Crítica – Quantum of Solace

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Quantum of Solace foi uma das maiores desilusões da década em que foi lançado e também um enorme tombo para a série que foi tão bem revitalizada com Casino Royale.

Sinopse: “Após a morte de Vesper Lynd, James Bond (Daniel Craig) torna a sua próxima missão em algo pessoal. A procura por aqueles que chantagearam a sua amante leva-o ao implacável empresário Dominic Greene (Mathieu Amalric), um jogador-chave na organização que coagiu Vesper. Bond descobre que Greene está a planear obter o controlo total de um recurso natural vital, tendo que navegar por um campo minado de perigo e traição para estragar esse mesmo esquema.”

Nunca é fácil criar um filme para ser aclamado numa saga já muito popular. Ainda mais difícil é produzir uma sequela direta a uma obra que revitalizou uma determinada saga. Depois de uma primeira aposta tão bem sucedida nesta nova Era de James Bond, Marc Forster (World War Z) teve a tarefa desafiante de entregar algo tão bom quanto o que Martin Campbell foi capaz de lançar. Infelizmente, uma greve de argumentistas afetou profundamente a produção de Quantum of Solace – Forster e Daniel Craig reescreveram várias cenas – e o resultado final é um dos maiores fracassos da década de 2010.

Assistir a esta sequela menos de um dia depois de ver Casino Royale não ajudou a aliviar a minha opinião negativa. A queda em qualidade e entretenimento geral é gigantesca. Sendo totalmente honesto, apenas a prestação convincente de Craig salva este segundo filme da sua saga de se tornar num desastre total. O ator continua a ter um empenho e dedicação notáveis, demonstrando mais uma vez que o seu casting foi uma decisão fantástica. Infelizmente, tenho dificuldades em encontrar o mesmo nível de apreciação em qualquer outro elemento deste filme.

Quantum of Solace

Uma das mudanças mais evidentes são as sequências de ação pouco entusiasmantes e horrivelmente filmadas. Tinha intenção de usar alguma parte deste filme para comparar com o seu antecessor, mas a melhor cena de ação da obra de Forster não é suficientemente boa por conta própria. Praticamente todas as cenas de ação encontram-se desprovidas da elegância, grandeza e epicidade da saga Bond. Perseguições incompreensíveis são montadas através de cortes rápidos (edição por Matt Chesse e Richard Pearson) e cenas de luta são arruinadas por uma câmara com demasiados tremeliques (cinematografia por Robert Schaefer).

Até a história em si sofre com estes elementos técnicos que se destacam pela negativa. Personagens escapam frequentemente de certas situações sem que os espetadores sejam capazes de entender como. Os pontos de enredo ocorrem e alcançam as suas conclusões sem qualquer caminho de desenvolvimento. Ainda assim, o maior pecado de Quantum of Solace é conseguir fazer com que um filme de James Bond seja incrivelmente aborrecido. Desde a ação dececionante à narrativa desinteressante, os níveis de entretenimento são tão baixos que o menor tempo de execução de toda a franchise parece mais longo do que realmente é.

Além disso, esta sequela pega no Bond impiedoso, introduzido no filme anterior, e transforma-o num homem simplesmente violento. No meio de tanta ação confusa e caótica, Bond é retratado de uma maneira muito mais intensa apenas e só porque decidiram que o filme necessitava de violência, o que vai contra o que Campbell apresenta na sua própria longa-metragem. As novas “Bond girls” voltam a ser mulheres banais e genéricas sem arco ou propósito verdadeiros, apesar de Olga Kurylenko (Black Widow) e Gemma Artenton (Summerland) entregarem boas performances. Finalmente, Mathieu Amalric (Oxygen) interpreta um vilão esquecível de Bond que segue as fórmulas clichés do arquétipo.

Não consigo mesmo entender como é que uma saga passa de um filme fenomenal, adorado pela grande maioria dos espetadores, para uma sequela vergonhosamente chata com um enredo que dificilmente justifica o próprio termo. As personagens viajam de cidade para cidade, lutam contra pessoas aleatórias em diferentes locais e, quando os espetadores se apercebem que não existe um objetivo em concreto, metade do filme já decorreu. Forster está longe de ser um mau cineasta, mas como o próprio indiretamente admitiu, a saga de James Bond não é o lugar certo para ele.

Quantum of Solace foi uma das maiores desilusões da década em que foi lançado e também um enorme tombo para a série que foi tão bem revitalizada com Casino Royale. A prestação dedicada de Daniel Craig não é suficiente para salvar um filme com um James Bond excessivamente violento, repleto com sequências de ação terrivelmente manuseadas – shaky cam e cortes rápidos é capaz de ser o pior combo técnico no cinema – e uma narrativa pouco inspiradora e surpreendentemente aborrecida. Tanto o vilão como as novas “Bond girls” voltam a ser simples clichés facilmente esquecíveis. Apesar de ser o filme mais curto de toda a saga, mal podia esperar que esta sequela inesperadamente pobre chegasse ao seu final desanimador. Uma mancha que, felizmente, o próximo filme conseguiria limpar…

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