Crítica – WandaVision (Temporada Completa)

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WandaVision é do melhor conteúdo que se pode encontrar no género de super-heróis. Uma história incrivelmente cativante sobre o luto em que Elizabeth Olsen e Wanda são impressionantemente fascinantes.

Sinopse: “Uma mistura entre televisão clássica e Marvel Cinematic Universe em que Wanda Maximoff (Elizabeth Olsen) e Vision (Paul Bettany) – dois seres super-poderosos experienciando as suas vidas suburbanas idealizadas – começam a suspeitar que nem tudo é o que parece.”

Nota de Editor: A primeira parte desta crítica foca-se nos três episódios. Podem encontrar as considerações finais para o resto da temporada mais em baixo.

A Marvel criou um universo de super-heróis sem precedentes que culminou no destruidor de recordes, Avengers: Endgame (Spider-Man: Far from Home é, na verdade, o último filme da Infinity Saga, mas vamos ignorar isto). Com a primeira história global terminada após 23 filmes, a MCU começa agora uma nova Era. Basicamente, a Phase Four é outra Phase One, onde os espectadores irão encontrar novos heróis. No entanto, ainda existem dezenas de Avengers em jogo, incluindo a incrivelmente poderosa Wanda.

A televisão terá um papel importante na próxima saga, com minisséries protagonizadas por super-heróis principais, tendo um impacto significativo nos filmes. Obviamente, isto levanta a questão: os espectadores necessitam de assistir às séries para entender e acompanhar os filmes? Acredito que sim. Algumas podem não ter tanto impacto quanto outras, mas WandaVision afetará, sem dúvida, o caminho de Wanda na MCU. Desde ser um dos Avengers mais poderosos à possibilidade de Wanda ser a próxima grande vilã, esta personagem tem potencial ilimitado. Além disso, Elizabeth Olsen é uma das melhores atrizes da franchise e, honestamente, de toda a sua geração.

Portanto, apesar de tentar sempre manter as minhas expetativas o mais moderadas possível, não consegui deixar de me sentir extremamente ansioso para WandaVision. A série é tão estranha e misteriosa como esperava que fosse. Nos primeiros três episódios, o espectador é colocado dentro de uma sitcom a preto e branco, onde se torna claro que tudo o que está a acontecer se passa dentro da própria mente de Wanda ou algo semelhante pelo qual esta é definitivamente responsável. Tendo em conta o que aconteceu a Vision, parece que a série irá lidar fortemente com assuntos sensíveis como o luto, a depressão e o escapismo extremo. No entanto, estes primeiros episódios são bastante determinados em seguir a rota da comédia.

crítica wandavision

Com centenas de referências ao período respetivo da televisão clássica, WandaVision é muito mais hilariante do que antecipava. Piadas aparentemente simples, mas eficientes, sobre os poderes de Wanda e Vision e sobre a sua natureza são as que despoletam as gargalhadas mais generosas (argumento impecável de Jac Schaeffer). Neste aspeto, tenho que elogiar Kathryn Hahn (Agnes), cuja prestação como a “vizinha intrometida” é muitíssimo engraçada. Teyonah Parris ainda não interpreta a sua personagem real (Monica Rambeau), mas o seu desempenho é bastante interessante. O resto do elenco é, todo ele, fantástico, mas tudo se resume a Elizabeth Olsen e Paul Bettany, que são muito charmosos e divertidos juntos.

A sua química é ainda mais palpável agora que são os protagonistas da sua própria história. É uma sensação estranha ver Bettany retratar Vision novamente, mas a sua performance incrível vem demonstrar que a conexão do espetador com a personagem é tão humanamente convincente como qualquer outra. No entanto, Olsen é a verdadeira estrela do espetáculo. Admito que posso ser um pouco tendencioso, visto que é uma das minhas atrizes favoritas a trabalhar nos dias de hoje, mas Olsen prova que é digna de papéis mais importantes em Hollywood, fora da MCU. É capaz de um alcance emocional inacreditável, um timing cómico excelente, uma expressividade requintada e uma capacidade impressionante de mudar drasticamente e rapidamente de estilos. Uma nomeação para os Emmys não seria surpreendente.

O enredo principal gira em torno da vida aparentemente ideal de Wanda com Vision. Como? Este é o mistério que vai recebendo mais e mais pistas após cada episódio. Um certo símbolo aponta para uma organização que, sem dúvida, levará os fãs da Marvel a gritarem de emoção desde o primeiro episódio (se olharem com atenção, irão encontrá-lo). Este é o primeiro conteúdo da MCU desde julho de 2019, logo a fasquia está inevitavelmente alta, pois Matt Shakman tem que cumprir a missão de trazer de volta o entusiasmo para o universo respetivo. Shakman e Schaeffer empregam estranheza e narrativa não convencional que transformam a série numa história extremamente cativante, embora a resposta principal para o que está a acontecer seja bastante clara.

Tecnicamente, a banda sonora de Christophe Beck é o destaque. Desde os efeitos sonoros oportunos da televisão clássica até canções específicas que tocam durante certos momentos, Beck entrega um score que eleva a série no geral. Os créditos de abertura são únicos e sempre diferentes, fazendo referência a várias Eras da televisão (elogios para Robert Lopez e Kristen Anderson-Lopez por comporem os temas). Quanto ao resto, edição fantástica de Tim Roche, Nona Khodai e Zene Baker. Os efeitos visuais parecem perfeitos mesmo em preto-e-branco e a cinematografia de Jess Hall assemelha-se habilmente a atributos de sitcoms. Excelente produção artística (Mark Worthington) também.

crítica wandavision

Resumindo, após apenas três episódios, WandaVision mostra-se tão estranha, misteriosa e excecionalmente cativante como pretende ser. Matt Shakman e Jac Schaeffer entregam uma série surpreendentemente hilariante com a quantidade certa de pistas para o que realmente está a acontecer. Embora a resposta global seja algo previsível, a narrativa criativa constrói uma atmosfera de incerteza e de dúvidas intrigantes que deixarão os espetadores extremamente ansiosos pelo próximo episódio.

Desde a banda sonora de Christophe Beck ao preto-e-branco lindo, a vida aparentemente ideal de Wanda e Vision encontra-se rodeada por atributos técnicos que homenageiam a Era da televisão clássica. Paul Bettany, Teyonah Parris e Kathryn Hahn são fantásticos, mas Elizabeth Olsen é a estrela indiscutível, mostrando o seu talento inegável que pode muito bem garantir-lhe a nomeação para um Emmy. Sendo o primeiro conteúdo da MCU em mais de um ano, WandaVision conquistou toda a minha atenção para os episódios restantes, que certamente possuem revelações impactantes. Ainda não é clara a verdadeira influência que terá no reino dos filmes, mas só posso presumir que seja significativa. Não percam!

Crítica Pós-Finale (Com base nos episódios restantes e em toda a temporada)

Os seis episódios seguintes não podiam ser melhores. A homenagem década a década às sitcoms continua, mas diminui exponencialmente as suas tentativas de humor e níveis de leveza. Como esperado, um tom muito mais dramático e emocional toma conta da narrativa, em que cada episódio aproxima os espectadores de respostas às dezenas de perguntas levantadas por episódios anteriores. Novas perguntas surgem com a introdução/revelação de personagens que, definitivamente, deixarão o público incrivelmente entusiasmado, mas é o foco nos sentimentos de Wanda que, em última análise, eleva esta minissérie, tornando-a num dos melhores conteúdos do género de super-heróis.

wandavision critica final 2 echo boomer

O estudo realizado à dor de Wanda e o que a mesma fez para lidar com a perda dos que mais amava é, de longe, o aspeto mais fascinante de toda a série. Embora a maioria das ações de Wanda pareçam bastante previsíveis desde o início – especialmente numa perspetiva mais geral e superficial – as escolhas e caminhos relativos ao storytelling que Matt Shakman e a equipa de argumentistas descobrem são bastante imaginativos. Existe, inclusivé, uma frase específica que todos os espectadores irão recordar para sempre, visto ser tão poderosa que pode até funcionar como um mecanismo de cura para muitas pessoas que passam por uma dor emocional semelhante à de Wanda. Escrita brilhante, desde o episódio piloto ao finale.

Uma enorme vantagem de séries com uma só temporada é a sua imunidade a teorias ridiculamente ilógicas e absurdas dos fãs e à pressão das redes sociais, simplesmente porque a produção terminou as filmagens bem antes dos primeiros episódios irem para o ar, logo não há hipótese da série ser influenciada pela opinião do público. É divertido teorizar com amigos e tentar descobrir o que realmente está a acontecer, mas quando atinge níveis de fanatismo excessivo, torna-se perigosamente irritante e prejudicial para os próprios fãs. Os espectadores criam as teorias mais estapafúrdias relativamente a personagens e linhas narrativas baseadas em “pistas” incrivelmente ambíguas e subjetivas que estão longe de serem remotamente significativas. Consequentemente, expetativas irrealistas levam muitos destes fãs a uma desilusão brutal no finale.

Felizmente, mantive-me são e as minhas expetativas “com os pés no chão”, esperando pacientemente pelas surpresas que a série teria guardadas. O finale é uma conclusão quase-perfeita para uma série absolutamente impressionante que impactará o futuro das próximas séries da MCU. Muitos espectadores – principalmente fãs hardcore – vão ficar desapontados devido ao debunking inevitável de teorias extremamente hyped, mas no geral, WandaVision terminará como uma experiência positiva para uma maioria significativa. Olhando para a mesma como um todo, só encontro problemas menores com um episódio em particular onde o fan-service esmagador arrisca a lógica da sua presença, a personagem irritantemente clichê de Josh Stamberg e um certo arco que ficou um pouco vago demais para o “grande finale”.

wandavision critica final 1 echo boomer

WandaVision é, sem dúvida, do melhor conteúdo que se pode encontrar no género de super-heróis. Desde a narrativa misteriosamente não convencional que nunca deixou de ser incrivelmente cativante à bela homenagem a sitcoms que marcaram décadas, Jac Schaeffer e Matt Shakman abordam o luto e as diferentes maneiras que as pessoas lidam com a perda de quem amam de uma forma inegavelmente impactante.

Apesar da narrativa principal seguir um caminho previsível, as histórias secundárias indutoras de teorias em massa e personagens secundárias atiram o público para loops de dúvida constante, gerando uma quantidade surreal de hype para o próximo episódio. A série nunca perde o foco do seu núcleo emocional, algo que se encontra diretamente relacionado com uma das maiores vantagens de produtos com uma só temporada: não podem ser influenciados por teorias absurdas dos fãs nem pela pressão online.

Tanto Elizabeth Olsen como Wanda provam que são os membros mais fortes da MCU, com a atriz a entregar uma prestação digna de um Emmy (alcance emocional excecional) e a personagem a mostrar o seu verdadeiro poder, motivado pela sua solidão e amor perseverante. Paul Bettany, Teyonah Parris e Kathryn Hahn também são magníficos, mas, no final, “it was Wanda’s show all along“.

WandaVision pode ser visto na totalidade no Disney Plus.

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