Crítica – The One and Only Ivan

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The One and Only Ivan é um dos filmes mais bonitos de 2020.

Sinopse: “O gorila Ivan (Sam Rockwell) tenta juntar as peças do seu passado misterioso com a ajuda da elefante Stella (Angelina Jolie) enquanto elaboram um plano para escaparem do cativeiro.”

Artemis Fowl foi o primeiro filme lançado exclusivamente no Disney+ no qual coloquei os olhos e, sem dúvida, vai terminar como um dos piores filmes de 2020. A partir desse momento, não consegui deixar de sentir-me um pouco cético sobre as decisões da Disney em colocar filmes inicialmente destinados a um lançamento nos cinemas no seu serviço de streaming, que é o caso de The One and Only Ivan. O pensamento “lançaram digitalmente porque é horrível como o outro?” não deixava a minha mente, logo assisti a esta película com expectativas moderadamente baixas…

Felizmente, este filme é uma das surpresas mais doces deste ano. Não esperava derramar lágrimas num conto tão genérico, mas assim o fiz. A história segue uma fórmula familiar do estúdio, mas com algumas pequenas mudanças. O protagonista é a estrela de um espetáculo em declínio quando alguém novo entra para salvar tudo e todos, deixando o protagonista ciumento. No entanto, desta vez, o protagonista não tenta sabotar ninguém para ser novamente a atração principal. Ivan fica muito próximo de Ruby (Brooklynn Prince) e deseja realmente cumprir uma promessa sincera que faz a Stella: libertar todos os animais.

Mike White (que co-escreveu um dos piores filmes de sempre, The Emoji Movie) também foi uma razão para os meus baixos níveis de confiança, mas agora consigo perdoá-lo por fazer parte dessa outra atrocidade de animação. White oferece a todas as personagens uma personalidade distinta ou, pelo menos, um traço específico único do animal respetivo. Até personagens sem impacto qualquer na história, tais como Henrietta (Chaka Khan), Murphy (Ron Funches) ou Frankie (voz do próprio White), ficaram claramente inseridos na minha memória devido às suas cenas hilariantes (nunca imaginei que voltaria a rir de uma piada ao estilo de “porque é que a galinha atravessou a estrada?”).

The One and Only Ivan

Ivan, Ruby, Stella e Bob (Danny DeVito) são, sem dúvida, os destaques. Todos são personagens muito fáceis de fazer os espetadores apaixonarem-se. Ivan funciona lindamente como um protagonista cuja história é tão trágica quanto se pode imaginar. O seu arco é incrivelmente convincente e emocionalmente poderoso, tanto que termina parcialmente triste. A sua relação com Ruby é autêntica e sincera, assim como com Stella. Bob é, definitivamente, o mais engraçado de todos, mas até este tem uma história de abandono e isolamento. Todos os animais selvagens merecem liberdade, tal como todos os animais domésticos merecem um lar de família. Esta é uma mensagem que sempre apoiarei e defenderei como alguém que adora animais.

O maior elogio que posso dar a este filme é o aspeto de que é surpreendentemente imersivo, mesmo vendo em casa. Quando Ivan fala, nunca pensei “é o Sam Rockwell!”. Sempre vi e ouvi Ivan como Ivan, tal como com todas as outras personagens. Os animais parecem impressionantemente realistas, mas a magia do cinema já chegou a um ponto onde, por vezes, dificilmente se nota a diferença entre um animal de verdade e um falso. Não é o caso de The One and Only Ivan, mas depois de The Lion King, algo como o primeiro não me surpreende mais.

Ainda assim, só demonstra como storytelling pode ser a “atração principal”. Fiquei tão encantado com a narrativa que não me podia importar menos com os animais visualmente deslumbrantes nem com o trabalho de voz excelente. Só queria ver os animais serem libertados.

Há ainda mais dois aspetos impactantes que tornaram o filme ainda melhor. A banda sonora de Craig Armstrong é excecionalmente propensa a arrepios e lágrimas. É subtil quando precisa de ser e emocionante durante os grandes momentos. É uma das minhas bandas sonoras favoritas de 2020.

O último detalhe está relacionado com a criação do filme. Não me perguntem porquê, mas perdi o “inspirado por uma história verídica” nos créditos iniciais. Como é habitual neste tipo de filmes, logo após o final, texto acompanha fotos e vídeos, neste caso, de Ivan da vida real. Apesar de ser um filme genérico, fiquei emocionalmente chocado ao ver as imagens reais. Terminei o filme com lágrimas de felicidade, mas tenho que deixar um aviso.

The One and Only Ivan

Em relação a pontos negativos, este é um daqueles filmes onde não consigo apontar falhas diretas ou problemas técnicos. Gostava de ter visto mais desenvolvimento dado à ligação supostamente muito forte entre Ivan e Mack (Bryan Cranston) que partilham como uma família. Não prejudica os momentos comoventes entre os dois, mas podia ter tornado estas cenas muito mais impactantes.

É simplesmente um filme divertido, engraçado, com ritmo rápido e de uma hora e meia que funciona tanto para adultos como para crianças. No entanto, apesar de não existir violência visível ou abuso de animais, algumas das personagens partilham o passado triste e traumático que tiveram que enfrentar, algo que pode ser demasiado sombrio para crianças muito novas…

The One and Only Ivan é uma das surpresas mais bonitas de 2020. Com um elenco impecável e uma das minhas bandas sonoras favoritas do ano, esta adaptação da história verídica de Ivan até pode seguir uma fórmula genérica (ligeiramente alterada), mas é, sem dúvida, uma aventura emocional digna da atenção de todos, tanto adultos como crianças.

Mike White entrega um argumento cheio de coração, repleto com personagens animais memoráveis e fáceis de criar conexão emocional, mesmo para espetadores que não tenham tanto amor por animais. É uma história bonita, com mensagens significativas e momentos de fazer derramar algumas lágrimas, executada de forma tão brilhante que se tornou numa das minhas visualizações caseiras mais imersivas dos últimos anos.

Visualmente, não consigo apontar um único defeito, dado que os animais parecem verdadeiramente incríveis. Se necessitasse de um argumento para convencer amigos e familiares a subscreverem o Disney+, este seria o filme que lhes mostraria.

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