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CYGNI: All Guns Blazing tenta modernizar os shoot’em up com visuais modernos, mas a receita geral é básica para tornar uma jornada inicialmente emocionante em algo genérico – mas bem-vindo.

Quando é que foi a última vez que viram ou jogaram um shoot’em up (shmup para os amigos), com visuais e estética contemporânea? Se não se recordam de nenhum é normal. Este é um género normalmente relegado à estética mais old-school, mesmo em jogos modernos e remasterizações. Ou não fosse este um género de jogo objetivamente old-school, principalmente devido à leitura dos níveis e dos milhões de projéteis que funcionam melhor com visuais coloridos e modelos em sprites ou pixel-art.

A mais recente aposta da Konami – sim, leram bem, ainda que seja só no papel de editora – pretende mesmo trazer o género para a atual geração, com a Keelworks a experimentar-se com o género recorrendo às capacidades do Unreal Engine, ainda na versão 4.

Não é de admirar que a produtora britânica tenha apostado num registo visual futurista e, digamos, “next-gen”. Pois está-lhe nos genes, sendo que a sua equipa está mais habituada a produzir cinemáticas de altas produções e efeitos especiais. Agora, como se saiu no que toca a jogos, ao estrear-se com CYGNI: All Guns Blazing? A resposta é: Nada mal.

CYGNI: All Guns Blazing não é o melhor jogo do género que vão jogar, tão pouco o tenta reinventar, mas pode ser o catalisador perfeito para mais jogos do género com uma vertente um pouco mais cinematográfica. Uma abordagem que poderá diferenciar CYGNI dos restantes jogos do género e, até, desafiar a experiência que associamos aos clássicos shumps. No fundo, é um título que merece a atenção dos fãs do género e dos curiosos.

A fórmula já é conhecida. Em CYGNI, é-nos dado o controlo de uma nave futurista que terá que rebentar os inimigos que ocupam o ecrã, enquanto este vai fazendo um scroll automático, com pausas regulares para oponentes mais fortes. O caos é a palavra de ordem e cabe ao jogador desviar-se dos projeteis enquanto encontra abertura para lhes disparar violentamente.

Um dos grandes destaques mecânicos de CYGNI concentra-se num sistema de alocação de energia. À medida que vamos derrotando inimigos, apanhamos orbs que enchem as duas barras de energia da nave, uma dedicada à força do escudo que a envolve, outra à potência das nossas armas. Cada hit severo come uma porção dessas barras e, enquanto navegamos pelo jogo, em desvios e ataques, é importante encontrar este equilíbrio entre defesa e ataque, alocando a energia onde é mais necessária no momento certo. Ao mesmo tempo, os mais habilidosos poderão desfrutar de ter ambas as partes no máximo, uma espécie de recompensa especial.

Com várias dificuldades ao dispor, CYGNI não é um jogo difícil, mas tem os seus momentos de desafio, especialmente no modo normal, onde apenas é-nos disponibilizada uma vida no início de cada nível. Já no modo fácil, o desafio parece ser aparentemente o mesmo, com a vantagem de estarmos mais relaxados com as três vidas.

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CYGNI: All Guns Blazing (Konami)

A campanha de CYGNI pode ser passada numa tarde, com o jogo a entrar num misto de bullet hell com shump clássico dependendo das suas partes, sendo a vertente bullet hell mais presente nos épicos bosses com designs, padrões de ataque e de defesa distintos que nos obrigam a alguma estratégia de recursos.

Ao longo do jogo propriamente dito, já pouco há a dissecar. A rompante destruidora dos inimigos que se apresentam à nossa frente pouco muda de forma, com os mesmos tipos de máquinas e de naves a revelarem-se carne para canhão, com exceção de inimigos terrestres, também eles com alguma repetição, que nos obrigam a andar um pouco à sua volta, recorrendo a disparos secundários, enquanto também tomamos atenção à mecânica principal do jogo.

O uso das mecânicas de troca de energia é interessante e CYGNI joga-se particularmente melhor no PC com teclado e rato do que com o comando. No entanto, estes destaques mecânicos entram em conflito com outro dos pontos mais interessantes do jogo: os visuais.

CYGNI entrega a promessa de oferecer um shmup contemporâneo. Ao vivo é um autêntico deleito, do qual nenhum vídeo lhe faz justiça devido à quantidade de compressão aplicada às partículas e efeitos que preenchem o ecrã como confettis explosivos numa festa. É uma maravilha.

Colorido e cheio de vida, CYGNI apresenta animações fantásticas dos inimigos mecânicos em ambientes futuristas e espaciais, onde leds brilham por todo o lado e lens flares refletem em todas as superfícies mais metálicas. Há, também, uma excelente perceção de profundidade, nomeadamente a nível de level design, mas todas estas mais valias também se traduzem num ruído visual que se colocam à frente da experiência e da concentração dos jogadores.

O HUD informativo é minimalista e quase escondido na zona superior esquerda do ecrã e o indicador de energia envolve a nossa máquina. Enquanto que o HUD informativo surge como algo opcional para espreitarmos a pontuação, o indicador em torno da nave é, por vezes, difícil de ler e, no calor do momento, das maiores explosões e caos, a legibilidade e a nossa concentração podem ser difíceis de se manter, resultando em falhas frustrante por parte do jogador.

A ambição visual também compromete o desempenho do jogo, como pude comprovar na Steam Deck. Apesar de CYGNI ser compatível com a máquina da Valve, tendo até um preset dedicado à mesma, em jogo a qualidade imagem não é a ideal, mostrando a imagem serrada. Já a nível de framerate, o jogo tem momentos que cai bem abaixo dos propostos 30FPS e, quando é selecionada a opção de 60FPS, mais notória é a dificuldade de manter a sua estabilidade. Com alguma pena minha, também aqui pude comprovar que CYGNI não conta com um modo HDR, que seria fantástico nesta pequena máquina.

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CYGNI: All Guns Blazing (Konami)

No PC, o desempenho irá, obviamente, depender da capacidade da máquina de cada um, mas saltando para um PC moderno, equipado com uma Gigabyte GeForce RTX 4090 GAMING OC 24G, e com recurso a um monitor 4K de alto desempenho, percebemos que CYGNI é pesado, pois o jogo revelou dificuldade em manter 60FPS sólidos (nas definições máximas do jogo). Para piorar a situação, CYGNI não dispõe de um modo desbloqueado, oferecendo apenas limites de 30FPS e de 60FP no PC.

Este desbloqueio seria extremamente importante num jogo desta natureza, quer pela ação que propõe, quer pelos reflexos necessários por parte do jogador. Mas quem sabe se não será algo a melhorar numa atualização.

Infelizmente, o que uma atualização dificilmente melhora é a história quase inexistente ou a sua apresentação. Para um estúdio com passado em cinemáticas, é estranho que só a introdução do jogo tenha recebido algum carinho. Já os restantes momentos narrativos, como o interlúdio de cada missão, são feitos com imagens estáticas e dinâmicas, de renders e artworks. A história também é básica e pouco empolgante, mas faz o suficiente para justificar a nossa entrada na nave, na pele de uma jovem piloto que se junta à última linha de defesa da Humanidade no planeta Cygni contra as forças de uma poderosa raça alien biomecânica.

CYGNI não reinventa o género e tem as suas falhas, mas o espetáculo visual é fantástico quando o jogo permite e faz o suficiente para oferecer uma nova alternativa moderna a um género que poucos ousam abraçar e atualizar. Só é pena que não faça muito mais do que o básico que já conhecido neste estilo de jogos para nos entreter.

CYGNI: All Guns Blazing está disponível no PC, PlayStation 5 e Xbox Series X|S.

Cópia para análise (versão PC) cedida pela Konami.

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