pela quantidade, nos assoberbou pela qualidade. Cedo se percebeu a magnitude da presença de Mazgani nos quatro temas partilhados com Sean Riley (alter-ego de Afonso Rodrigues) que, pé ante pé, se foi afirmando como um cúmplice perfeito. Cumplicidade era, aliás, a palavra de ordem na interação e intimidade entre os dois artistas e, também, na música que daí surgiu, onde a melancolia embaladora de Mazgani se misturou com o folk solarengo de Sean Riley.

Apesar do número de temas apresentados – não chegou à dezena – a entrega foi crescendo: “Common Ground”, a canção que fecha o álbum de Mazgani com o mesmo nome, foi o ponto de partida. A escolha, não inocente, serviu para demonstrar que não só Mazgani é dono de uma voz gigantesca, como Sean Riley se entrosava esplendorosamente bem e isso tudo se mostrava aqui… numa canção simples, mas emocionalmente grandiosa.

O mote continuou com “Last Words” (do belíssimo Songs of Distance) passando ainda por “Chelsea Hotel Nº 2”, o clássico de Leonard Cohen, interpretado por Sean Riley com Mazgani compondo um íntimo e muito aplaudido dueto da noite e ainda “L.A” (ambos incluídos em California).

Ao segundo tempo, Mazgani e Sean Riley acompanhados de Victor Coimbra (baixo), Isaac Achega (bateria) e ainda Pedro Vital (guitarra) trouxeram uma nova vitalidade à noite, “incendiando” o palco e, até mesmo, a plateia. Energizados pelas sonoridades mais blues rock do álbum The Poet’s Death, de Mazgani, e por uma performance tão pujante e, ao mesmo tempo, intimista de todo o grupo, mas em particular de Mazgani – que até para o meio da plateia veio dançar com uma fã claramente enamorada! -, um artista intensamente genuíno, que a todos sorria e todos sorriam para ele.


 

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