Crítica – The Invisible Man (O Homem Invisível)

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Presa a uma relação violenta e controladora com um rico e brilhante cientista, Cecilia Kass (Elisabeth Moss) foge na calada da noite e esconde-se com a ajuda da irmã, do amigo de infância e da filha adolescente. Mas quando o abusivo ex-marido comete suicídio e lhe deixa uma generosa parte da sua vasta fortuna, Cecilia suspeita que a sua morte é apenas um embuste. Contudo, após uma série de coincidências estranhas e letais que ameaçaram a vida daqueles que ama, e enquanto tenta provar que é perseguida por alguém que ninguém consegue ver, a sua sanidade é posta em causa.

Como já devem saber, evito trailers a todo o custo, especialmente para filmes muito antecipados da minha parte. Tenho sempre um certo cuidado, mas quando reparei nas imensas reclamações sobre o trailer de The Invisible Man, fiz questão de nem ouvir, quanto mais ver o que quer que seja. As minhas expetativas aumentaram à medida que a data de lançamento se aproximava e as reações esmagadoramente positivas chamaram-me à atenção, logo não consegui deixar de ficar entusiasmado. Adoro The Handmaid’s Tale e sempre pensei que era uma questão de tempo até Elisabeth Moss trazer as suas qualidades fenomenais enquanto atriz para o grande ecrã. Apenas precisava de um grande filme para fazer isso…

E este é o tal. A prestação de Elisabeth é mais uma performance de horror para a Academia ignorar quando o ano chegar ao fim. Em comparação com Toni Colette, de Hereditary, ou Lupita Nyong’o, de Us, admito que daria um Óscar a uma destas duas em vez de Moss. No entanto, este é um dos problemas principais que tenho quando as pessoas comparam aspetos de anos diferentes: é extremamente injusto e um pouco irracional. Algo “ótimo” num ano específico pode ser apenas “okay” no próximo. Depende da qualidade de cada ano em relação aos filmes e às prestações dos elencos.

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Se Moss realmente acabar por ter a melhor interpretação do ano, então deve receber o reconhecimento devido, independentemente das injustiças de anos anteriores. Dito isto e com base na minha experiência, acredito firmemente que Elisabeth Moss deve ser uma das candidatas à respetiva categoria durante os meses das cerimónias. Não estou a defender que deve ser nomeada ou não, estou sim a afirmar que deve estar na mente dos votantes quando for altura de preencher o boletim com os nomeados. É incansavelmente excecional durante todo o tempo de execução. Não há um único momento em que desça o nível. Impressionante!

Em relação à história, é provavelmente a melhor adaptação de The Invisible Man ao mundo real que poderiam ter feito. De todos os temas importantes e sensíveis do nosso mundo, Leigh Whannell escolheu os melhores para inserir no seu filme. Violência e abuso doméstico são temas tremendamente sérios e Whannell aborda-os perfeitamente. É um argumento notavelmente inteligente, repleto de pequenos detalhes que se relacionam de uma forma ou de outra às situações da vida real que, infelizmente, muitas pessoas (mulheres E homens, não vamos fingir que este é um problema exclusivamente feminino) passam por.

É um dos melhores filmes de horror que vi ultimamente no que toca a criar um ambiente de suspense e, ao mesmo tempo, assustador, maioritariamente baseado em algo que parece incrivelmente realista. Colocando de parte o aspecto sci-fi de, bem, lidar com uma pessoa invisível, o silêncio ameaçador e a banda sonora assombrosa funcionam tão bem exatamente porque sou capaz de sentir o medo da protagonista.

A cinematografia de Stefan Duscio é uma das principais razões pelas quais este filme está carregado de suspense tão eficiente. A câmera pausa constantemente num lado da sala em que a personagem se encontra, permanecendo parada por alguns segundos, criando uma certa dúvida se algo se está a mover ou se alguém se encontra presente.

Esta escolha técnica do ponto de vista (POV) funciona excecionalmente bem durante todo o filme. Ser capaz de ver o que a personagem principal está a ver e também ser possível pensar no que está a pensar e sentir o que está a sentir. Aquela sensação estranha, frustrante, desconfortável e nervosa de que algo não está certo.

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Para além disso, Whannell prova que conhece as fraquezas do seu próprio filme. Quando este começa a perder um pouco do seu valor de entretenimento, quando o público começa a habituar-se às sequências longas de suspense (das quais provavelmente em metade nada acontece), atinge a narrativa com um evento inesperado e chocante de fazer cair o queixo.

Esta decisão em particular colocou o sangue a bombear forte novamente e entregou a energia que necessitava para continuar na ponta da cadeira até ao final. No entanto, é precisamente o final que é um pouco underwhelming e, talvez, um pouco exagerado em relação às decisões de algumas personagens.

Não posso entrar em território de spoilers, por isso, vou apenas escrever que não acho que a última cena seja muito coerente com tudo o que o filme mostrou até àquele ponto. Apesar de entender e respeitar esta decisão narrativa, não acredito que a sua mensagem seja aquela que o filme queria transmitir. Boas interpretações do resto do elenco, algumas decisões de personagens são um pouco difíceis de acreditar, mas não desejo ser demasiado rigoroso.

Em suma, The Invisible Man merece todo o hype que tem vindo a receber. Leigh Whannell criou um filme de horror genuinamente assustador e repleto de suspense, baseado numa situação traumática da vida real que muitas pessoas, infelizmente, têm de enfrentar. Elisabeth Moss tem uma prestação emocionalmente poderosa, demonstrando todas as suas habilidades impressionantes enquanto atriz e que, provavelmente, serão ignoradas quando a altura dos prémios surgir (o habitual bias contra o género de horror).

Incrivelmente bem escrito, o argumento é muito inteligente e apresenta-se apoiado por um ótimo trabalho de câmara de Stefan Duscio. A banda sonora assombrosa de Benjamin Wallfisch também é um destaque, especialmente quando escolhe ser completamente silenciosa. Não sou fã do final (é ligeiramente incoerente), visto que algumas decisões de personagens/narrativa são difíceis de acreditar e a mensagem final não parece ter a intenção que devia. No entanto, é um dos melhores filmes do ano até agora, por isso, não percam!

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