Mortal Kombat é uma adaptação surpreendentemente decente da popular franchise que deixará os fãs mais hardcore suficientemente satisfeitos.
Sinopse: “O lutador de MMA Cole Young (Lewis Tan), habituado a lutar por dinheiro, não tem ideia da sua herança – ou porque é que o Emperador Shang Tsung (Chin Han) enviou o seu melhor lutador, Sub-Zero (Joe Taslim), para o apanhar. Ao temer pela segurança da sua família, Cole vai à procura de Sonya Blade (Jessica McNamee) com as direções de Jax (Mehcad Brooks), um Major das Forças Especiais que tem a mesma estranha marca de dragão com que Cole nasceu. Rapidamente chega ao templo do Lord Raiden (Tadanobu Asano), onde Cole treina com guerreiros experientes enquanto se prepara para enfrentar, juntamente com os maiores lutadores da Terra, os inimigos da Exoterra (Outworld) numa batalha de alto risco para o Universo.”
Apesar de me considerar algo parecido a um gamer, nunca fui o maior fã dos jogos de Mortal Kombat, provavelmente porque nunca soube jogá-los propriamente. Tirando umas visitas ocasionais à casa do meu vizinho para nos entretermos com vários jogos na sua PlayStation 1 (ou 2?), apenas joguei MK nas máquinas arcade nostálgicas que me deram uma alegria incrível quando era mais jovem. Com toda a honestidade, não me recordo se realmente assisti às adaptações cinematográficas anteriores da franchise popular, mas de acordo com o estudo que fiz, nem uma nem outra receberam o melhor feedback por parte da crítica e do público, especialmente o filme de 1997. Sendo assim, voltei ao cinema pela primeira vez em mais de quatro meses, sem grandes expetativas. Simplesmente esperava que a ação compensasse o argumento previsivelmente falível.
No geral, sinto-me surpreendido com o quanto desfrutei desta adaptação. Considerando que esta é a estreia de Simon McQuoid na realização, bem como o primeiro crédito de Greg Russo num argumento, as minhas esperanças assentavam nos trabalhos anteriores de Dave Callaham (Wonder Woman 1984, Zombieland: Double Tap) e nas sequências de ação sangrentas e violentas. Este último componente é o melhor elemento de todo o filme, o que definitivamente deixará satisfeitos os espectadores que procuram entretenimento guiado por ação. A sequência de abertura mostra a brutalidade impiedosa de cada luta através de um trabalho de stunts fenomenal (Hiroyuki Sanada é impressionantemente talentoso), takes longos com coreografia excecional e uma quantidade chocante de sangue – algo bastante caraterístico da saga de jogos.
O único aspeto negativo sobre este início é o facto de que nenhuma outra cena de ação o supera, o que não significa que o resto das batalhas não correspondam às expetativas dos fãs mais apaixonados. Apesar de algumas cenas editadas “à bruta”, a grande maioria das lutas são fáceis de se seguir e apresentam momentos de fazer cair o queixo, como os conhecidos movimentos finais de “Fatality!”. McQuoid e a sua equipa de argumentistas tentam tornar o filme compreensível e entusiasmante para todos, mas se existe uma chance de colocar uma referência, um Easter Egg ou algo parecido, apresentam isso mesmo à audiência com muito orgulho e sem restrições, o que vai puxar pelos fãs mais hardcore um poderoso “YEAH!”.
Admito que não esperava que o filme entregasse os anúncios épicos do jogo. Desde “Flawless Victory!” a “Fatality!”, sem esquecer o clássico “Fight!”, não escondi um sorriso durante esses momentos, onde os atores mudam o tom de voz para imitar os famosos one-liners. É extraordinariamente cheesy e exagerado? Sem dúvida. Alguém desejava que fosse de outra forma? Pode ser demasiado para alguns espectadores, mas tenho que elogiar McQuoid por se comprometer totalmente com esta adaptação. Não existe qualquer pingo de vergonha, arrependimento ou contenção. É um filme feito com um público apaixonado em mente e recomendo sinceramente a todos os fãs dos jogos.
Acredito firmemente que as pessoas vão acabar por gostar ou não deste filme baseando-se no quanto a ação compensa a falta de uma história cativante, algo que até os fãs mais entusiasmados provavelmente já estão a antecipar também. Desde alguns pontos narrativos sem sentido a personagens ocas e desinteressantes, o argumento é focado apenas em explicar tudo em torno de Mortal Kombat – Earthworld, Outworld, campeões, consequências e regras do torneio – através de cenas de exposição preguiçosas, mas reconhecidamente eficientes. As personagens podiam ter sido melhor desenvolvidas e os atores estão longe de serem completamente convincentes. No entanto, ninguém vai entrar no cinema ou clicar em “play” na HBO Max esperando testemunhar uma história digna de Óscares…
Mortal Kombat é uma adaptação surpreendentemente decente da popular franchise que deixará os fãs mais hardcore suficientemente satisfeitos. Para os espectadores sem experiência ou conhecimento sobre os jogos, pode ser uma visualização complicada. No entanto, se tudo o que o público procura é entretenimento pesado em ação, então a estreia de Simon McQuoid na cadeira de realização cumpre as expetativas mais moderadas.
Repleto com referências que até gamers menos ativos reconhecerão, as cenas de luta são maioritariamente bem filmadas e bastante enérgicas, focando-se mais nos Fatalities extremamente sangrentos e de fazer cair o queixo. Apesar da sequência de abertura ser o auge de ação excecional, existem alguns momentos que podem ser comparados a algumas partes deste início épico.
Relativamente à história, o argumento de Greg Russo e Dave Callaham contém as falhas previsíveis, possuindo desenvolvimentos ridículos e uma abundância de cenas de exposição maçadoras, mas é o uso desapontante de algumas personagens interessantes que mais impacta negativamente o filme.
No final, definitivamente recomendo para os fãs dos jogos, que certamente apreciarão este filme muito mais do que a minha pessoa.