Crítica – The Falcon and The Winter Soldier

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The Falcon e The Winter Soldier é, definitivamente, uma série menos entusiasmante e mais lenta, mas também mais “aterrada”, que o seu antecessor mágico. Porém, cumpre a missão principal de aproximar ainda mais o público de Sam e Bucky.

Sinopse: “Após os eventos de Avengers: Endgame, Sam Wilson / The Falcon (Anthony Mackie) e Bucky Barnes / The Winter Soldier (Sebastian Stan) unem-se numa aventura global que testa as suas habilidades – e a sua paciência.”

Após o final da Phase Three, desconhecia o que a Marvel estaria a planear fazer realmente. A Disney+ ofereceu a possibilidade de adicionar séries de TV ao popular MCU, que é um movimento incrivelmente desafiador e arriscado. Se construir um universo cinematográfico de sucesso com mais de 20 filmes já é um milagre por si só, introduzir televisão na mistura e realmente ter sucesso não será somente inovador, mas também um feito impressionante de Kevin Feige e companhia. WandaVision chegou e superou todas as expetativas. Durante a série, foram raras as conversas sobre algo que não estivesse relacionado com esta produção. Desde inúmeras teorias (absurdamente erradas) por parte de muitos fãs à reação esmagadoramente positiva a cada episódio, qualquer série subsequente teria dificuldade em manter esse nível de entusiasmo.

Sinto que sou dos poucos espectadores que aborda estas séries com expetativas moderadas e realistas do que as mesmas pretendem entregar. A maioria dos heróis principais da Infinity Saga ou morreram ou estão prontos para passar o manto para alguém com sangue novo e mais jovem. Assim, é lógico que o objetivo principal destas séries acabe por ser desenvolver ainda mais as personagens secundárias – também conhecidas como sidekicks – dos últimos anos, tornando-as tão convincentes e interessantes quanto os super-heróis que todos tanto amavam. Da próxima vez que os Avengers se reunirem, os fãs da Marvel deverão sentir-se tão empolgados e entusiasmados com Sam como o novo Captain America e Wanda Maximoff (Elizabeth Olsen) como a mais poderosa de todos … o que é bem capaz de ser uma tarefa impossível.

The Falcon and The Winter Soldier

Dito isto, permitam-me então analisar The Falcon and The Winter Soldier. Ao contrário de WandaVision, era evidente que esta série não teria tanto murmurinho online e entusiasmo geral. Passar de conteúdo repleto de magia, mistério e teorias malucas para uma narrativa política muito mais fundamentada e lenta criará sempre uma sensação dececionante e desanimadora nos espectadores que não se prepararam mentalmente para a mudança drástica de tom, ritmo e história. Por um lado, sinto-me contente por ter conseguido controlar a minha excitação, visto que Malcolm Spellman (Empire) e Kari Skogland (The Handmaid’s Tale) entregam exatamente o que era esperado: uma série guiada por personagens, onde o público descobre mais sobre as vidas de Sam e Bucky com algumas sequências de ação pelo meio. Simples.

Honestamente, é tudo o que precisava para considerar a série um sucesso. Seguir Sam e a sua família a tentar resolver problemas da vida real com os quais pessoas normais lidam diariamente. Observar como Bucky lida com o seu processo de reabilitação psicológica ao ir de encontro às pessoas que magoou. Os fãs que dependem mais de ação poderão sentir alguma frustração, mas aprecio imenso ter visto mais de Sam e Bucky do que The Falcon e de The Winter Soldier. Anthony Mackie (The Woman in the Window) e Sebastian Stan (The Devil All the Time) possuem uma química palpável que eleva todas as interações entre as suas personagens, gerando alguns dos melhores momentos de toda a série. Sam a ajudar Bucky a lidar com o seu passado enquanto este trabalha com a família do primeiro é verdadeiramente único e bonito de se ver.

Na verdade, um dos melhores aspetos da série são mesmo os diálogos. Trabalho excecional de todos os argumentistas envolvidos. Mackie prova que tem talento mais do que suficiente para ser o próximo Cap ao abordar discursos extensos e importantes que deixariam Chris Evans (Avengers: Infinity War) orgulhoso. O enredo “Black Captain America” era altamente esperado e estava algo receoso que fizessem o tema parecer forçado, em vez de algo que os espectadores pudessem interpretar como um assunto natural que precisava de ser discutido. Tudo o que tenho a escrever é que essa narrativa em particular é, de longe, o melhor elemento narrativo da série. Construção, desenvolvimento e conclusão perfeitos. Não tenho nada de negativo a apontar.

The Falcon and The Winter Soldier

Por outro lado, as restantes histórias têm alguns problemas, nomeadamente os Flag Smashers, liderados por Karli Morgenthau (Erin Kellyman). Tanto a atriz como a personagem têm atributos interessantes, mas o seu arco chega a um ponto em que começa a ficar bastante frustrante. Não consigo precisar o momento exato em que deixou de funcionar para mim, mas as suas motivações compreensíveis, embora divisivas, não atingiram o potencial total. Um grupo “terrorista” que, infelizmente, cairá no abismo da MCU de pessoas esquecíveis. O arco de Bucky também deixa os espectadores a sentirem que “falta algo”, apesar de não considerar um problema impactante. Sharon Carter (Emily VanCamp) é completamente desnecessária, sendo uma adição irrelevante à série, apesar de protagonizar uma das melhores cenas de ação.

No entanto, Zemo (Daniel Brühl) superou todas as minhas expetativas. Duvidava do sucesso do seu regresso, mas, mais uma vez, a equipa de argumentistas ofereceu-lhe uma oportunidade de ouro de ser visto como um dos “vilões” (ainda) vivos mais cativantes do universo cinematográfico. Brühl é um destaque absoluto em todas as cenas que contam com a sua presença, entregando a prestação mais memorável da série. Wyatt Russell (Overlord) interpreta John Walker, uma daquelas personagens que nascem para serem odiadas, personalidade que o ator incorpora de forma soberba. Walker é vital para a análise do simbolismo de ser Captain America. É necessário mais do que apenas ser um bom soldado ou um “bom rapaz”. Um dos melhores enredos dos seis episódios.

Tecnicamente, agradeço a aparente falta de CGI pesado. Tal como a história, os visuais parecem mais ligados à nossa realidade do que a uma enorme extravagância de super-heróis. Algumas sequências de ação fascinantes no episódio piloto estabelecem um alto nível de qualidade que não foi novamente alcançado, apesar de um excelente stunt work. O equilíbrio entre as linhas narrativas dramáticas e os bocados de entretenimento podia ser melhor controlado, visto que foi raro não encontrar alguns problemas de ritmo em quase todos os episódios.

The Falcon and The Winter Soldier é, definitivamente, uma série menos entusiasmante, mais lenta, mas também mais “aterrada” que o seu antecessor mágico. Porém, cumpre a missão principal de aproximar ainda mais o público de Sam e Bucky.

A série guiada pelas personagens apresenta diálogos excecionais e prestações fantásticas dos seus protagonistas, mas o elenco secundário rouba os holofotes em várias ocasiões, especialmente Daniel Brühl. A narrativa “Black Captain America” e o enredo envolvendo John Walker e uma profunda exploração do manto de Cap são, sem dúvida, os arcos mais convincentes e bem desenvolvidos de toda a série, embora tenha apreciado todos os segundos gastos com Sam a lidar com problemas familiares e Bucky com a sua reabilitação.

No entanto, os Flag Smashers liderados por Karli Morgenthau não conseguem tornar-se mais do que simples antagonistas incompreendidos e irritantes, enquanto que Sharon Carter parece uma estratégia de marketing desnecessária e completamente irrelevante. Kari Skogland tenta manter todos os episódios com alto nível de qualidade, lutando contra problemas de ritmo e equilíbrio das várias histórias.

No final, consegue deixar os espetadores mais emocionalmente ligados aos (novos) heróis principais.

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