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Um dos melhores filmes de 2019.

Sinopse: “Simba (JD McCrary / Donald Glover) idolatra o pai, o rei Mufasa (James Earl Jones), e leva a sério o seu próprio destino real. Mas nem todos no reino celebram a chegada da nova cria. Scar (Chiwetel Ejiofor), irmão de Mufasa, e ex-herdeiro do trono, tem os seus próprios planos. A batalha pela Pedra do Reino é marcada pela traição, tragédia e drama, resultando no exílio de Simba. Com a ajuda de um curioso conjunto de novos amigos, Simba terá que descobrir como crescer e recuperar o que é seu por direito.”

Honestamente, não sei por onde começar, mas penso que devo abordar algo que os leitores poderão questionar: sim, é uma crítica SEM SPOILERS. Porquê? Bem, a história pode seguir os mesmos pontos essenciais e as personagens podem ter caminhos narrativos semelhantes, mas há tantos detalhes diferentes que fazem com que este filme consiga separar-se do original. Desde pequenas melhorias a momentos do original que não fariam sentido num ambiente realista até ajustes em backstories de personagens, momentos musicais ou outras partes significativas.

Dito isto, vou também abordar a controvérsia deste remake, mas não demorarei mais que um parágrafo.

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O mundo precisa de entender que estes remakes da Disney não estão aqui para substituir os originais. Estão aqui para homenageá-los e trazer as suas histórias e personagens para este novo século, de forma a que as novas gerações possam ter um olhar adicional de algo que adoram e os agora adultos dos anos 90 se possam lembrar por que adoram tanto estes filmes. Ênfase na palavra “adicional” desta última frase.

Assim, os leitores necessitam de colocar as suas preferências em ordem: gostariam de assistir a um remake cena-a-cena ou algo totalmente diferente? Ou uma mistura destes dois? Se não esclarecerem as vossas prioridades, poderão correr o risco de soarem hipócritas se o discurso for algo do género: “Não quero estes remakes copy-paste”, mas depois: “Mudaram este momento específico, por que não mantiveram igual?”. Basta tornarem claros os vossos desejos.

Se simplesmente não querem que a Disney faça essas remakes, então simplesmente não vejam (a próxima década estará cheia deles). Passando ao que interessa…

Adorei. Chorei tantas vezes tal como no original de 1994. O meu corpo inteiro encheu-se de arrepios durante a sequência de abertura, que é um dos vários pormenores que gosto ainda mais do que no original. E, para ser claro, NÃO É uma recriação cena a cena Não entendo como tantos críticos estão a descrever o filme como tal. Ou a memória do original desvaneceu com o tempo ou alguém claramente não viu o mesmo filme. Conseguiria escrever um artigo inteiro com mais de 1000 palavras apenas abordando o material novo.

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Naturalmente, a história atravessa os mesmos momentos icónicos da mesma forma e alguns diálogos são extensivamente repetidos, algo que eu esperava que desenvolvessem mais, verdade seja dita. Apesar disso, sinto que os guiões têm um feeling distinto devido ao trabalho de voz por parte dos atores, incluindo James Earl Jones.

Uma prova será que chorei numa cena na qual nunca senti vontade no original. Não sei se foi devido à forma como foi filmada (um dos vários ângulos diferentes que o remake oferece de cenas conhecidas) ou se o diálogo teve mais impacto desta vez, mas a conclusão aqui é que este remake não é um copy-paste barato. Fico sempre curioso para ver como é que a equipa por detrás do filme decide resolver ou ajustar algumas perguntas que os originais nos deixam. Jeff Nathanson tem algumas mudanças/adições verdadeiramente brilhantes.

Lembram-se das críticas a Scar quando o primeiro teaser saiu? Com apenas UMA PALAVRA, toda a sua forma física, cicatriz e passado são explicados. Só uma palavra. Imaginem isso. Há pequenos elementos, como adicionar uma palavra ou uma frase aqui e ali, que fazem muito mais sentido com a personagem ou a história em questão.

Falando de Scar, Chiwetel Ejiofor é surpreendente. Scar é, provavelmente, a melhor personagem do remake. É muito mais ameaçador e assustador, a sua voz é mais dark e o seu arco é melhor explorado. Jeremy Irons terá sempre aquela voz icónica associada à personagem, mas Ejiofor fez um trabalho impressionantemente bom ao substituí-lo. No entanto, se há uma personagem que nunca poderia ter outra voz é Mufasa. Não tenho palavras para expressar o quão emocionalmente poderosa é a voz de James Earl Jones. Assim que ele diz “Simba” na famosa cena da reflexão, os meus olhos deitam cascatas. A sua voz é um gatilho emocional.

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Adoro o Timon (Billy Eichner) e o Pumbaa (Seth Rogen) ainda mais desta vez. As suas cenas são hilariantes e o seu relacionamento continua a ser um dos destaques. E se estavam preocupados que a cena do hula nunca fosse tão boa… Talvez precisem de repensar isso. Além disso, apreciei mais o último ato que foi prolongado (a batalha final do original é demasiado abrupta), mas aconselho todos os pais a serem cuidadosos ao mostrar este remake a crianças (muito) mais novas, pois a violência parece muito mais real (como seria de se esperar).

JD McCrary e Shahadi Wright-Joseph (Nala jovem) são incríveis e as suas vozes são cristalinas enquanto cantam. Donald Glover e Beyoncé (Nala adulta) também são fantásticos e as suas vozes são ainda melhores. A nova música, “Spirit”, encaixa-se melhor neste remake do que “Speechless” em Aladdin. Passando para a tal música, é outro aspeto que o remake consegue melhor. Hans Zimmer prova que consegue trazer uma antiga banda sonora sua de volta de uma forma muito mais robusta, épica e apaixonada.

Cada música parece mais proeminente, cada trilha sonora tem mais impacto e é soa mais forte. “Be Prepared” é a única que passa por uma mudança significativa e, apesar de poder ser um pouco estranha no início, adoro mais cada vez que a ouço. É uma banda sonora que nunca será esquecida e este remake apenas ajudou as pessoas a lembrar o quão fantástica esta é. Merecedora de Óscar.

Deixei o melhor para o fim: os visuais. Não consigo descrever o quão impressionante é o CGI. Sim, a expressividade da animação original não pode ser alcançada, mas ir tão longe como dizer que o filme carece de uma alma ou que as personagens não mostram emoções é simplesmente falso. Não é preciso um diploma para entender que um leão com orelhas para baixo ou para cima significam coisas diferentes.

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O mesmo se aplica para um cauda que abana ou não. Há pequenos movimentos nos animais que são tão complexos que ainda estou surpreendido como foram capazes de fazer algo tão realista. Se um bicho voa perto dos seus rostos, eles mexem-se de uma forma tão característica que senti várias vezes como se estivesse realmente a ver animais reais. Mais uma vez, VFX merecedores de Óscar.

Não tenho grandes problemas, para ser sincero. Pequenas queixas com algumas coisas menores, mas a maior será a falta de mais originalidade. Não há nenhum elemento de surpresa em relação à história ou às decisões das personagens. Sabe-se sempre o que está por vir, por isso, estamos preparados para qualquer coisa que atirem ao ecrã, pois, bem, já vimos tudo isto antes (com exceção de uma cena em particular que me fez saltar da cadeira e que nenhuma pessoa será capaz de o evitar).

Acho o argumento “animais não mostram emoções” um dos maiores nitpicks da história do cinema. É verdade que não têm a emoção da animação original, mas chegar ao ponto de afirmar que não mostram absolutamente nenhuma emoção é odiar por odiar.

O mesmo se aplica às pessoas criticando o facto de “Can You Feel the Love Tonight” ser cantada à luz do dia… No original, também não é cantada à noite. Ambas são cantadas ao pôr-do-sol, para ser honesto, mas não entendo como isso é algo minimamente relevante.

Finalmente, apenas quero abordar a discussão “estes remakes não são necessários / ninguém pediu isto”. Ninguém pediu o filme de 1994 até ele sair. As pessoas não sabiam que o queriam. A sério, todos precisam de perceber que estes remakes não estão aqui para substituir os originais.

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Quantas vezes assistiram ao O Rei Leão (1994) ou mostraram a alguém nos últimos 10 anos? Quantas vezes ouviram a sua banda sonora no mesmo período? Aposto que a maioria das respostas são simplesmente “zero”. Isso é o quão importante este remake é então! Faz voltarmos ao original, faz-nos relembrar o quão incrível o original é, mantendo a essência do mesmo, mas sendo também capaz de se dintinguir por conta própria. Jon Favreau faz um trabalho tremendo e espero que seja reconhecido por tal.

No final, não importa se a história é idêntica se choramos na mesma. Não importa se sabemos o que está por vir se continuamos a sentirmos nervosos e preocupados com as personagens. O Rei Leão (2019) é um dos melhores remakes da Disney até agora, a par com O Livro da Selva.

Os seus efeitos visuais são game-changing, a sua banda sonora é mais poderosa do que no original e a história carrega o mesmo impacto emocional. A voz de James Earl Jones é tudo. Timon e Pumbaa são ainda mais engraçados. O Scar de Ejiofor é a melhor personagem neste remake. Não tenho falhas a apontar, exceto que segue exatamente o mesmo caminho que a história original. Gostaria que fosse mais distinto, mas não posso mentir a mim mesmo, adorei profundamente.

Um dos melhores filmes de 2019. O meu filme preferido do ano será difícil de decidir… Vejam! No melhor ecrã possível (em IMAX é glorioso). Mal posso esperar para ver novamente!

Nota: 4.5 Estrelas

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