Palm Springs não só é uma das melhores rom-coms alguma vez feitas, como é também um dos melhores (se não mesmo o melhor) filmes de 2020 até à data.
Quando Nyles (Andy Samberg) e a relutante dama de honor Sarah (Cristin Milioti) têm um encontro casual num casamento em Palm Springs, as coisas ficam complicadas quando se encontram incapazes de escapar do local, deles mesmos ou um do outro.
Para quem lê as minhas opiniões há algum tempo, não é surpresa que não sou o maior fã de rom-coms (comédias românticas). Não é que não goste do género (aprecio e desfruto de todos), mas tenho muita dificuldade em realmente adorar os seus filmes. A grande maioria segue as fórmulas e clichês do género de tal maneira que raramente acabo por adorar um destes filmes.
Alguns são demasiado cheesy. Outros são demasiado irrealistas. Mas o aspeto que mais me deixa “de fora” é a falta de originalidade. Não me recordo da última rom-com que tenha visto que não tenha pedido emprestado elementos e conceitos a inúmeros outros filmes. Não sabia nada sobre Palm Springs: não vi trailers, não tinha conhecimento da opinião de críticos/público, nada… E não podia estar mais feliz!
Costumo assistir ao trailer principal depois de ver o filme respetivo. Ignoro todos os outros trailers, clips e imagens. Tal serve para que consiga ter algum conhecimento sobre o quão longe posso levar as minhas críticas livre de spoilers. Assim, tenho a certeza de que não escrevo sobre algo que não devo. O trailer oficial deste filme não estraga a experiência de forma alguma, mas conta aos seus eventuais espetadores o aspeto mais relevante do seu argumento. Como tal, podia abordá-lo nesta opinião, mas não o vou fazer… pois gostei muito mais deste filme sem saber nada sobre o mesmo do que se soubesse como a história se iria desenvolver.
Portanto, vou manter esta crítica vaga e simplesmente escrever que o primeiro (!) argumento de Andy Siara pode facilmente arrebatar umas quantas nomeações quando a temporada de prémios chegar. Esta é uma rom-com como nenhuma outra devido ao seu conceito único. É verdade que não é um método totalmente novo de contar histórias. Muitos outros filmes também empregam esta ideia, mas Siara guarda tantas surpresas dentro da sua narrativa e tão poucos traços comuns do género em questão que todo o filme é elevado pela sua escrita excelente.
É um dos filmes com mais entretenimento do ano. Com uma duração curta e um ritmo rápido, Palm Springs é genuinamente divertido, envolvente e até intrigante. O seu plot original obriga o espetador a pensar e a recordar linhas de diálogo passadas que ganham um significado totalmente diferente alguns minutos depois. Não existem decisões narrativas previsivelmente parvas e as suas personagens escapam àquelas relações cheesy e forçadas que este tipo de filmes geralmente possui. Os diálogos são hilariantes e cativantes. Quase todos os pontos de enredo carregam um soco emocional, com uma revelação de fazer cair o queixo que nunca passou pela mente do espetador.
Andy Samberg e Cristin Milioti partilham uma química espetacular. As suas personagens são muito bem desenvolvidas e a sua relação dá a sensação de ser incrivelmente real. Raramente sou aquele espetador que “exige” que as personagens principais fiquem juntas, beijem-se, apaixonem-se e tudo isso, mas Nyles e Sarah são dois protagonistas maravilhosos que me fazem torcer por eles. Possuem uma “bagagem” interessante, que também é explorada a um nível bem profundo. Lidam de forma muito diferente com a “situação” em que a história os coloca e é muito divertido vê-los passar por isso e evoluir como personagens. Ah, e J.K. Simmons (Roy)… este homem não sabe como não ser impressionante!
Max Barbakow (realizador estreante) também demonstra os seus talentos ao permitir que o argumento de Siara brilhe sob uma realização impecável. Tonalmente, nunca perde o equilíbrio. Mantém a sua comédia bastante “normal”, considerando a loucura da sua premissa. Nunca recorre às fórmulas, clichês e conclusões cheesy do género. Separa-se verdadeiramente da maioria das rom-coms modernas.
De facto, não tenho qualquer “falha” a apontar… O final tem uma certa componente narrativa do tipo “aceitem e sigam em frente” e existem algumas cenas desnecessárias, mas são pequenos pormenores. Não acredito que vou escrever isto, mas Palm Springs não só é uma das melhores rom-coms que alguma vez assisti, mas também um dos melhores (se não mesmo o melhor) filmes de 2020 até à data.
Com a ajuda do realizador estreante (Max Barbakow), Andy Samberg e Cristin Milioti espalham a sua química extraordinária por toda a narrativa inovadora e original, escrita pelo também estreante Andy Siara. Este último é, sem dúvida, o principal responsável por este filme repleto de entretenimento puro. Siara pega num conceito imaginativo e desenvolve-o da maneira mais cativante, divertida, hilariante e até intrigante possível. Um argumento surpreendente cheio de pontos de enredo emocionalmente impactantes, revelações e twists que mantêm os níveis de entusiasmo extremamente altos. Os dois protagonistas são excecionalmente desenvolvidos, bem como a sua relação convincente.
Com um ritmo rápido e um equilíbrio perfeito do seu tom, Palm Springs diferencia-se dos outros filmes do género, mantendo-se longe de todos os clichês, fórmulas e estereótipos associados ao mesmo. J.K. Simmons também empresta o seu talento inegável… por que não? Quer sejam fãs de rom-coms ou não, definitivamente sugiro dar uma olhada neste. Não se vão desiludir!
Palm Springs será disponibilizado em breve por cá via streaming.