Crítica – The Rhythm Section

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The Rhythm Section não é tão horrível como a maioria dos filmes de janeiro, mas não deixa de ter imensos problemas.

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Stephanie Patrick (Blake Lively) é uma mulher que tenta apurar a verdade por detrás da queda de avião que matou a sua família… a bordo do qual ela própria também deveria ter estado. Depois de descobrir que a tragédia não foi acidental, Stephanie, assumindo a identidade de uma assassina, resolve ir atrás dos responsáveis pelo atentado.

Produzido pela mesma empresa que trabalha nos filmes de James Bond, The Rhythm Section passou por alguns problemas de produção. Blake Lively lesionou-se durante as filmagens e isso fez com que o filme somente chegasse a alguns cinemas somente em janeiro deste ano, conhecido como o “mês do lixo”. Logo, por aí, as minhas expetativas eram muito baixas.

É a primeira vez que vejo um filme realizado por Reed Morano, assim como de Mark Burnell, que tem a sua estreia enquanto argumentista. Como sempre, apenas tinha conhecimento sobre a sinopse e equipa por detrás do filme, mas não consegui evitar o feedback esmagadoramente negativo de críticos e público…

Embora as suas falhas sejam inegáveis (e hei-de lá chegar), não creio que esta obra de Reed Morano seja digna de pertencer a janeiro com tantos filmes bem piores. A cinematografia de Sean Bobbitt é um destaque a nível técnico, ao entregar duas sequências de ação fantásticas de um take (uma das quais é editada de forma a parecer realmente apenas um take) e alguns planos largos que são genuinamente deslumbrantes. Aprecio imenso quando decidem filmar em cidades reais ou locais remotos ao invés de usarem um set num estúdio, uma vez que os primeiros oferecem uma atmosfera realista. Dado o tratamento correto em pós-produção, o tom pode ser mais facilmente controlado pelo ambiente em volta das personagens.

O elenco de The Rhythm Section também é muito bom. Blake Lively entrega uma das melhores prestações da sua carreira, definitivamente a mais sombria. A sua personagem é constantemente colocada em situações desafiadoras, física e emocionalmente. Blake incorpora o estado mental de Stephanie perfeitamente, ajudando a levar a narrativa para a frente mesmo quando esta não cativa o espetador. Jude Law é Jude Law e Sterling K. Brown também oferece uma interpretação notável. No entanto, os pontos positivos terminam aqui.

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Em termos de história, The Rhythm Section carece de criatividade e originalidade. Para além de ser demasiado linear e previsível para um drama de ação com um mistério central, é editado de uma maneira tão incomum que torna o filme incrivelmente aborrecido. Dezenas de momentos são estendidos por segundos ou até minutos extras. Quase todas as cenas estranhamente continuam por muito tempo. Não há novas informações para transmitir ao espetador, nada está a acontecer…

O filme inteiro é editado assim, consequentemente terminando com quase quinze/vinte minutos de nada. Algumas cenas de diálogo são intercaladas com algo que vai acontecer depois dessa conversa em particular, o que é confuso no sentido em que o espetador não sabe onde o foco deve estar.

Não menos importante, a narrativa em si levanta imensas questões lógicas. Odeio ser “aquele tipo” das críticas mesquinhas em relação a decisões de personagens ou certos pontos de enredo, como o CinemaSins (apesar deste canal fazer tal para fins de comédia), mas este filme deixa mesmo o espetador a questionar “como é que é possível ela ser capaz de fazer isto?!” Stephanie é treinada para ser uma espiã e, apesar de uma parte específica do seu treino ser indisputavelmente impossível, acredito que a personagem possui as habilidades necessárias. Porém, o meu problema prende-se com o facto dela não usar nada do que aprendeu: foge constantemente de tudo e de todos e leva a mortes de pessoas inocentes nas suas missões parcialmente falhadas.

Também existem outras personagens com motivações pouco claras ou estilos de vida questionáveis, principalmente se tivermos em em conta que o filme lida com inteligência secreta, terrorismo e outros assuntos sobre os quais poucas pessoas têm acesso ou conhecimento. A banda sonora também é extremamente esquisita. De forma semelhante à edição, a seleção de músicas não se encaixa no tom sombrio e deprimente que o filme possui. Por vezes, Stephanie está prestes iniciar uma missão séria e perigosa, mas está a tocar uma música pop cheia de ritmo… Porquê?

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No fim, The Rhythm Section não é tão horrível como a maioria dos filmes de janeiro, certamente não merece o recorde de pior fim-de-semana de abertura de sempre, mas não deixa de ter imensos problemas.

A edição é estranhamente pouco convencional, estentendo cenas por segundos ou minutos a mais onde absolutamente nada acontece e intercalando sequências de diálogo com flashbacks ou flashforwards desnecessários. Reed Morano não é capaz de trazer criatividade ou qualquer pormenor remotamente original para o seu filme, assim como Mark Burnell, que escreve um argumento previsível repleto de pontos de enredo questionáveis e problemas lógicos, não ajudando o ritmo já maçante.

A banda sonora de Steve Mazzaro não se encaixa no tom do filme, mas a cinematografia de Sean Bobbitt oferece algumas sequências de ação surpreendentes e alguns planos largos bonitos. O elenco é muito bom e, se não fosse por uma Blake Lively excecional, este filme teria sido muito pior.

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