Crítica – John and the Hole (Sundance 2021)

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John and the Hole é mais uma obra ambígua do festival, mas bem mais intrigante que todas as outras vistas até ao momento.

John and the Hole
Foto: Sundance Institute | Paul Özgür

Sinopse: “Enquanto explora a floresta vizinha, John (Charlie Shotwell), de 13 anos, descobre um bunker inacabado – um buraco profundo no chão. Aparentemente sem qualquer provocação, droga os seus pais ricos (Michael C. Hall e Jennifer Ehle) e a sua irmã mais velha (Taissa Farmiga) e arrasta os seus corpos inconscientes para o bunker, onde os mantém como prisioneiros. Enquanto esperam ansiosamente que John os liberte do buraco, o rapaz volta para casa onde pode finalmente fazer o que bem entender.”

Esta edição do Festival Sundance já apresentou alguns filmes algo atmosféricos e ambíguos (Human Factors, In The Earth), mas nenhum foi capaz de me surpreender ou impactar de forma positiva até agora. John and the Hole ficou perto de obter uma reação positiva da minha parte, mas acaba por deixar muitas questões em aberto.

É sempre desafiador rever um filme cuja história é bastante vaga e subjacente ao ponto de não a conseguir compreender totalmente. Sendo sincero, existe uma storyline sobre a qual tenho a sensação que ainda existe muito por descobrir… ou então é apenas uma parte subjugada e insignificante do guião. Como não consigo, neste momento, provar o meu ponto, vou ignorá-lo por enquanto e voltar mais tarde numa segunda visualização.

No entanto, quase todo o filme lida com algo (aparentemente) separado da storyline anteriormente mencionada. E é precisamente aqui que o filme falha, não conseguido oferecer uma narrativa mais cativante. O argumento de Nicolás Giacobone está repleto de premissas e bases intrigantes, mas os respetivos desenvolvimentos e resultados estão longe de serem extraordinários ou surpreendentes. Durante todo o tempo de execução, esperei por uma grande explosão de energia ou um evento impactante, mas estes raramente chegam. O espectador segue a personagem de Charlie Shotwell enquanto o miúdo se vê responsável por tudo o que acontece na sua vida, mas, apesar da atmosfera misteriosa que me deixou preso ao sofá, confesso que esperava que ocorresse algo mais substancial.

Michael C. Hall, Jennifer Ehle e Taissa Farmiga são formidáveis, transformando um pequeno bunker no lugar mais interessante do filme devido às suas interações fascinantes. Ver as suas personagens tentarem permanecer foi surpreendentemente divertido. No entanto, Shotwell rouba os holofotes, tal como como esperado de uma narrativa centrada no protagonista. Excelente desempenho. Tecnicamente, a cinematografia de Paul Özgür oferece algumas cenas memoráveis que elevam algumas sequências particulares, mas é a produção musical de Caterina Barbieri que consegue gerar o ambiente tenso, o que me deixou curioso até o fim.

A realização de Pascual Sisto também merece elogios, mas, até ver o seu filme uma segunda ou até mesmo terceira vez, não creio que seja justo criticar um filme que não percebi totalmente por deixar tantas perguntas sem resposta. Ainda assim, acredito que existe uma tentativa forçada de ser totalmente ambíguo em vez de equilibrar esse aspeto com elementos mais simples.

John and the Hole é mais uma entrada ambígua na edição deste ano do festival Sundance, mas, desta vez, ficou perto de me deixar satisfeito. Ignorando um enredo em particular que ainda não consigo entender completamente (segunda visualização necessária), a realização de Pascual Sisto e o argumento de Nicolás Giacobone deixam demasiadas perguntas pendentes para o meu gosto, mas não posso negar que algumas geram um debate bastante interessante na minha mente.

Ou estou apenas a arranhar a superfície de algo maiorou os desenvolvimentos básicos, desapontantes e pouco ativos de situações intrigantes não são nada mais do que exatamente isso. As prestações fenomenais de todos os atores envolvidos (e refiro-me mesmo a todos), o trabalho de câmara requintado e a banda sonora viciante adicionam à atmosfera carregada com suspense que me manteve investido até ao último segundo. Mesmo assim, aquele final… Não sei não.

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