Crítica – Tetris

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Tetris oferece uma história verídica simultaneamente divertida e informativa sobre um dos jogos mais populares de todos os tempos.

Filmes baseados em histórias verídicas capturam sempre o meu interesse. Seja sobre um assunto do qual não tenha qualquer conhecimento ou sobre um evento com um enorme impacto pessoal, as minhas expetativas são sempre positivas, pois mesmo que a obra não consiga fugir às fórmulas e barreiras do subgénero respetivo, consegue quase sempre acrescentar informação e detalhes importantes que desconhecia. Tetris conta como surgiu um dos videojogos mais populares de sempre, assim como o nascimento da consola portátil que tanto contribuiu para o seu sucesso.

Tendo nascido em 1994, jogos como Super Mario, Mario Kart, Zelda, Tetris e muitos, muitos outros, marcaram a minha infância e adolescência de forma bastante memorável. Tanto que todos os anos junto-me com os meus irmãos mais velhos durante a época natalícia para jogarmos Super Mario Bros. na ainda funcional Nintendo 64. Nestes momentos em que voltamos a pegar nos comandos robustos e assopramos nas cassetes, voltamos a ser crianças e a divertimo-nos como tal. Este é o maior elogio que tenho para dar a Tetris: fez-me relembrar e reviver momentos inesquecíveis do passado.

Nunca tinha visto um filme de Jon S. Baird nem me passou pela frente um argumento de Noah Pink, mas após assistir a este filme da Apple TV+, ficarei atento a futuros projetos de ambos. Tetris não escapa à previsibilidade da sua estrutura narrativa e sente a necessidade de preencher bocados da sua duração com enredos pessoais e familiares tão superficiais que, sinceramente, mais valia terem sido totalmente deixados de parte tal a sua falta de desenvolvimento. Dito isto, as duas horas passam a voar…

Baird passa pelos vários pontos narrativos com um ritmo rápido, contribuindo para um ótimo entretenimento constante durante a maior parte do filme. Tetris conta também com a quantidade certa de humor e diversão, sendo que a obra encontra-se englobada por uma atmosfera, por vezes, propositadamente exagerada e tonta. A Rússia comunista dos anos 80 tem uma presença impactante na história, mas tal como outros tópicos de maior sensibilidade, é abordada com alguma leveza e cuidado. Afinal de contas, é um filme sobre as origens de um videojogo.

Tetris beneficia igualmente das prestações soberbas de todo o elenco. Taron Egerton destaca-se com o seu imenso carisma enquanto Henk Rogers, o protagonista e, em partes, o narrador da história. Rogers viveu em toda a parte do mundo, possuindo uma experiência de vida completamente diferente do criador do jogo, Alexey Pajitnov (Nikita Yefremov), que nunca saiu do mesmo apartamento. No entanto, a sua paixão comum por Tetris e programação, assim como a vontade honesta e humilde de espalhar o “jogo perfeito” por todos os continentes, aproximam personagens que, de facto, merecem um final feliz.

Capitalismo, ganância, corrupção e política são temas com uma presença forte no filme, e aprecio bastante o cuidado de Pink em retratar pessoas e não estereotipar nacionalidades. Tetris demonstra que existem pessoas com boas e más intenções, sejam elas americanas, russas ou de qualquer outro país. As constantes negociações e reviravoltas chegam a um ponto onde começam a tornar-se repetitivas, mas Baird consegue sempre injetar uma dose de entretenimento quando necessário através de sequências de perseguição ou momentos cómicos.

Pessoalmente, adoro as transições pixelizadas entre cenas, assim como os desenhos das várias localizações a 8-bits. Evidentemente, a música icónica do videojogo encontra-se presente em Tetris, sendo daqueles pormenores técnicos que, independentemente de serem expetáveis, deixam qualquer público a sorrir de orelha a orelha. Gostava que tivessem explorado as origens dos efeitos sonoros e da banda sonora, mas o objetivo principal foi cumprido: qualquer espetador terminará o filme mais sábio do que no início.

Tetris oferece uma história verídica simultaneamente divertida e informativa sobre um dos jogos mais populares de todos os tempos. Repleto com transições pixelizadas de deixar qualquer espetador deliciado e com a quantidade certa de humor, bem como a icónica música do jogo, é uma obra que faz as suas duas horas passarem num instante. Pode não ser a narrativa mais inovadora do subgénero nem impressionar totalmente, mas sejam fãs do jogo ou não, é uma sessão caseira que recomendo vivamente!

Tetris fica disponível dia 31 de março para todos os subscritores do Apple TV+.

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