Crítica – Without Remorse

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Without Remorse segue um protagonista convincente por um caminho de vingança através de sequências de ação intensas e cheias de suspense desencadeadas pelos clichês habituais e fórmulas de storytelling do género.

Without Remorse

Sinopse: “Um esquadrão de soldados russos mata a família do militar dos SEAL John Kelly (Michael B. Jordan), em retaliação pelo seu papel numa operação ultrassecreta. Kelly persegue os assassinos a todo custo, unindo forças com um camarada dos SEAL (Jodie Turner-Smith) e com um agente sombrio da CIA (Jamie Bell). Involuntariamente, Kelly expõe uma conspiração secreta que ameaça envolver os EUA e a Rússia. Dividido entre a honra pessoal e a lealdade ao seu país, Kelly luta sem remorsos e tenta evitar o desastre ao revelar as identidades dos poderosos conspiradores.”

Tom Clancy é o autor por detrás da famosa série de livros Jack Ryan, que eventualmente foi adaptada para o grande ecrã. Enquanto a trilogia original com Alec Baldwin e Harrison Ford é recordada carinhosamente pela maioria das pessoas, incluindo eu próprio, os reboots do século XXI com Ben Affleck e Matt Damon não foram nada além de tentativas fracassadas de reviver uma franchise cinemática. A série de TV de John Krasinski foi aparentemente bem sucedida, mas infelizmente não assisti. Então, por que não um spin-off? Michael B. Jordan entra numa suposta duologia como John Kelly – famosamente conhecido como John Clark – a personagem principal. Stefano Sollima reencontra Taylor Sheridan – trabalharam juntos em Sicario: Day of the Soldado – acompanhados pelo co-argumentista estreante, Will Staples.

Não consigo considerar-me um “fã” de Jack Ryan, mas tenho bem presente na memória de ter desfrutado dos primeiros três filmes. Não possuo qualquer conhecimento sobre a história dos livros ou sobre o próprio John Kelly, logo assisti a este filme da Amazon Studios com expectativas simples de receber um filme de ação decente o suficiente. No geral, foi precisamente isso que tive.

O tempo de execução inferior a duas horas passa muito rápido devido às numerosas sequências de ação, que são obviamente o elemento que mais entretém de todo o filme. Desde os takes longos com coreografia de luta intensa até às situações mais paradas repletas de suspense, Without Remorse não tem intervalos prolongados entre cada momento de ação, o que satisfará os espetadores que vêm à procura da componente mais energética.

Without Remorse

O trabalho de stunts necessita de ser elogiado. A equipa que trata da ação fascinante, barulhenta e entusiasmante merece ser trazida para esta opinião, visto que são os membros da mesma que realmente fazem deste tipo de filmes produtos populares e bem sucedidos. Dito isto, todos os filmes exigem que os dois pilares do cinema – história e personagens – sejam bem construídos, o que é algo que esta obra só realiza parcialmente. Apesar de John Kelly ter uma história trágica, sombria e motivações emocionalmente convincentes, o seu arco segue a fórmula de desenvolvimento genérico que os espectadores já testemunharam anteriormente em outros filmes do mesmo género. Em relação à narrativa, não é mais do que uma história direta de vingança com um ângulo socioeconómico e político inconsequente e desinteressante, sendo que tudo é facilmente previsível desde o primeiro minuto.

Michael B. Jordan (Creed, Black Panther) entrega uma prestação física e emocional notável, carregando todo o filme aos seus ombros. Ao incorporar os sentimentos complicados e complexos de raiva, tristeza, luto e arrependimento da sua personagem, Jordan oferece uma exibição cativante que mantém a atenção dos espectadores até ao fim. Infelizmente, todas as outras combinações ator-personagem estão tão longe da eficiência do protagonista, acabando por ser bastante esquecíveis. Desde a interpretação vazia de Jamie Bell (Rocketman, Snowpiercer) aos toques forçados de Jodie Turner-Smith (Queen & Slim), os guiões para cada personagem secundária estão cheios de exposição ou bocados irrelevantes de diálogo.

Claramente, esta é mais uma tentativa de reviver uma saga de ação, uma que não acredito que tenha um lugar hoje em dia. De Mission: Impossible a John Wick, passando por Fast & Furious e os universos de super-heróis, um spin-off de Jack Ryan pode ser interpretado como “mais um” filme aleatório em vez de competição séria para qualquer uma das franchises mencionadas. Elogios finais ao trabalho de câmara de Philippe Rousselot e à edição de Matthew Newman, que contribuíram para algumas cenas impressionantes e excitantes. Afinal, este elemento mais ativo é tudo o que importa para uma grande parte do público.

Without Remorse segue um protagonista convincente por um caminho de vingança através de sequências de ação intensas e cheias de suspense desencadeadas pelos clichês habituais e fórmulas de storytelling do género. Michael B. Jordan é a grande estrela, entregando uma prestação notavelmente cativante que ajuda o filme de Stefano Sollima a sobreviver ao seu argumento nada surpreendente. Taylor Sheridan e Will Staples concentram-se na construção de um “herói” interessante, mas esquecem-se de aplicar o mesmo nível de dedicação à narrativa e às personagens secundárias.

No geral, é um filme com um ritmo acelerado e guiado por ação que satisfará a maioria dos espectadores à procura de algo para assistir no fim de semana. O trabalho de stunts é excecional e não deve ser esquecido. No entanto, se desejam uma visão mais criativa e única dentro do universo de Jack Ryan, talvez a sequela faça um melhor trabalho.

Without Remorse está disponível na Amazon Prime Video.

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